Amante 2

Capítulo 6

– Estevam, está em casa? Ouvi a voz de sua irmã ecoar no ambiente silencioso.

– Sim, estou aqui! Estevam saiu do quarto e fechou a porta atrás de si.

Soltei todo o ar que tinha dentro de meus pulmões e que estavam presos desde que ela havia entrado naquela casa.

Me abaixei com cuidado e calcei meus sapatos, tentando articular em minha cabeça uma forma de sair daquele lugar sem ser vista.

Se isso acontecesse, Gustavo provavelmente saberia futuramente do que ocorreu aqui hoje, e embora eu saiba que é errado, eu preciso garantir que ele nem sequer desconfie disso.

A porta foi aberta num supetão e eu me assustei, olhando rapidamente para quem estava entrando.

– Ela foi tomar banho! Vamos logo antes que ela te veja. Estevam me acelerou.

– Deixa que eu peço um uber ou algo do tipo. Se você sair, ela vai desconfiar.

– Não vai! Deixa que eu te levo! Me entregou o capacete e me puxou para si. – Eu te amo, Laura! Ele segurou em meu rosto e me deu um selinho demorado.

Saímos de sua casa depressa e subimos na moto. Eu abracei sua cintura e me agarrei em Estevam. Ele nem havia ido embora e já me deixava uma saudade imensa.

Quando chegamos ao local onde eu havia deixado o carro, desci da moto e tirei o capacete, o entregando em seguida. Ele fez o mesmo e me abraçou forte. O mais sincero dos abraços que eu poderia receber. Retribuí e o apertei em mim

Tínhamos que ser cautelosos, pois estava bem próxima da casa de Marcus, e se ele visse isso, eu estaria com a vida arruinada.

Ele subiu na moto e me olhou no fundo dos olhos, colocando o capacete novamente. Apenas acenei com a mão e ele partiu.

Entrei no carro e olhei pra frente, respirando fundo. Apertei as sobrancelhas e meus olhos se encheram de água. Não pude conter o choro e funguei com intensidade.

Apoiei os braços no volante e chorei feito criança. As lágrimas não paravam de cair e o aperto no peito ficava cada vez mais forte. Eu o amava com todo meu coração. Eu nunca poderia ser completa com outro homem como fui quando estive com Estevam.

Depois de me recompor, dirigi para casa tranquila. Não podia dar tanto na cara que eu estive chorando, então após estacionar o carro de Gustavo, fui ao lavabo que tinha na área da piscina e lavei meu rosto.

– Demorou amor... Gustavo disse se levantando do sofá e vindo ao meu encontro. – Você está bem? Parece triste.

– Estou bem. Sorri ladino. – Aproveitei que estava de carro e dei uma passeada para pensar na vida.

– Então estamos sozinhos neste final de semana? Passou as mãos por minha cintura.

– Sim. Assenti e apoiei a cabeça em seu ombro.

– Vamos conversar sobre o casamento? Passou a mão por meu cabelo.

– Tudo bem... Sorri. – Vou tomar um banho antes.

– Eu vou com você. Me apertou em seu corpo.

– Não! Exclamei lembrando que não tive tempo de me limpar da relação anterior.

– Por que? Riu levantando uma de suas sobrancelhas.

– Eu vou lavar o cabelo amor... Inventei. – E eu gosto de ficar sozinha nesses momento, pra reflexões. Fiz uma careta.

Gustavo deu de ombros, parecendo não se importar e voltou para o sofá.

Fui para nosso quarto e me tranquei no banheiro, retirando a roupa. Não havia usado camisinha, então preciso ir à farmácia o mais rápido possível para comprar uma pílula.

Fui para baixo do chuveiro e tomei um banho, lavando meu cabelo também. Foi relaxante o suficiente para que eu pudesse me recompor da situação passada com Estevam.

Estevam

– Onde você foi? Estefani saiu do banheiro secando seu cabelo.

– Fui comprar pão para tomarmos um café. Preciso falar com você e a mamãe.

– Eita... O que houve? Arqueou uma das sobrancelhas.

– É sobre Ana... Suspirei. – Mas vou esperar a mamãe. Assim conto de uma vez.

– Vocês terminaram porque ela foi pra longe? Se aproximou.

– Não Estefani, não insista. Comecei a rir e ela bufou, indo para seu quarto arrumar o cabelo.

Mais tarde, quando mamãe chegou do trabalho, sentamos todos à mesa. Era complicado dizer que eu ficaria fora por um tempo e mais ainda o motivo disso.

– Você está me deixando aflita Estevam, diga logo! Minha mãe insistiu enquanto passava manteiga em uma fatia de pão.

– Como vocês sabem, a Ana foi recentemente para fora do país e... Engoli em seco. – Eu irei passar um tempo com ela lá.

– É ótimo você querer ficar perto da sua namorada nesse tempo, mas você não tem emprego. Lembre-se que a rica da história é ela e não você! Minha mãe apertou minha mão.

– Eu sei mãe, mas terei que arrumar alguma coisa lá... Suspirei. – Eu tenho um dinheiro guardado, e...

– Mas você não estava guardando esse dinheiro para abrir seu consultório? Estefani perguntou.

– A Ana está grávida! Soltei de uma só vez e a cara de perplexa das duas entregou que elas não esperavam por esse notícia.

– Mas como... Minha mãe apertou as sobrancelhas.

– Ah não mamãe! Estefani começou a rir. – Estevam dormia quase todos os dias fora de casa, e quando estava aqui, ela também estava. Fora as vezes que já peguei eles juntos no antigo apartamento. A pergunta não é como e sim o que ele vai fazer com isso agora.

– Eu deveria ter me cuidado, eu sei! Mas aconteceu, agora arcar com as consequências.

– E como ela está com a notícia? Minha mãe pegou em minhas mãos.

– Eu não sei... parecia nervosa quando me ligou. Agora preciso ir pra lá, ver como de fato ela está! Não a deixarei sozinha nesse momento.

– E eu que achei que vocês não iriam muito longe. Minha mãe suspirou.

– Por que? Arqueei a sobrancelha.

– Porque vocês vivem em mundos totalmente diferentes. Os pais dela nem mesmo te conhecem como namorado dela. Eu desejo toda sorte do mundo para vocês nesse momento, mas se preserve ao máximo meu filho. Eu estou com vocês para o que precisarem, apenas não suportaria ver meu filho sofrer por isso. Ela sorriu ladino.

– Obrigada mãe! Contar com seu apoio é extremamente importante.

– E eu serei tia? Estefani sorriu e se levantou, vindo até nós dois e nos abraçou. – A família vai crescer!!!

– Sim. Sorri. – Já comprei a passagem e vou arrumar minhas coisas. Meu voo sai amanhã cedo.

– E quando você volta? Minha mãe me olhou apreensiva.

– Se eu não conseguir um emprego, em três meses. Não poderei ficar lá mais que isso.