Epilogue

4 1 0
                                    

estava disposta a esperar

anos a fio

por amor.

mas se fosse

verdadeiramente amor

acredito que ele

não me faria esperar.



6 anos depois.

Ethan não retornou.

Não houveram ligações, ou mensagens e nem tampouco cartas. Não houve contato algum. Durante 2190 dias a fio, Olívia aguardou ansiosa sua volta. Ansiando pelo dia em que a peça fundamental do quebra-cabeça que era seu coração voltasse e se encaixasse novamente, que preenchesse as lacunas que a deixavam tão... incompleta. Malditos 6 anos e a esperança tola de um recomeço cada segundo mais distante.

Olívia não parou de viver, é claro que não. Mas nunca parou de esperar.

Entrou para uma universidade a 55 milhas de distância que lhe dava a desculpa perfeita para aparecer em casa em um ou outro feriado. Ela terminou a faculdade, se formando com honras em Inglês pela GMU e pode finalmente dar adeus a Harpers Ferry e a antiga vida.

Depois da faculdade, conseguiu um trabalho decente numa editora em Washington e tudo o que veio depois aconteceu gradual e naturalmente. Aconteceu que amaram seu trabalho, tanto como editora quanto como escritora e ela assinou contrato para ser uma das escritoras principais num projeto grande de publicação de livros.

Sim, Olívia publicou um livro. Um livro dela. Uma ficção sobre deuses antigos e monstros e fadas e guerreiros valentes que empunhavam espadas e lutavam suas guerras por amor e honra e fortuna. Isso lhe abriu mais portas do que imaginava ser possível.

Permitiu-lhe conhecer a bela Veneza. Degustar os vinhos da Itália. Comer croissant num café charmoso de Paris. Tirar todas as fotos possíveis perto do Coliseu. E muitas outras experiências em vários outros países e culturas.

Olívia fez bons amigos, viveu aventuras e teve amantes ao longo da estrada, mas nunca deixou de esperar que aquela parte tão intrínseca a ela retornasse.

Assim, era como se Olívia vivesse com um buraco no seu peito, um vazio onde Ethan deveria estar.

Mas não estava. O que quer que tenha acontecido, ela sentia como se o tivesse perdido para sempre naquele dia, naquela ponte. Talvez nunca tivesse pertencido a ela. Talvez tenha sido culpa do seu romantismo demasiado, que era tão parte dela quanto o próprio Ethan o era. Talvez tudo tenha sido uma mentira, e ele tenha sido um personagem criado pela sua cabeça maluca e desesperada para amar ou se sentir amada. Talvez tudo não tenha passado de uma ilusão. Talvez... Tantos, tantos talvez.

Então ela parou de sonhar. Parou de esperar. Parou de pensar nele. E foi aí que tudo aconteceu.

CONTOS DE GAVETA [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora