Capítulo 77, parte 1: Realidade Deturpada

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>Realidade Deturpada<
Parte 1

Embarcados na nave, em um clima tenso como aquele, todos mantiveram-se quietos. Os dois demônios tinham um embate fervoroso com seus olhares. De braços cruzados e cara carrancuda, Paçoca parecia uma criança emburrada, tal qual o filhote que era. Por outro, Anatema apenas coçou seu queixo, pensativo sobre o golpe repentino e as emoções carregadas nele.
𝐏𝐚𝐜̧𝐨𝐜𝐚 𝐖𝐢𝐧𝐬.

O içar pelos cosmos nunca pareceu tão vazio e silencioso como antes, as estrelas com seu brilho prateado, tão fraco e distante. Um aviso de que passariam por uma longa viagem juntos.
O clima parecia-se como uma rocha a esmagar o otimismo do jovem tubarão, que, na tentativa de quebrar aquela pedra, puxou assunto como o novo membro.

Polo: E-Então gente... acho que hoje vai chover, né, herher? — tentou quebrar o gelo, mas sem sucesso. — Mas ó, não precisa se preocupar em molhar, eu posso engolir todas as nuvens numa abocanhada só, nhac! Ah, olha aquela nebulosa, é rosa que nem eu! Será que tem gosto de algodão doc-...

Paçoca: Estamos no espaço aberto, além de feio é burro, rabudo estupido. Vê se larga da minha asa! — Vociferou. Virando o rosto para as janelas.

Polo: Argh!?! — Sentiu-se completamente atingido, mas não queria ser rude de volta, tentando usar de outra piada. — E-Ei, Traduz, esse não deveria ser o momento em que você completa o que eu disse com algo absurdo, e faz piadinha?

No entanto, o exorcista estava apático, com seus olhos virados para o infinito, sequer percebendo o chamado do tubarão.

Lost: Já deu pra perceber que essa viagem vai ser daquelas. — puxando Polo para seu gigantesco braço peludo. — Relaxa, eu deixo você falar besteiras para mim.

Polo: Uah! Por que eles estão sendo tão malvados comigo?! — chorava feito uma criança.

Os murmúrios aumentavam conforme as horas se passavam, até o momento que ambos os demônios nem sabiam mais como aumentar o incômodo sem parecer gritar. O loiro tentou aproximar-se novamente, mais do que conseguia contar, no entanto, sempre fora parado pela encravada furiosa do filhote.
Estava evidente que, para reatar sua confiança a ele, precisaria de muito mais tempo e demonstrações do que apenas tentar tocá-lo diretamente. — Demônios podem ser ótimos em decodificar os outros, mas demonstrar de si próprios, principalmente para com seus semelhantes, parecia uma tarefa quase impossível.

De relance, viam uma grande formação arroxeada no horizonte, exatamente por onde deveriam passar. Ativando o painel, o capitão solicitou uma análise rápida daquela formação: Visto de longe, parecia apenas uma nebulosa qualquer, cujo diâmetro podia ser entre dois mil a dois mil trezentos e setenta e seis quilômetros. Em medições astronômicas, seria considerada uma das menores estruturas já catalogadas; levando em consideração que tratava-se de um simples acúmulo de poeira.

Traduz: Isso não é uma nebulosa! — divagou, tentando analisar a composição.

Lentamente, a nave aproxima-se, tomando cuidado para que o gás exalado pelas turbinas não causasse nenhuma reação em cadeia. — Apesar do oxigênio ser escasso no vácuo, não é totalmente zero, e bastaria uma pequena fagulha para que as chamas ardentes despertassem.

O radar informava a aproximação do destino, entretanto, nada à vista, fazendo o capitão questionar se havia pego as coordenadas corretas com a base; algo que aconteceu mais vezes do que gostaria.

Polo: Não sabia que teríamos que passar por uma nebulosa. E uma tão... — Sentiu calafrios subindo pelas barbatanas quanto mais olhava para o infindo roxo. Apertando os fortes braços do capitão. — Esse lugar me deixa tenso.

Banimento Final - Ato1 (Em reformas)Onde histórias criam vida. Descubra agora