Discussão.

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Estou sentada em um pequeno banco decorado sob a luz fraca do corredor, olhando meu celular. Não é uma foto ruim. Na verdade, estou... bem na foto.

Não tão bem quanto Freen, claro, mas também não sou uma super-humana. Mas é fofa, estamos de mãos dadas ali perto da rocha, sorrindo uma para a outra. A próxima foto capturou o momento em que Freen tirou o cabelo do meu rosto e, está bom, não posso olhar para essa porque minha cara de apaixonadinha é meio ridícula.

Mas continuo encarando aquela frase sobre Freen ter "dispensado" a Rosé. Freen me contou que Roseanne havia terminado com ela, e não o contrário. Será isso verdade? Então lembro de quando vi Rosé em Skye. Ela parecia fria e distante, sim, mas será que era mágoa e não arrogância?

— Aí está você.

Levanto o olhar e vejo Freen vindo em minha direção pelo corredor, seu vestido esvoaçando suavemente de um lado para o outro, como um sino, enquanto ela anda. Quantos vestidos assim será que ela tem? Fico imaginando.

Aproximando-se, ela segura minha mão.

— Está quase na hora do jantar. Será no estilo do jantar do lorde Henry, então não sentaremos juntas, mas me certifiquei de que você ficará perto da Daisy pra ter alguém com quem conversar, pelo menos, e... o que foi?

Eu realmente gostaria de não ter uma dessas caras transparentes em que tudo que estou pensando se torna imediatamente óbvio, mas é aminha maldição. Era a da minha mãe também, pelo que meu pai contou.

— Podemos conversar em algum lugar reservado só por um segundo?

Ela olha por sobre o ombro para o salão de baile atrás de si, mas então faz um movimento com a cabeça me guiando do banco em direção ao fim do corredor.

— Será um pequeno escândalo se nos atrasarmos, mas não me importo— ela diz, abrindo um sorriso que mostra as covinhas em suas bochechas. — Você certamente tem sido uma boa influência pra mim, Armstrong... eu não provoco uma confusão há séculos.

Nós paramos no fim do corredor, e seu sorriso se transforma em algo mais malicioso.

— Eu deveria dar um jeito nisso — ela murmura, e então chega mais perto, me beijando com suavidade.

Ainda com a cabeça a mil, eu não resisto e levanto a mão para tocar em seu pulso, segurando sua mão em meu rosto por mais tempo.

Quando Freen se afasta do beijo, ela ri um pouco, deslizando o polegar sobre meu lábio inferior, fazendo uma chuva de arrepios me percorrer.

— Por que essa cara tão séria? — ela pergunta, e eu tento sorrir, mas acho que não consigo fazer isso muito bem.

Ainda segurando minha mão, Freen abre uma porta pesada ao fim do corredor e uma lufada de vento gelado me atinge. Ela está me levando parao pátio no terraço que vi mais cedo, assim poderemos ter essa conversa desconfortável num local bem romântico.

Ótimo.

Pisamos no terraço, e já começo a tremer. Freen também, mas ela ainda sorri.

— Eu sei que não é bem a melhor estação pra isso — ela diz —, mas este é um dos meus lugares favoritos. Olha como a Arthur's Seat fica linda vendo daqui.

Eu olho para a direita e lá está a colina pedregosa se erguendo emdireção às estrelas, iluminada pelas lâmpadas do parque, uma forma escura contra o céu azul-marinho.

— Eu sabia que você ia gostar daqui — Freen diz, um pouco cheia de si. — Vulcões e tudo mais. Rochas avançadas, de verdade.

Sinto um nó apertado na garganta ao observar Arthur's Seat e, por apenas um momento, penso em esquecer de tudo. Apenas beijá-la novamente, dizer a ela bem aqui que eu a amo, e amo mesmo, e então voltar ao jantar.Virando-me, encaro Freen, as mãos juntas à minha frente, e ela me olha, seus ombros se retesando um pouco.

SUA ALTEZA REAL - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora