luz que me traz paz, richard rios

01 | piloto

Maya Caccini - POV
Rio de Janeiro, 18 de fevereiro de 2020

𝐏𝐨𝐫 que desarrumar as malas são tão ruins? ou melhor, por que viajar para um lugar que você não quer ir é tão ruim? eu amo viajar, principalmente sentir a euforia de arrumar minhas malas e imaginar os looks que eu usaria em cada ocasião, mas não era o caso do Rio de Janeiro.

Podemos dizer que eu estou aqui meio que forçada? bom, nem tanto, mas por pura e espontânea pressão.

Eu moro na Itália, minha família paterna é brasileira, mas foram poucas as vezes em que vim visitar o Brasil, e em uma dessas vindas, fiz uma amizade que consegui manter à distância, a Helena.

conheci ela em uma festa em São Paulo, onde eu não conhecia ninguém, e minha prima, que estava acompanhada por mim, simplesmente sumiu de uma hora pra outra pra ficar com algum menino, e eu, sem saber onde estava, e sem conhecer ninguém, fui acudida por Helena, que assim que viu minha situação, se juntou a mim, e assim começamos uma amizade.

- Maya. - ela fala entrando no quarto de hóspedes. - trouxe essa coberta pra você, vê se está bom ou quer outra. - ela fala colocando um coberta enorme em cima da cama.

- 'tá ótimo, amiga, muito obrigada. - sorrio e ela se senta na cama, me observando tirar minhas roupas da mala.

- estou tão ansiosa para o nosso Carnaval começar. - Helena diz sorridente, se deitando na cama e olhando para o teto.

- eu nunca participei de um Carnaval antes, como é? - pergunto olhando para ela.

- sabe baladas, boates, shows, botecos e cabarés? - Helena pergunta e eu afirmo com a cabeça. - então, é tudo isso e mais um pouco, só que no meio da rua. - ela fala simples e eu a olho incrédula.

- brincadeira, Maymay, é bem de boa, tipo uma festa na rua, você vai gostar, garanto. - Helena fala se levantando da cama.

- espero. - falo e termino de arrumar minhas coisas.

eu iria passar algumas semanas hospedada na casa de Helena antes de voltar para a Itália, ela mora com a mãe e com a avó, que me recepcionaram muito bem por sinal.

estava cansada, a viagem havia sido longa, e eu não durmo há quase 24 horas, não consigo dormir enquanto viajo.

entrei no banheiro que tinha em meu quarto, e me despi, entrando de baixo d'água e tomando um banho longo, pra lavar a alma e tirar todo o cansaço, o que eu mais precisava agora era de uma cama quentinha e doze horas de sono, ou mais.

saí do banho, e ainda de toalha, sequei o meu cabelo, não queria deitar com ele molhado; coloquei uma roupa bem confortável e fechei as janelas, estava me cobrindo, quando a porta é aberta brutalmente por Helena.

- o que você acha que vai fazer? - ela pergunta ascendendo a luz.

- dormir? - questiono o óbvio.

- nada disso, pode se arrumar que a gente vai ir pra um bloquinho babadeiro, vai passar aqui na rua de trás. - Helena fala abrindo o guarda-roupa e procurando uma roupa para eu usar.

- ah Helena, pelo amor de Deus. - reclamo. - eu estou tão cansada, preciso de horas de sono para me recompor. - falo com os olhos fechados.

- nada disso, vamos May, é bom que você desperta. - Helena praticamente implora.