Capítulo 12

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Aurora

Bryan me olhava com cautela. Devia ter percebido isso no dia em que eu o vi.

Nazeera merecia alguém melhor...

- Sei que é muito para absorver, mas com o tempo e estudos apropriados vai conseguir cuidar e curar várias pessoas.

Olhei em volta da sala que virou reserva para os quatro pacientes restantes com câncer. A medicina era algo extraordinário e era feito tudo com bastante cuidado e amor de certa forma.

- É incrível!

Ele sorriu e colocou a mão em minhas costas para me guiar e desceu até minha cintura. Não gostei nada daquele gesto.

- Desce mais a mão!

Bryan lançou um olhar fuzilante para Dylan que estava bem atrás de nós.

- Estava sendo apenas cordeal.
- Até demais...

Murmurou ele.

Bryan me levou ( sem a mão nas minhas costas ), até a sala de pesquisas. Era uma sala inteiramente branca, mesas de alumínio com vários testes em tubos de vidro , haviam dentro deles líquidos de diversas cores, principalmente roxo.

- Incrível.

Murmurei passando os dedos pelas mesas.

- É mesmo...me sinto orgulhoso de ser responsável por cada um que trabalha nesse propósito maravilhoso.

Ao ver os olhos verdes de Bryan, percebi que ele gostava mesmo desse trabalho.

Ele me levou para os diversos setores, incluindo a cirurgia. Ficamos no andar de cima de onde ocorria a cirurgia, havia uma parede de vidro nos separando.

Fiz uma careta.

- Isso é incrível e...apavorante.

Dylan ao meu lado apenas olhava com curiosidade. Era uma cirurgia de peito aberto.

- Transplante de coração?

Perguntou Dylan.

- Sim, essa garota tinha um problema desde que era um bebê. Levamos anos até que um dos nós prisioneiros morreu e era compatível com ela. A partir de hoje ela vai viver para sempre sem medo. Claro que tem chance de rejeição, mas se cuidarmos...dará tudo certo.

Nos retiramos dali e Bryan nos levou para fora.

- Espero que faça a escolha certa.

Dylan o olhou de cima para baixo.

- Algo a dizer, Dylan?

Dylan parecia com algo na ponta da língua pra falar. Sem dúvida sobre, Nazeera.

- Nada não. Precisamos ir , vamos até Heitor.

Fomos até o elevador. Quando as portas estavam prestes a se fechar, vi que Bryan mandou uma piscadela na minha direção.

- Que canalha!

Revirei os olhos.

- Como se eu desse chances? Nem morta!

Ele bufou.

- E que história é essa de Heitor? Não íamos ver ele amanhã?

Ele sorriu.

- Vamos na verdade até meu pai. Mais especificamente no setor azul.
- Porquê ?

As portas se abriram.

- Vamos dar um jeito naquele quarto. Meu galo tá enorme!

Dei de ombros.
Não me importava, mas acho que tinha algo mais nessa história.

...

- Como é? Eu esperava coisa diferente.

Nathan olhava de Dylan para mim.

- Ela não precisa de babá. Você que precisa.
- Exatamente, pai! Ela me mete longe de problemas.
- Aham...negativo. Aurora você vai ter seu próprio quarto de agora em diante.

Sorri comigo mesma.
Ia ter um quarto! Um quarto só pra mim e privacidade! Um banheiro que só eu iria usar, sem vestígios de mijo na tampa e toalhas molhadas sobre a cama!

Não que seja ruim ficar com Dylan mas...seria bom ter um pouco de privacidade de verdade. Eu nunca tive privacidade em meu próprio quarto na terra, não havia tranca, o quarto era sempre aberto...não era nada seguro. Já aqui eu poderia bloquear qualquer um.

- Não dê esse sorrisinho, mocinha. Odeio ficar sozinho.

Me virei para ele.

- Se tá solitário arranja outra pessoa. Adorei a ideia de um quarto apenas para mim.

Ele revirou os olhos.

- Maldade.

Nathan bateu na cabeça de Dylan com uma cartolina.

- Imaginei devido ao seu histórico que dormir sozinha seria uma opção mais viável, e não se preocupe com a segurança. É reforçada e terá apenas a sua biometria, qualquer um que tentar invadir...- Disse olhando para Dylan. - Será soado um sinal.
- Porquê meu quarto não tem isso?

Nathan bufou.

- Porquê você é um filho rebelde.

Nathan me pediu para segui-lo. O fiz.
Enquanto andava para fora da sala, Nathan seguiu para o elevador.

- O quarto será no sexto andar e...
- Ah não...

Nathan ignorou, Dylan.

- É bom e seguro.

Entramos no elevador.
Sabia que Dylan só estava chateado porquê, Nathan me colocou no mesmo andar que Dexter.

Chegamos ao sexto andar, não havia vista para o espaço, mas era bom. O quarto então...nem se fale.

Era maior que o de Dylan, uma cama de casal e um armário com roupas, tinha até banheiro com tranca do lado de dentro.

- Não acha espaçoso demais?

Bati no ombro de Dylan que se encolheu.

- Ora, pare! São só...dois andares de distancia. Não vai me dizer que vai sentir saudade?
- E se eu disser que sim?

Virei o rosto com um sorriso no rosto.
Ele era um idiota incorrigível.

- Bem...você pode decorar como quiser. Pintar...sei lá.

Disse Nathan com as mãos nos bolsos.
Eles eram parecidos, muito...
Até o jeito que eles estavam com as mãos nos bolsos e uma expressão desconfortável.

- Obrigada. Vou aproveitar.
- Ótimo. Vou indo e você Dylan...treinamento após o almoço.

Nathan se retirou fechando a porta.

- Uma cama de casal só pra mim!

Fui até a cama e engatinhei até o meio me deitando de cara no travesseiro.

- Ótimo! Fui trocado por uma cama de casal.

Senti a cama afundar e vi Dylan na beira da cama. Bati na cama ao meu lado.

- Já temos intimidade para dividir uma cama com espaço para três.

Dylan sorriu.

- Olha a melhor parte!

Me sentei cruzando as pernas enquanto Dylan corria até a mesa ao lado da porta, ele pegou um controle e apertou um botão. Ouvi um ruído e me virei. Acima da cama havia uma tevê.

- Uau! E você não queria que eu ficasse aqui né?
- Não gosto de dormir sozinho.

Ele pulou na cama, peguei os dois travesseiros e coloquei abaixo de nossas cabeças.

Nos deitamos e Dylan colocou um filme.

- Ah não...
- Ah sim...

Era um filme de terror de uma boneca.

- Mas nem pensar! Vou ter pesadelos e você também! Não vamos ter apoio, estamos a um andar um do doutro.

Tentei roubar o controle, mas ele puxou de volta.

- Até parece! Até uma criança assiste isso.

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