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Ao enterrarmos aquela flecha, senti um enorme alívio tomar conta de mim, mas, ao mesmo tempo, o medo de que algo ruim acontecesse começou a me consumir. Não tinha como saber se o inimigo faria algo contra a minha família, até mesmo contra Anasui.

- Anasui... - Pelo visto, ele decifrou meu olhar de imediato e falou:

- Não precisa pensar muito nisso. Além de tudo, estamos juntos; e ninguém consegue vencer meu Diver Down. - De alguma forma, a cada palavra, parecia que ele falava aquilo simplesmente para espantar minhas paranóias.

- Quer ficar comigo até meus pais voltarem? Acho que não consigo ficar sozinha, depois dessa.

- Seu pedido é uma ordem. E eu jamais reclamaria de mais um tempo para te beijar... - Falou a última parte baixinho, como se estivesse caindo na real de que pensou mais alto do que deveria.

- Quando eles chegarem você pula pela janela.

- Tá bom.

- Era brincadeira, maluco.

- Você me deixa maluco, não pode reclamar. - Anasui mostrou um sorriso charmoso enquanto desviava o olhar timidamente.

- Vou falar a verdade, ou quase. Alguém estava rodeando a casa e te pedi pra ficar comigo até que eles chegassem.

- Logo eu?

- Nessa rua só moram velhos, crianças e pessoas que vivem ocupadas.

- Eles não achariam estranho você com um lindão desse?

- Não. - Senti-me livre para rir ao notar que era uma brincadeira.

- Então seu pai não é ciumento?

- Sabe, nem é tanto por ciúme, ele só não quer que eu saia de casa.

- E o que isso tem a ver?

- Aí tem que perguntar pra ele.

- Um dia eu pergunto.

- Vamos entrar, já tô ficando com frio.

- Eu adoraria te esquentar. Sem ironia, eu literalmente amaria te esquentar.

- Com querosene e um isqueiro, seria ótimo.

- Não! Nunca! A propósito... Você está me devendo os 30 beijos.

- Com uma dessa eu vou embora... - Entrei rapidamente e Anasui veio logo atrás.

Ele foi surpreendido com um abraço meu e fechou a porta rapidamente. Virou-se para mim e sussurrou:

- Acho melhor começar a pagar.

- Essa dívida está muito injusta. - Afastei-me lentamente, até perceber que estava sem saída, maldita parede... Bom, talvez, bendita.

- Olha que se reclamar eu aumento.

- E o que vai fazer se eu me recusar a pagar?

- Você não faria isso, não é?

- Não sei.

- Caramba, mas tá frio mesmo. Que estranho...

- Ótimo. Por motivos de extrema mudança climática, infelizmente, não conseguirei quitar a dívida.

- Agora é que tem que quitar, pra me esquentar.

- Não era você que ia me esquentar?

- Tá querendo fugir da dívida?

- Nunca, longe de mim.

- Eu te esquento, mas só porque consequentemente vai me esquentar também.

- Anasui...

Oh, Who Is He? - Narciso Anasui  𓊕Onde histórias criam vida. Descubra agora