29 | falei que não ia

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Maya Caccini — POV
São Paulo, 26 de julho de 2023.

chegamos de viagem ontem a noite, hoje os jogadores tiveram que ir se reapresentar, quase todos mortos de ressaca. eu estava de folga, sabia que chegaria exausta e então tirei esse dia livre para descansar.

o meu jogador dormiu aqui, acredito que depois dessa viagem, não terá um dia sequer que dormiremos sozinhos, exceto quando ele tiver jogo fora.

Clara estava aqui em casa, ela veio trazer a Lola e também fofocar sobre tudo que aconteceu na viagem.

vai, me conta tudo. ficou com o Richard? — ela se sentou e me entregou uma taça de vinho.

— se eu fiquei? — ri. — fiz bem mais do que isso. — dei um gole na minha bebida e Clara arregalou seus olhos.

— oi!? — ela exclamou. — garota, o que você fez nessa viagem?

— bom. — fiz uma pausa. — falei que não ia beber, bebi.

que que tem nesse copo que a cada gole 'cê faz uma careta diferente? — perguntei para Joaquin que estava arrepiado.

— não sei. — ele respondeu. — eu pedi no bar a bebida que derrubava mais rápido e me deram isso. — ele me ofereceu.

só de chegar perto daquele copo, o aroma foi capaz de me dar uma leve dor de cabeça. direcionei a bebida até minha boca, e assim que teve contato com minha língua, senti toda minha extensão se arrepiar. aquilo ali desceu rasgando, parecia que estava pegando fogo.

— arriba, Maymay! — Joaco levantou os braços.

*

— o que estão fazendo? — perguntei me aproximando de Joaquin, que estava com um grupo de Mexicanos.

— tequila pong, quer jogar? — ele questionou e eu assenti. — já ganhei várias rodadas. se eu acertar a bolinha, você bebe, se você errar a bolinha você bebe.

— e se eu acertar?

— você bebe. — tinha alguma coisa errada, mas minha cabeça não estava em condições de raciocinar agora.

Pique jogou a bolinha e ela se desviou de todos os copos. eu joguei, ela bateu em um, mas caiu. peguei um copo de tequila, que por sinal estava cheio pra caralho!

— arriba, abajo, al centro y adentro! — Joaquín dizia junto dos Mexicanos e eu segui suas instruções, em seguida virei todo aquele copo. eu não tinha mais garganta.

parando pra pensar, acho que fui roubada.

— falei que não ia fumar, fumei.

— desde quando você fuma? — perguntei a Clarisse, que estava com um cigarro em mãos.

— sempre que eu fico bêbada, me dá vontade de soltar fumaça. — ela respondeu. — quer?

peguei aquele troço da sua mão e coloquei na boca. puxei, sentido toda a fumaça preencher meu pulmão e em seguida soltei a fumaça, sentido o gosto e o aroma de morango.

luz que me traz paz, richard riosOnde histórias criam vida. Descubra agora