SUA ALTEZA REAL - Freenbecky

Promessa.

Estamos todas lá, na sala de estar, prestando atenção em Freen, o que provavelmente é sua ideia de paraíso. Ela parece o tipo de garota que está sempre muito dedicada em ser o centro das atenções.

E eu fico ali esperando que o chão se abra sob meus pés ou que guardas entrem correndo para me prender por ter me atrevido a chamar a princesa por um apelido maldoso.

Mas então seus lábios se curvam naquele sorriso-de-gato-que-pegou-o-canário, Freen olha para a dra. McKee e diz:

— Heng me contou que haveria tocadores de gaita de fole no primeiro dia. — Ela levanta um ombro de modo indiferente e elegante.

—Acho que não me sinto bem-vinda em lugares que não providenciam a ostentação apropriada.

E então ela pisca – ela realmente pisca! Para uma professora! Não, não uma professora, uma diretora – e risos se espalham pela sala.

Dou um suspiro de alívio, apenas para sentir meus ombros se retesarem novamente quando Freen volta seu olhar para mim.

Ela pisca de novo, mas dessa vez não é fofo ou debochado.

Sacudindo a cabeça, a dra. McKee junta as mãos atrás das costas.

— Tentaremos fazer melhor no futuro, senhorita Sarocha — ela diz. — Talvez alguém possa tocar o kazoo quando você estiver a caminho do banheiro pela manhã.

Mais risadinhas, e então ela atravessa a sala até uma pesada porta de madeira, abrindo-a e nos chamando a entrar.

— Senhorita Sarocha? — pergunto a Nam em voz baixa conforme caminhamos com o grupo de garotas. — E não Sua Majestade?

— Isso seria para a rainha — Nam responde sobre os ombros. — Freen é uma SAR.

Quando eu apenas a encaro, ela explica:

— Sua Alteza Real. Mas, de qualquer maneira, isso não importa aqui. Sem títulos, essa é a regra. É por isso que sou senhorita Orntara em vez de lady Nam.

Eu quase tropeço em meus próprios pés, o que provavelmente causaria algum tipo de efeito dominó.

— Você é uma lady? — pergunto, e Nam acena com a cabeça, tirando a franja pesada dos olhos.

— Meu pai é o duque de Alcott, o que faz de mim uma lady, mas definitivamente não uma SAR — então ela abre um sorriso largo. — Ainda. Mas, enfim, Freen é senhorita Sarocha enquanto estiver aqui, isso mesmo.

Talvez seja porque passei tanto tempo pensando sobre o que Gregorstoun significaria para mim sem prestar muita atenção em como o colégio funcionava, ou talvez seja porque Gregorstoun faz um bom trabalho minimizando o quão sofisticado realmente é, mas eu não tinha mesmo pensado em como seria estudar com alguém que possui um título de nobreza. Os membros da realeza são uma coisa, mas até as pessoas "normais" daqui são mais ricas do que eu acharia que fossem, e isso é...

"Estranho" nem começa a explicar. O que mais eu não sei?

O quarto para o qual fomos levadas é muito menos confortável do que a sala de estar e uns dez graus mais frio. As paredes são de pedra, as janelas são mais grossas e, no centro do piso tem uma mesa redonda de carvalho de tamanho colossal. Os lustres pendurados no teto parecem feitos de... galhadas? Sim, definitivamente são galhadas, e mesmo que usem lâmpadas no lugar de velas, o efeito ainda é terrivelmente medieval.

— É aqui que somos consagradas como cavaleiras? — pergunto a Nam e ela ri de deboche enquanto nos sentamos lado a lado à mesa.

Freen senta-se com aquelas duas garotas na outra ponta da mesa e Nam a olha de relance.— Nossa, ela é abusada demais — Nam murmura. — Eu tinha esquecido como ela era.