luz que me traz paz, richard rios

56 | vida nova

Maya Caccini — POV
São Paulo, 17 de abril de 2024

exatas uma semana que meus filhos nasceram e eu estava totalmente deslocada!

minha vida estava um caos, eu não lembro qual foi a última vez que consegui dormir uma noite inteira, fiz uma skin care ou cuidei de mim mesma.

tudo bem que fazia apenas sete dias desde que eu estava em uma cama de hospital quase morrendo pra ter meus filhos, mas eu estava totalmente acabada!

eu tinha muita sorte em ter minha mãe e a babá comigo, mas mesmo assim, não podia depender delas pra vida toda e teria muitas vezes que cuidar dos bebês sozinhos.

o Endrick é um anjinho, só chora quando está com fome ou quando quer dormir, já a Clarinha berra há cada vinte minutos.

o Richard tem sido bastante prestativo. — até porque se não fosse eu matava ele. — ele pensou em tirar uma licença de um mês do clube, mas eu não deixei.

o campeonato brasileiro começou sábado e ele não queria viajar, pelo menos até que os bebês completassem uma semana. mas por fim ele foi, e marcou o primeiro gol do Palmeiras na competição, dedicando pros nossos filhos.

minha mãe havia levado meu pai para o aeroporto, o Richard estava no treino e a babá tinha ido comprar alguns pacotes de fralda. eu não imaginava que em uma semana eles usariam mais de 10 pacotes!

— ai mãe, ainda bem que você chegou! — me aproximei da porta ao ver minha mãe chegando. — a Maria Clara não para de chorar de forma alguma!

— calma, filha! — disse minha mãe, entrando com pressa e deixando a bolsa sobre a mesa. — ela deve estar com cólica, ou talvez sentindo falta de algo. já tentou dar um banho morninho nela?

balancei a cabeça, exausta. eu estava emocionalmente esgotada.

— já tentei de tudo, mãe. massagem, música, balanço. nada funciona! — suspirei, passando as mãos pelos cabelos bagunçados. — eu realmente não sei o que mais fazer.

— vamos tentar o banho, então. água morna com camomila relaxa. enquanto isso, você vai descansar um pouco. — minha mãe sorriu com compreensão e pegou Clarinha do meu colo.

— descansar? — ri sem humor. — mãe, eu não sei mais o que é descanso. a Maria Clara e o Endrick têm horários diferentes pra tudo! quando um dorme, o outro acorda. eu tô me sentindo um zumbi. — confessei, sentindo as lágrimas acumulando nos olhos.

— Maya, é exatamente por isso que você precisa descansar. você não pode continuar nesse ritmo. eu sei que é difícil, mas você não precisa ser a super-heroína o tempo todo. — ela disse enquanto tirava a roupa de Maria Clara

— eu sei, mas... — comecei a dizer, mas fui interrompida por um soluço engasgado. — eu só quero fazer tudo certo, sabe? não quero falhar com os meus filhos, com o Richard... e comigo mesma. só que eu me sinto tão perdida, mãe.

— amor, ninguém nasce sabendo ser mãe. você está aprendendo, e está indo muito bem. olha pra você, já está se culpando por querer fazer tudo perfeito. mas ser mãe também é saber quando pedir ajuda, quando se permitir respirar. — ela disse, tentando me confortar.

respirei fundo, tentando absorver as palavras dela. era difícil não sentir que eu estava falhando quando tudo ao meu redor parecia fora de controle.

— eu só não esperava que fosse tão difícil. sempre pensei que teria tudo sob controle, mas não, não consigo.