Frio.

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— É um veado — falo com os lábios dormentes. — Foi isso que você quis fizer. Ai, Meu Deus, veado.

Porque é isso que está atrás de mim. Um veado gigantesco com uma galhada cheia de pontas afiadas, olhando diretamente para a minha cara.

Olha, a vida selvagem não me é estranha. Afinal, sou uma Garota do Texas. Já vi uma cascavel deslizar pelo meu caminho numa trilha, meu avô já viu um coiote nos limites de sua propriedade, e eu já vi mais tatus do que qualquer garota deveria ver.

Mas é o tamanho dessa criatura que faz meu coração acelerar e minha boca ficar seca de medo.

— Não é apenas um veado — Freen diz. — É um macho adulto.

— Não estou exatamente preocupada com a nomenclatura apropriada — respondo com os lábios semicerrados. — Estou mais interessada em não ser empalada.

O veado bufa e eu fico tensa.

Então Freen se movimenta na minha linha de visão periférica, com uma mão estendida.

— O que você está fazendo? — pergunto, o que é difícil porque, como disse, a essa altura meus lábios estão dormentes de terror e tudo mais.

— O veado é o animal oficial da Escócia — ela me diz, movendo-se para a frente muito devagar, nunca tirando os olhos do animal à nossa frente. — E já que sou uma princesa...

Se eu não estivesse tão ocupada tentando convencer um animal selvagem, pela força do pensamento, a não me matar, faria uma careta para ela.

— Quê? Você acha que esse bicho respeita hierarquias? Você perdeu completamente...

— Shhhh! — ela murmura, ainda se aproximando do veado, que, preciso admitir, não está se movendo e apenas a observa. — Há um motivo para que esse tipo de coisa aconteça em contos de fadas — Freen continua, e posso ver um sorriso começar a se abrir em seu rosto. — O bicho claramente sabe que ele e eu somos conectados pelo amor que sentimos por esta terra.

— Essa é a coisa mais estúpida que eu já ouvi alguém dizer. E estou me sentindo mais estúpida por ter ouvido isso.

Freen acena com a mão livre para mim. Seus óculos escuros estão no topo da cabeça, aqueles olhos cor de caramelo se estreitam enquanto ela se aproxima do veado.

— Mas está funcionando, não está?

Está, eu acho. O veado continua parado, parou de bufar e Freen endireita um pouco a coluna.

— Pronto — ela diz, convencida. — Agora tudo que precisamos fazer é...

Sem aviso, o veado avança numa investida, e eu e Freen gritamos e tropeçamos enquanto pulamos para trás. Ela se engancha nos meus braços, eu me agarro aos dela e os próximos segundos são um borrão enquanto caímos, sentindo o cheiro daquele animal enorme, e então o frio repentino quando mergulhamos no rio.

O frio é tão cortante que me tira o fôlego, e meu cérebro fica louco de desorientação e pânico entre pensamentos como veado gigante! Galhadas! E aimeudeustãofriotãofriotãomolhadoporqueporqueporque, e ESTOU ME AFOGANDO!

Exceto que... não estou me afogando.

Eu coloco os pés no solo e percebo que a profundidade do local onde caímos na água vai até pouco acima dos meus joelhos. Mas meu corpo inteiro está molhado, incluindo o cabelo e, quando eu olho para o lado, Freen está sentada na parte rasa da água, perto da ribanceira, com os joelhos encolhidos, os cabelos uma bagunça encharcada sobre o rosto e os óculos escuros pendurados meio tortos.

SUA ALTEZA REAL - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora