Capítulo 4

108 9 4
                                    

Agora que a Gabriela já estava crescendo, o tempo que ela ficara com Marcus aumentou. Antes ele ficaria apenas por algumas horas com ela e agora, pode ficar até um final de semana.

Eu odiava ter que entrega-la a ele, pois tinha plena consciência de que ele era louco o suficiente para fugir com ela. Mas eu não podia ir contra a ordem da justiça, uma vez que eu poderia perder de vez a guarda da Gabi.

– Cuida bem dela Marcus. Entreguei minha filha em seus braços e beijei sua testa.

– Você fala como se eu não cuidasse bem da nossa filha. A segurou no colo e passou a mão sobre seu cabelo.

– Eu tenho minhas dúvidas... Entreguei a bolsa.

– Você não quer mesmo entrar? Disse apoiando a bolsa no sofá.

– Não. Dei um passo para trás. – Esse lugar não me trás boas lembranças... Suspirei.

– Você cospe muito no prato em que comeu... Fez uma careta.

– Pense como quiser... Venho busca-la amanhã, às 17h! Esteja pronto com ela. Dei um último beijo na testa de Gabriela. – Tchau coisa linda da mãe. Sorri.

– Tchau Laura... Marcus fechou a porta em minha cara e eu suspirei.

Como era horrível deixar minha filha ali. Sai do prédio e caminhei tranquilamente até meu carro. Comecei a pensar em como era ruim não ter uma amiga para compartilhar minhas coisas. E eu nem sabia como fazer uma.

– Perdida em pensamentos? Ouvi uma voz atrás de mim e me assustei, virando abruptamente.

– Estevam, você me assustou... Coloquei a mão no peito. – De onde você surgiu?

– Estava te seguindo. Sorriu. – O que vai fazer agora?

– Nada com você... Desviei meu olhar e peguei a chave do carro, quando ele segurou meu pulso.

– Laura, precisamos conversar. Insistiu.

– O que a gente tinha que conversar, já conversamos naquele dia. Olhei em seus olhos.

– Por favor... Eu preciso muito falar algumas coisas antes de ir embora. Me soltou.

Eu o encarei e ele levantou o capacete, em tom sugestivo. Suspirei e peguei o mesmo, o acompanhando até sua moto.

– Para onde vai me levar? Coloquei o capacete.

– Não é longe... Só quero um momento a sós... Colocou seu capacete também e subiu na moto.

Subi na moto logo em seguida e passei as mãos por sua cintura. Estevam deu partida e seguiu sabe Deus para onde. Eu fiquei pensando que talvez não tenha sido uma boa ideia acompanha-lo, pois todas as vezes em que ficamos sozinhos, aconteciam coisas que eu facilmente poderia me arrepender depois.

Após alguns minutos pilotando e entrando em algumas ruas de um bairro mais afastado, paramos em frente a uma casa grande, porém simples.

Desci da moto e retirei o capacete logo em seguida, observando a rua pacata de movimento. Estevam desceu da moto e retirou seu capacete também, pegando uma chave do bolso.

– Onde estamos? O segui enquanto ele abria o portão.

– Na minha casa. Sorriu ladino e entrou. – Não se preocupe, não há ninguém em casa.

– E por que me trouxe aqui? Entrei logo atrás.

– Já disse que quero conversar com você antes de ir embora. Colocou a chave sobre a mesa e adentrou nos cômodos da casa.

O segui e entrei no que talvez fosse seu quarto. Apoiei o capacete em uma cômoda e sentei em sua cama, olhando para ele em seguida.

– Então você decidiu ir embora? Arqueei uma sobrancelha.

– Sim, vou ver como Ana está, do que precisa... Se apoiou na cômoda e me olhou. – Afinal, agora serei pai, não é mesmo?! Retirou um cigarro do bolso da calça e acendeu.

– E como você se sente em relação a isso? Estreitei o olhar ao identificar que era um baseado.

– Eu não sei ainda, talvez a ficha só caia quando eu chegar lá. Eu sei que deveria ter me cuidado e cuidado da Ana principalmente. Fui muito irresponsável nesse quesito. Tragou o cigarro e soltou a fumaça.

– Você sabe que isso que está fazendo agora não poderá mais fazer né?! Apontei para o cigarro.

– Eu sei... Suspirou. – Só estou um pouco nervoso, e ele me ajuda nisso.

Ficamos quietos olhando um para o outro, enquanto aquele cheiro inebriava o ambiente. Estevam não parava de fumar e estava visivelmente nervoso, conforme descrito por ele mesmo.

– E o que te fez me trazer aqui? Olhei ao redor. – Esse cheiro está me enjoando, poderia apagar isso? Questionei.

Ele respirou fundo e puxou um cinzeiro, apagando apenas a ponta e deixando o restante do cigarro ali mesmo. Ele se aproximou e parou em minha frente, olhando dentro dos meus olhos.

– Laura, talvez essa seja a última vez que eu faça isso, então pense bem antes de responder... Suspirou. – Não é segredo que eu te amo, te amo mais que tudo nessa vida.

– Estevam, para... Me levantei.

– Por favor, me deixa continuar. Segurou em meus braços. – Você sabe que se pedir pra eu ficar, eu fico. Porque na verdade eu queria que fosse você no lugar da Ana... Eu queria que você estivesse esperando um filho meu. Me faria o cara mais feliz desse mundo se isso acontecesse.

– Estevam, você sabe que isso não é possível. Desviei o olhar.

– Tudo bem, eu sei que agora é complicado, mas eu terminaria com a Ana se você pedisse. Claro que eu não a desampararia, e seria o melhor pai que essa criança poderia ter, mas eu queria fazer isso estando ao lado da pessoa que eu amo, que é você!

– Eu nunca te pediria algo assim, Estevam. Passei a mão em seu rosto. – Eu me casarei com Gustavo e serei feliz com ele, assim como eu quero que você seja feliz com a Ana. A Gabi já se acostumou com ele e acredito que em breve o chamará até de pai. Sorri ladino. – Essa loucura que a gente vivenciou por esse tempo, não pode mais acontecer.

– E o que eu faço com todo esse sentimento? Jogo no lixo? Fungou com os olhos marejados.

– Você ressignificará ele para viver algo muito mais lindo com a Ana e o filhinho de vocês. Beijei sua bochecha, quando Estevam virou o rosto e segurou em minha nuca, iniciando um beijo intenso.

Amante 2Onde histórias criam vida. Descubra agora