Eu tinha planejado vários nadas para fazer nesse domingo, especialmente, para tentar esquecer a maluquice de ontem. Mas Ari chegou alegando ter achado um "milagre para a pele", da última vez que ela disse isso, não deu muito certo.
- Pelo menos evoluímos. Agora não precisamos mais misturar cola com carvão na esperança de tirar pelo menos metade dos cravos. - Ela tentava me consolar, ou melhor, convencer a testar o produto também.
- Nem me lembra. Achei que ia arrancar minha pele junto na hora de tirar, aí sim, ficaria sem cravo algum.
- Veja pelo lado bom, isso é um produto feito por alguém que entende, não vai arrancar nossa pele. Eu acho.
- Ajudou muito, obrigada.
- Precisamos lavar o rosto antes. - Ari disse enquanto olhava para o rótulo do produto, aparentemente, lendo as instruções de uso.
- Para que seria isso exatamente?
- Retirar cravos e melhorar a aparência dos poros.
- Já tá muito suspeito. Onde arrumou?
- Naquela loja que vende um monte de produtos pra cabelo.
- A situação só piora...
- Mas isso parece realmente bom. Toma, leia você mesma e tire suas conclusões.
Realmente, até que parecia confiável. E eu já não tinha mais nem meia gota de paciência para discordar. Fomos até o banheiro e lavamos o rosto ao mesmo tempo, causando uma bagunça.
- Deixa que eu passo em você.
- Que lindo. Por acaso tá fazendo isso porquê quer pedir dinheiro emprestado?
- Você nem tem dinheiro.
- Ah, é verdade... Mas porquê eu tenho que usar primeiro?
- Deixa de tanta desconfiança!
- Só não quero perder minha pele. Tenho que trabalhar, amanhã.
- Eu sei. Agora deixa de reclamar e fica parada, senão vou passar até dentro do seu olho.
- Ótimo, me cega, assim não trabalho mais.
- Que drama. Deixe-me adivinhar... Tem a ver com ele? - Um sorriso leve formou-se no rosto dela enquanto ela espalhava aquele produto frio sobre minha pele.
- "Ele", quem?
- Já tem outro?
- Para de responder uma pergunta com outra!
- O Anasui, sua barata tonta.
- A única coisa que sei sobre ele é o nome, e você já tá criando mil histórias? Se controla.
- É instinto de amiga, não me culpe. Eu ficaria feliz em ver você com alguém tão estiloso.
- E se, mesmo sendo estiloso, ele tiver uma personalidade horrível?
- Acha que ele tem uma personalidade horrível?
- Não dá pra julgar sem antes...
- Acha?
- Ah, sei lá. Não...?
- Então, trate de descobrir! Não quero perder meu tempo criando "mil histórias" e me decepcionar depois.
- Tá mais adiantada que eu, nisso tudo, nem sei se realmente chegaria a sentir algo por ele.
- Eu te conheço, sei que você ficou meio balançada desde que viu ele.
- Isso é normal, não é? Nem sempre se torna algo mais profundo.
- Tudo bem, mas saiba que ainda shippo os dois, se por acaso algo chegar a acontecer.
- Que compreensiva.
- Sabe que não entendo ironia.
- Que triste.
- Para de ser irônica!
- Mas você acabou de falar que não entende.
Assim passamos a tarde, reclamando da vida e discutindo por idiotices, só para fortalecer a amizade. Até que ela decidiu me arrancar de casa, queria tomar sorvete.
- O sol já tá praticamente se pondo e você quer sorvete?
- Sim. Não tem hora certa para sorvete.
- Podemos pelo menos comprar e voltar pra casa?
- Podemos, agora vamos. Hoje é domingo, se demorarmos demais a lanchonete vai encher e a fila vai ficar gigante.
- Preciso arrumar meu cabelo, tô parecendo um besouro atropelado.
- Anda logo.
- Calma, o sorvete não vai correr. Credo.
Para a minha eterna sorte, aquele creme/máscara esquisita que ela trouxe não lascou minha pele, então sair de casa não foi tão ruim. Mesmo saindo às pressas, acabamos numa fila de aproximadamente sete pessoas. Pelo menos não demorou tanto quanto esperávamos.
- Boa tarde, meninas. Ou será que eu devia dizer "boa noite". - Ouvi alguém cumprimentando, mas continuei com os olhos focados num felino maior que o habitual que passeava pelo lugar com um ar de superioridade.
- Acho que qualquer um dos dois serve quando se está indeciso, não é? - Ari me cutucou.
- É, sim. Olha o tamanho daquele gato, parece o soberano de uma dinastia. - Falei, ainda olhando para o animal.
- Realmente, o soberano de uma dinastia bem próspera. - A risada me fez finalmente prestar atenção. Só agora percebi que era Anasui, estava bem na minha frente, vendo como sou estranha a ponto de me impressionar com um gato.
Não sabia o que falar, simplesmente deixei por conta dela que é ótima em me tirar dessas situações horríveis. Torcendo para que o próximo assunto não fosse a minha esquisitice.
- Você também gosta desse sabor? É o meu favorito. - Começaram a falar de sorvete, menos mal, mas ainda sentia vontade de cavar um buraco e me enterrar.
- Gosto de experimentar novos sabores sempre que acho algum interessante. Se é o seu favorito, deve ser realmente bom. - Ele tossiu, como se estivesse limpando a garganta. - É... S/n, qual o seu favorito?
- O amarelo.
- Amarelo?
- É. Sorvetes amarelos são sempre bons, principalmente se forem de maracujá ou leite condensado.
- Se for assim, prefiro os azuis ou verdes. - Ari retrucou.
- E eu não consigo me decidir de nenhuma forma. - Anasui riu novamente, aquela risada fofa e despreocupada que eu não sabia que precisava ouvir até ter essa experiência.
- A indecisão nem sempre é ruim. Só é ruim para a sua carteira, dependendo da ocasião. - Eles continuaram nessa conversa sobre sorvete até que finalmente chegou nossa vez de pedir.
Anasui nos acompanhou durante toda a fila e só agora que percebi, será que ele gostava da nossa companhia, ou da de Ari, para ser mais precisa, já que os dois falavam feito papagaios. Ela enfim encontrou alguém que gosta tanto de moda quanto ela e consegue acompanhar seu raciocínio.
No fim, decidiram escolher uma mesa e sentaram-se. Eu tomei meu sorvete silenciosamente enquanto olhava ao redor, procurando pelo gato. Já estava ficando entediada, então resolvi pegar meu celular, meu fiel escudeiro, amigo para todas as horas, exceto quando está descarregado.
- Ah, merda.
- O que foi?
- Meu celular tá descarregado, só percebi agora.
- Eu tenho um carregador portátil, pode usar, se quiser. - Anasui estendeu rapidamente o objeto para mim. Por um momento, quase recusei, mas ambos me encaravam tanto que tive que aceitar.
- Obrigada. - Tentei ao máximo olhar nos olhos dele, para não parecer que estava prestes a ter um colapso de vergonha, mas não deu muito certo. Não sei como agir perto de pessoas bonitas.
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Oh, Who Is He? - Narciso Anasui 𓊕
Fanfictionナルシソ・アナスイ 💘 Após achar um pedaço de algo chamado "flecha de stand" minha vida mudou completamente, por sorte, Anasui estava lá para me ajudar a entender toda essa confusão. "Usuários de stand acabam se atraindo, mas sinto que fui atraído até você...