Capítulo 6: Compreensão

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Compreensão

Com a cabeça enterrada, Loritta escuta o rebelde gritar o seu fim. No entanto, em uma voz ainda mais alta, ela exclama.

Loritta: Reação imediata: Alt Azul! — o punho, antes direcionado em seu pescoço, acertou a areia vazia. Trocando de lugar com uma de suas balas led, escapou por um triz. — Enquanto estiver com a bateria cheia, não serei desativada.

Reaparecendo a quase trinta metros de Carlão, o fita, com a coluna curvada e cabeça baixa, podia ter energia para continuar, contudo, suas manivelas e parafusos estavam a um fio de se soltarem. Notando a vulnerabilidade da bot, o rebelde gargalha, considerando sua vitória como inevitável.

Carlão: Aééé? E o que pretende fazer agora? Sem dedos não pode atirar, aposto que essas suas balas pisca-pisca devem ser limitadas. Se eu fosse você, coisa essa que agradeço não ser o caso, teria pedido desistência e vazar com a antena entre as pernas!

Loritta: A desistência está fora de questão. Foi-me dada a missão de continuar aqui, e lutar até o fim. — Pouco se importando com os danos nas mãos, forçou o encaixe na arma; mesmo perdendo a capacidade de apertar o gatilho.

Carlão: Tsk, esse é o seu problema. Na real, não só seu, mas de TODOS os bots dessa joça de universo. Não passam de cadelinhas presas eternamente as coleirinhas purpuradas daqueles porras! Essa é a diferença entre mim e você, eu tenho o poder da escolha.

Loritta: Sua resposta está errada... — calmamente, erguendo seu rosto riscado. — nós somos mais parecidos do que parece.

Liberando a energia de seu núcleo, Loritta criou um manto azul-capri envolta do braço direito, moldando-o em uma amálgama disforme: aos poucos, faces contorcidas de seus clones surgem, clamando para serem libertadas daquele tormento digital.
A intensidade era alta e quente demais para o aço de Loritta, explodindo seu braço e espalhando seus fragmentos por uma área de oitenta metros. Graças a agilidade e foco total de Carlão na inimiga, conseguiu desviar de maior parte dos estilhaços, salvo alguns pequenos detritos em seu ombro esquerdo e lateral do abdômen.

Dubs: A muie explodiu!!

Ecto: Um ataque suicida?

Ártico: Caso tenha sido, foi inútil.

Viny: Lo-Loritta... — caindo de joelhos no chão, tentando disfarçar as lágrimas esfregando seus olhos.

O ruivo ficou boquiaberto, aterrorizado pelo resultado, assim como toda a plateia do sul. Muitos, desacreditados, cessam seus gritos e desfazem seus gestos. Porém, ainda havia aqueles crentes em sua diva, convencidos que poderia haver alguma chance.
Do lado norte, aqueles que riam da cara das plebes, comemorando a vitória para o time Libélula na primeira rodada. Contudo, sua animação foi cortada ao retornarem seus olhares para os telões, e verem o rebelde correndo histericamente para o horizonte do deserto. O que poderia ser? — Eles perguntaram-se. Mas a resposta foi dada um segundo depois, os fazendo cair de volta nos assentos.

A fera mecânica desliza na areia e salta pelos cactos, jogando os espinhos para trás, na errônea esperança de parar o avanço daquilo que estava lhe perseguindo. Porém, nada do que tentasse arremessar seria capaz de cessá-lo.
Roçando o chão e desmanchando as dunas, ergue-se uma tempestade de areia pelas redondezas, escondendo parcialmente a parede de luz aproximando-se do bot. Em resposta, Carlão juntou seus punhos, e com ambos colados, deferiu um soco duplo que refletiu aquilo levemente para trás; fazendo o mesmo consigo.

Ecto: O que poderia ser aquilo?

Libélula: A reafirmação da verdadeira força de um bot de primeira linha.

Banimento Final - Ato1 (Em reformas)Onde histórias criam vida. Descubra agora