Lavanderia.

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Em se tratando de punições, definitivamente poderia ter sido pior. Quer dizer, não sei se eles poderiam ter nos colocado em instrumentos de tortura ou algo do tipo – eu, talvez, mas, definitivamente, não Freen –, mas quem sabe que tipo de coisas esquisitas eles podem inventar de fazer aqui nas Terras Altas? Poderíamos ser forçadas a cuidar de ovelhas, carregar rochas pesadas ou algo assim. Tá bom, a ideia das rochas pode não ser tão ruim para mim, mas ainda assim.

Então, sim, cuidar da lavanderia parece ser um preço pequeno a se pagar por tudo que aconteceu durante o desafio.

Freen não concorda.

— Isso é selvagem — ela diz, seu nariz perfeito se contorcendo enquanto seus braços estão carregados de lençóis molhados retirados da máquina. — Praticamente medieval.

A lavanderia se encontra no que eu imagino que tenha sido o porão ou talvez o local onde eles mantinham as mulheres insolentes naquele tempo, o chão de pedras desniveladas, e a luz entrando pelas janelas antigas é embaçada e cinza. Está chovendo. Que novidade.

— História é minha segunda disciplina favorita — digo enquanto coloco um copo de sabão de cheiro forte na outra máquina de lavar. — E tenho quase certeza de que não me lembro da existência de máquinas de lavar modernas no período medieval, mas acho que posso estar errada, né?

Freen me fuzila com o olhar em resposta. Seu cabelo está arrumado num rabo de cavalo, mas alguns fios escaparam e ficam encaracolados sobre seu rosto, na umidade da lavanderia. Pequenas gotas de suor pontuam sua testa também, mas me impressiona que até mesmo aqui embaixo, no porão, fazendo trabalho braçal, não tem como confundir Freen com ninguém que não seja uma princesa.

— Ninguém gosta de sabichões, Armstrong — ela diz, mas vejo um pequeno sorriso se curvando ali no canto de seus lábios.

E talvez eu também esteja sorrindo quando respondo:

— Sabe, esse hábito de me chamar pelo sobrenome faz parecer que sou sua criada.

Freen dá risada disso, fechando a tampa da secadora com força e girando os botões no topo.

— Deus, que criada inútil você seria — ela diz enquanto a secadora começa a rugir e sacudir. — Você provavelmente derramaria chá em mim por puro prazer.

Abro um sorriso largo, andando até a longa mesa baixa no meio da sala, onde cestas de toalhas ásperas aguardam para serem dobradas.

— Na verdade, quando eu terminar o colégio aqui, talvez me candidate à função. E me dedique a vida inteira apenas a me vingar de você pelo que aconteceu durante o desafio.

Estou brincando, mas o sorriso de Freen se desfaz um pouco quando ela se junta a mim na mesa. Quando ela estende a mão para pegar uma toalha, eu noto que suas unhas estão descascando, duas delas parecem que foram roídas.

Princesa Freen roendo as unhas? Quem poderia imaginar?

— Desculpa por isso — ela diz, finalmente, e então olha para mim. — De verdade.

Limpando a garganta, dou de ombros. Eu não gosto da Freen sincera. A Freen volátil que é um pé no saco é muito mais fácil de lidar.

— Eu sei — digo. — E obviamente a gente não morreu, então isso é um bônus.

— Talvez a gente tenha morrido, porque isso certamente parece com o inferno ou, pelo menos, o purgatório — Freen comenta, tentando dobrar uma toalha.

Ela amassa e embola a toalha mais do que dobra e, com um suspiro, eu tiro a toalha de suas mãos.

— Você pode ter razão, já que "Ensine a Princesa a Lavar e Dobrar Roupas" com toda a certeza parece algum tipo de punição dos deuses.

SUA ALTEZA REAL - FreenbeckyOnde histórias criam vida. Descubra agora