14

58 7 1
                                    

Ouvi uma voz distante, então acabei adormecendo? Era Anasui, ele parecia preocupado.

- Amor, a gente dormiu e acho que algo estranho aconteceu...

É impressão minha ou o frio estava congelante? Olhei ao redor e percebi que as coisas realmente estavam congelando, meu mundo caiu no mesmo instante, logo percebi, era um ataque.

- De novo, não. - Foi a primeira coisa que consegui falar.

- Sei que é difícil, mas precisamos sair daqui. Vem comigo.

Apenas segui Anasui, abraçando seu braço, ainda tentando despertar por completo. Não conseguia parar de tremer, jamais havia sentido tanto frio na minha vida. Sequer quero imaginar o que teria acontecido se Anasui não estivesse acordado logo.

- Anasui, é uma pergunta idiota, mas... Quando isso vai acabar?

- O mais breve possível, vou dar um jeito nisso.

- Tô ficando com medo dessa história.

- Tô ficando é com ódio, estão atrapalhando meus momentos românticos!

- A porta...

- Que merda, tá toda congelada. Mas deve dar pra abrir.

Narciso tentou com as mãos, mas era frio demais, nem o Diver Down conseguiu fazer algo. Definitivamente, meu stand também não conseguiria.

- Pelo visto, quem quer que tenha feito isso é bem esperto, acho que bloqueou todas as saídas. - Ele comentou tentando manter a calma, mas dava pra notar o nervosismo em sua voz. - Tem alguma janela meio grande por aqui? Deve ser mais fácil de quebrar. E me desculpa, mas é o único jeito.

- Tem uma, sim, na cozinha.

Fomos até lá e Anasui tentou derrubar a janela com diversos chutes, às vezes, usando seu stand. Sempre tentava me tranquilizar e o que me preocupava mais era ele mesmo, e se ele acabar se machucando nisso tudo?

- Por que tem uma janela tão baixa aqui? Nem é tão difícil chutar. - Puxou assunto.

- Você é meio alto e parece já ter feito algo assim, já que chuta com tanta facilidade. - Senti minha garganta doendo conforme falava, o frio estava acabando comigo.

- Talvez na outra vida eu tenha sido um mestre do karatê.

Ao chutar mais forte, como se colocasse toda a sua fé e energia naquele chute, Anasui finalmente conseguiu um resultado considerável. Olhou para mim e sorriu, esperançoso; eu ficaria corada, se não estivesse tão frio. Ele usou as mãos para puxar aquela parte quebrada e abriu passagem.

- Vem logo, não quero ter que cantar "Let It Go".

- É uma pena, seria fofo.

Ele me ajudou a sair, pedindo-me mil vezes para que eu tomasse cuidado. Logo em seguida, saiu também e me abraçou. O ar fora de casa era quente, aconchegante, mesmo com a lua iluminando o céu noturno. Senti meus músculos relaxarem naquele abraço, por mais que Anasui estivesse tão frio quanto eu.

- O que vou dizer para os meus pais? Todo esse gelo... - Olhei para a minha casa que estava praticamente irreconhecível.

- Olhe bem, ele parece estar derretendo. Talvez o inimigo tenha percebido que saímos e está desfazendo essa porcaria. - Ele observou ao redor, apreensivo, abraçando-me mais forte.

Como se nunca estivesse lá, o gelo foi sumindo, em poucos minutos a casa estava intacta, exceto pela janela. Agora, sem o gelo, dava pra ver que a janela estava mais para um destroço.

- Me sinto mal por ter feito isso, mesmo sabendo que foi pra te salvar, não quero que sua família pense algo ruim de mim.

- Não é como se fossemos dizer que você que fez isso.

- O "ladrão", então?

- Agora, além de dizer que ele estava rodeando a casa, precisamos falar da janela. Bom, "Percebi que a janela estava estraçalhada e que alguém estava rodeando a casa como se estivesse conferindo se os vizinhos ouviram e fui te chamar".

- Roteirista de Hollywood.

- Será que agora podemos entrar?

- Creio que ninguém usaria o mesmo ataque duas vezes, até porquê ele falhou. Amor, será que seus pais deixariam você ficar comigo? Tenho medo de deixar você aqui, mesmo que eles também estejam.

"Amor", a palavra ressoava na minha mente, então lembrei que ele havia me chamado assim quando acordei. Depois de muito tempo, finalmente senti um calor diretamente do meu próprio corpo.

- É muito provável que não.

- Realmente, nem sei porquê pensei nisso... Você tá corada? Caramba, que fofa.

- Pelo menos meu corpo tá menos frio.

- É realmente bom que você entre logo, não quero que pegue um resfriado.

- Então vamos.

- Agora não podemos mais ficar deitados juntinhos, não é? Bom... Foi ótimo enquanto durou.

- Ainda vamos ter muito tempo para fazer isso, não precisa ficar que nem cão sem dono.

- Ainda é triste.

- Anasui, é estranho demais falar para os meus pais que estamos juntos?

- Estamos?

- Não estamos?

- Eu só estava esperando o seu consentimento, na verdade. Não queria te apressar.

- Só pensei nisso de repente, sei lá.

- Fofa. Quer falar hoje?

- Melhor não, já tem coisa demais pra hoje. E estamos enrolando, vamos!

Segurei a mão dele e voltamos para dentro. O sofá estava terrivelmente frio, mas ficar em pé doía as juntas que ainda sofriam pelo quase congelamento. Anasui deitou no meu ombro, ele finalmente pareceu relaxar um pouco depois daquilo tudo.

Olhei para o chão e percebi que os sapatos dele estavam muito desgastados por causa de toda aquela ação, agora, eu que me senti mal. Nesse impulso, decidi averiguar também as mãos dele. Meu coração doeu, uma tristeza tomou conta de mim ao ver eu ele tinha vários ferimentos nas mãos. Só queria que tudo isso acabasse e quase acabei chorando ao pensar nisso, mas não era hora pra isso.

- Anasui, suas mãos... - Ele as olhou e tomou um breve susto.

- Estão tão frias que nem percebi isso, caramba.

- Posso cuidar dos seus ferimentos?

- É melhor descansar um pouco, posso fazer isso depois.

- Você que precisa de descanso, teimoso.

- Tem certeza que não prefere ficar abraçada comigo?

- Eu não conseguiria sabendo que você tá tão machucado.

- Não é pra tanto.

- Claro que é! Anasui... - Suspirei. - Me deixa cuidar de você e para de querer fazer tudo sozinho.

- Tudo bem, eu estava tentando ser cavalheiro. Já que insiste, ficarei honrado em estar sob seus cuidados.

Oh, Who Is He? - Narciso Anasui  𓊕Onde histórias criam vida. Descubra agora