03 | efeito borboleta

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Maya Caccini - POV
São Paulo, 13 de abril de 2023

𝐌𝐢𝐧𝐡𝐚𝐬 pernas balançavam e minha cabeça estava a milhão, enquanto eu sentia uma torrada com geleia descer rasgando minha garganta. terminava de tomar meu café da manhã para ir trabalhar, era exatamente 10h30, meu dia hoje começaria tarde e terminaria mais tarde ainda, então necessitava estar bem alimentada. mas fora isso, todos os meus pensamentos giravam em torno daquele Colombiano, os nossos olhos se encontrando, o seu sorriso, e ele fazendo questão de querer dar uma de zagueiro só para poder ficar perto do gol olhando pra mim na arquibancada. eu segui ele no Instagram e fiz questão de ver todas as suas fotos e procurar saber sobre sua vida, era uma baita coincidência reencontrá-lo depois de 3 anos, jogando no meu time do coração.

- Maya, o que foi, 'hein? - Helena pergunta me tirando dos meus pensamentos. - desde anteontem que você 'tá toda estranha, andando de um lado pro outro, balançando essas pernas.

- amiga, sabe o Ríos? o Colombiano que fez o último gol do Palmeiras? - pergunto e ela assente. - então, ele que é o garoto do Rio. - falo e vejo os olhos de Helena quase saltarem pra fora.

- O QUE!? - a carioca exclama, batendo na mesa e se levantando. - como assim, 'mano? - ela pergunta enquanto anda de um lado pro outro.

- eu também 'tô sem acreditar até agora. - falo.

- amiga, Maya, meu Deus. - Helena fala, chocada, com suas mãos na cabeça. - eu bem que vi ele olhando em nossa direção na hora do gol, e depois sempre fazia questão de ir pra perto da arquibancada para te ver. - Helena diz e arregala seus olhos e abre a boca. - é o destino! meu Deus, amiga, faz todo sentido. - ela fala e eu a olho pensativa.

- não, nada haver. - falo quebrando suas expectativas.

- claro que é, pensa comigo. - ela se senta novamente. - vocês se conheceram da maneira mais improvável possível. você esqueceu seu cartão no quiosque, e você nunca é de esquecer nada. depois ele te entregou o cartão, por que não a mulher que trabalhava lá foi te entregar? ele poderia muito bem roubar. - Helena fala convicta. - e aí fez questão de se sentar ao seu lado e lhe contar sobre toda a sua vida, e você fez o mesmo. e agora ele está jogando no seu time do coração, fez sua estreia e primeiro gol enquanto você estava lá no estádio, e tudo conspirou para que não fôssemos à aquele jogo. - Helena diz e se levanta. - isso é o destino juntando vocês! - ela diz como se fosse óbvio.

- é, faz sentido. - falo, logo após ficando em silêncio e refletindo sobre.

- se eu não tivesse ligado pra você naquela hora... - ela diz na intenção de que eu completasse.

- olha o efeito borboleta aí. - falo cruzando meus braços e indo no seu embalo.

- maldita hora pra eu ter te ligado! - a mais velha fala, dando uma leve esmurrada na mesa.

- fez bem em ter me ligado, já pensou... - sou cortada pela minha amiga.

- 'tá bom, 'tá bom, não precisamos relembrar oque aconteceu no Rio. - ela se levanta indo até a cozinha, e eu dou risada.

terminei meu café da manhã e tirei a mesa, colocando a louça suja na pia, para Helena lavar antes de ir trabalhar. fui até meu quarto e peguei uma mochila, colocando uma roupa extra, kit de higiene e uma barrinha de cereal, para eu comer ao longo do dia caso me desse fome. fiz uma leve maquiagem, coloquei uma calça flare preta, um cropped branco e um blazer preto, e nos pés um salto branco baixo, não estava frio, mas tinha que manter a elegância. pego minhas coisas e desço até a sala, vendo Helena jogada no sofá, assistindo Friends.

- não vai trabalhar? - pergunto procurando a chave do carro.

- nossa, vai trabalhar ou pra um encontro com o Richard? - ela me elogia, e eu sorrio revirando os olhos.

luz que me traz paz, richard riosOnde histórias criam vida. Descubra agora