02 | italiana de ipanema

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Maya Caccini - POV
São Paulo, 10 de abril de 2023

𝐂𝐨𝐥𝐨𝐜𝐚𝐯𝐚 Kayblack para tocar enquanto arrumava o armário da compra do mês que tinha feito no meu novo apartamento.

minha vida na Itália estava indo de mal a pior, a relação com minha família materna estava horrível, a cada dia que passava eles insistiam em querer mandar na minha vida e em cada escolha que eu deveria fazer; e minha mãe? se fingia de cega, e concordava com eles, pois segundo ela; "eles só querem seu bem".

comecei uma faculdade de psicologia, mas após alguns meses, percebi que aquilo não era pra mim, não sabia lidar nem com meus problemas, imagine com o dos outros; um certo dia, andando pelas ruas de Milão, fui parada por um italiano que veio me oferecer um curso em um agência de modelos, totalmente gratuito, no começo eu achei estranho e pensei que fosse tráfico de mulheres, mas depois pesquisei melhor sobre e acabei aceitando a proposta, e assim comecei a fazer meus primeiros trabalhos, desfilando para algumas marcas conhecidas na Itália, e pousando para fotos e revistas.

mas obviamente meus familiares detestaram essa ideia de eu ficar me expondo na midia. eu e meu pai conversamos muito, e entramos em um acordo de eu me mudar para o Brasil e morar com meus avós, mas eu não queria, pois sabia como era ruim depender financeiramente de alguém sem ser meus pais.

depois de muita conversa, que não deu em nada, eu fui pro Rio, pra casa da Helena, e daí em diante tomaria um rumo em minha vida. Helena havia comentado que também estava querendo deixar a casa de sua mãe e avó, por conta de que as três estavam se desentendendo, então, viramos noites procurando apartamentos para que pudéssemos morar juntas, e achamos um em São Paulo, bem localizado, não tão caro, já mobiliado e que daria perfeitamente para duas pessoas. liguei pro meu pai e conversamos, ele daria a metade do dinheiro, e a outra metade eu e Helena pagariamos parcelado.

- tem alguma coisa pra amanhã? - Helena pergunta, enquanto lavava as verduras.

- vou ser modelo de uma marca de maquiagem amanhã de manhã, por quê? - pergunto sentada em frente ao armário.

- menos mal, comprei nosso ingresso pro jogo de amanhã. - Helena fala e eu a olho.

- você não tem que trabalhar? - pergunto confusa.

- relaxa, eu que faço o meu próprio horário, 'tô quase virando dona daquele escritório. - ela é nutricionista na clínica onde sua madrinha é diretora geral.

- ai ai, viu. - falei e ela deu de ombros.

- até esqueci de falar, mas 'cê viu os novos reforços do Palmeiras? - Helena diz abrindo uma caixa de uvas.

- vi só o Artur, que voltou, menos o outro, quem é? - pergunto.

- um tal de Richard Ríos, ex-flamengo.

- nunca nem ouvi falar, tomara que seja bom. - falo. esses últimos dias minha vida estava a maior correria, tentava me adaptar a nova rotina de São Paulo, a casa nova, e às dezenas de jobs que tinha para fazer, mal conseguia pegar o celular, e só fiquei sabendo das contratações do Palmeiras por conta da rádio do meu carro.

terminei o mais rápido possível de arrumar o armário, já se passava dás onze da noite, e eu precisava dormir, pois amanhã meu dia começaria muito cedo, e terminaria mais tarde ainda.

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colocava o meu tênis, enquanto rodava de um lado pro outro em minha casa, atrás das minhas coisas; não escutei meu despertador tocar, e por isso acordei com minha assessora me ligando, já estava muito atrasada. arrumei minha mochila colocando a roupa que iria para o jogo, e alguns essenciais.

luz que me traz paz, richard riosOnde histórias criam vida. Descubra agora