Capítulo 79: Você Consegue?

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Você consegue?

Tal qual a ofuscante passagem de luz formada pelo demônio dourado, um ponto desvaneceu-se à distância, trazendo todos os telespectadores de volta ao presente. Estavam tão concentrados em ouvir as palavras de Anatema que haviam esquecido totalmente da luta.

Sentados um à frente do outro, imersos na narrativa, mal sentiam o desconforto por estarem sentados naquele mar de rochas lunares. O loiro terminava alguns pequenos detalhes, enquanto o rato passava os dedos sobre seus olhos úmidos.

MC: V-Você fez tudo isso, tanto por eles, e mesmo assim... saiu como culpado para muitos olhos?

Anatema: O que posso dizer? "É tudo uma questão de perspectiva", não é? — Disse, sarcasticamente.

A plateia estava abismada, fazendo-os questionar a índole do imperador outra vez. Anteriormente, tiveram sua confiança em relação ao Supremo bastante prejudicada graças às palavras proferidas pelos lutadores da rodada anterior — Seria ele, realmente, uma má pessoa? — Aqueles que tentavam manter-se crentes na imagem de seu líder pensaram.
Este nó não conseguiria manter-se amarrado por mais tempo.

MC: E o que aconteceu com sua família? N-Não me diga que o Paçoca e o Arthur foram os únicos sobreviventes!?

Anatema: Ei, ei, calma. Bom, depois que terminamos a missão, cumprimos o combinado, e pude enfim ter uma audiência com ele...

De volta à antiga torre central, o demônio caminhava a passos lentos no corredor, ansioso pelo o que se sucederia a partir dali. Guiado pelo braço direito do famigerado imperador, Earl, levou-o até uma gigantesca porta dupla cor esmeralda. A pressão era devastadora, o simples ato de colocar os dedos na maçaneta parecia aos poucos pressioná-lo contra o carpete.

Earl: A-Acha que vai dar certo? — preocupado.

Anatema: N-Não tenho certeza, mas... fiz muita coisa pra conseguir chegar até aqui. Deixar essa chance passar seria o mesmo que dar as costas para a minha própria espécie. Tomara que ele seja tão volúvel quanto dizem.

Earl: Desejo sorte nessa missão especial, soltado. — Apesar de ainda não crer totalmente no que o demônio havia dito sobre o aprisionamento dos demais, continuaria tentando ajudar.

Anatema: Acho soldado demais para mim. Mas valeu aê, baixin, hihi! — agarrou-o pela cabeça, puxando para um braço; parecido a como Crock sempre fazia. — E pra tu também, não deixe que continuem a esconder quem é de verdade. Vai na fé, e tudo dará certo. E a propósito, esses brincos azuis super combinaram com você, hihi.

Earl: S-Sim, muito obrigado! — deixando o local em sequência.

Colocando suas mãos contra a porta, Anatema respirou fundo, reunindo toda sua força e determinação. — Seja o que o abismo quiser. — Abrindo-o sutilmente, depara-se com uma linda sala circular: um grande cômodo verde-limão com linhas verticais vermelhas, semelhante às salas de espera; contudo, possuindo adornos em dourado nas faixas e nos lustres de teto. Escorado no outro lado, frente à uma janela de vitrais vermelhos e jade, um homem mascarado fitava o exterior com fascínio e paixão, lentamente virando para a porta.

— Estive pacientemente esperando por sua chegada, demônio dourado. — ele disse, afastando-se da parede; onde havia a pintura de um pequeno homem de bronze. Sentando em sua cadeira presa a mesa. — Por favor, acomode-se, temos muito o que conversar.

Anatema: S-Sim... — estranhamente, obedeceu sem questionar. Em seus pensamentos, um turbilhão o invadia; ainda surpreso pelo imperador não ser a besta que imaginou, sua voz era calma e serena, junto a sua feição gentil, mesmo por detrás da máscara. — I-Imperador, já deve saber o porquê dessa audiência, não é?

Banimento Final - Ato1 (Em reformas)Onde histórias criam vida. Descubra agora