Capítulo 46: Flagelo

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Flagelo

Aproximadamente 527 septilhões de anos atrás, no nível inferior, um grupo de seres escuros e deformados emergiram do abismo, o plano mais baixo de toda a realidade. Elas pareciam curiosas quanto ao novo mundo que haviam encontrado, sua escura toca não os limitavam mais, podendo dar seus primeiros passos rumo ao lindo, e brilhante desconhecido. Voaram em meio às densas e claras nuvens de estrelas, tocaram seus pés na terra colorida pelo raio da vida e da morte, e puderam ver o nascimento das dádivas, e o adormecer dos gigantes. Entretanto, no meio de todas essas memórias e aventuras radiantes, ainda havia uma fagulha de maldade escondida, na qual apenas perceberam...quando o primeiro caiu de volta para o abismo. Ao cruzarem os espelhos celestiais, se depararam com seres diferentes dos mesmos, pareciam fixados no plano físico, cheios de emoções e sentimentos mistos, eram muito interessantes aos seus olhos, quando tocaram seus rostos, acariciavam seus cabelos e peitos gentilmente, foi belo, suas peles macias como algodão, diferente de seus corpos gosmentos como lama. Até o momento em que um arrancou suas cabeças, revelando sua verdadeira índole, e como uma praga, a espalhou para seus semelhantes, que como idiotas, levantaram suas armas contra os filhos do abismo, mesmo com os mesmos buscando pela paz, apenas ganharam mais zeros em suas listas de óbitos. O mar, claro como o dia, e límpido como o céu, aos poucos começou a ser tingido de vermelho, suas ondas traziam e levavam os ossos dos inocentes, sejam eles adultos, ou até mesmo crianças.

"Vindos do lar da perdição, irão trazer a ruína de tudo. Com sua aura ameaçadora, devoram os fracos, e vomitam os fortes, com suas garras, rasgarão os céus, e trarão a ruina a todos" - Um soldado dizia - "A profecia está mais do clara, senão os pararmos, todos perecerão, e nada sobrará" - Sua voz, como sua aura emitem a mesma índole do restante, seus status não passava de uma mera desculpa para guiar os armados aos inocentes, que nem ao menos pensavam se o que estavam fazendo era mesmo o certo. Seus comandos vazios, apenas refletiam aquilo que o marionetista os mandava replicar, pouco importa se estavam fazendo uma chacina, se aos olhos de seus superiores aquilo era a escolha correta, a manada apenas aceitaria.

Há quase 16 milhões de anos atrás.

Diversos grupos de demônios se reuniam na borda cintilante entre o nível central e inferior, optando por se esconderem em planetas cuja a energia cósmica ocultavam suas presenças, na esperança de serem esquecidos pelas tropas de abate. Grandes baixas ocorriam todos os dias, tendo que fugirem e mudarem de local regularmente. Por mais fortes que fossem, mal possuíam instintos ofensivos, os poucos que pulavam de peito aberto à luta, eram completamente destroçados pela quantidade absurda de soldados, havendo pessoas ridiculamente poderosas entre eles, não tendo outra saída, a não ser se esconderem. Apesar das dificuldades, viviam felizes, sempre unidos contra qualquer mal que surgia, cantarolavam juntos, viajavam juntos, e davam as mãos até o fim.

Com medidas desesperadas, diversos meios de manter sua raça viva foram criados, a mais usada, porém, também a mais preguiçosa, era de selarem suas almas em objetos, entretanto, este método poderia colocar em risco a vida tanto do demônio, quanto da pessoa que a possuir, passando de um simples receptáculo, a um tipo de vírus, que consome todo o seu corpo em troca de mais poder.

A outra, e menos arriscada, era trazer os ovos do abismo para fora, os chocando com a energia dos planos superiores, recém descoberto ser capaz de dar nutrientes extraordinários aos filhotes. Contudo, apenas 55 ovos foram chocados na superfície, infelizmente, a maioria foi perdida ou destruída pelos batalhões ao encontrarem, exterminando todos os outros demônios que os protegiam. Mas a esperança ainda não estava perdida...

Quinze milhões de anos atrás, após todos estarem prestes a desistirem, depois de séculos em silêncio, e a guerra ter dada como vencida ao lado dos discordianos, um ovo rachou, alertando todos do planeta, que correram em direção do mesmo, podendo sorrirem novamente com o milagre do nascimento, Dragon, nasceu.

Banimento Final - Ato1 (Em reformas)Onde histórias criam vida. Descubra agora