Eco da esperança

Capítulo 26

Grayson

Levou dois dias, mas consegui subornar os meus alunos com três dias sem treino pesado e eles guardariam meu segredo.

- Você está na cidade a procura de sucata velha para uma nova invenção.

Disse Kenna com seu humor ácido de sempre.

- É por aí.
- Não vai contar pra gente? Você é nosso líder!

Perguntou Jin.

- Exatamente, sou seu líder e não quero ser questionado.

Eles bufaram em uníssono, mas assentiram.

- Mas e ela?

Perguntou Sam, apontando para Aurora que estava arrumando sua mochila do outro lado da sala. Ela assim como eu, vestia roupas leves e simples com um tecido em volta da cabeça por causa da areia que iremos atravessar durante o dia.

- Ela vai comigo, confio nela.

Kenna cruzou os braços e me olhou de cima abaixo.

- Vocês já se conheciam, não é? Quebraram o código de isolamento entre os dois grupos. O conselho vai te matar por isso!
- Eu criei a nave e eles não vai me matar! Seja menos dramática.

Kenna revirou os olhos e olhou de volta para Aurora.

- Cuidado, vocês dois e cuidem um do outro. Eu gostei dela.

Jin bufou uma risada.

- Você gosta de todo mundo.
- Eu não gosto de você.

Jin fechou a cara.

- Três dias, então?

Perguntou Sansom.

- Três dias.

Não houve abraços, mas houve uma promessa. Segui até Aurora que já havia se despedido deles e ao contrário de mim, até abraçar ela os abraçou.

Ao longo dos dois dias ela ganhou a confiança do grupo e passou os dois dias jogando com eles, ela só ganhou uma vez nas cartas, e foi porquê eles tiveram pena dela e a deixaram ganhar.

Seguimos para fora e Aurora deu um suspiro pesado.

- Juro que não aguento mais tanto calor! Acho que me acostumei rápido demais com o espaço.
- É muito diferente lá em cima?

Aurora sorriu.

- Sim, e dá pra ver o espaço numa ponte que leva até o meu quarto. Fico com medo, mas é o único acesso, então...mas no geral é ótimo não ter que ficar com medo com o que posso lidar ao longo do dia quando saio do meu quarto.

Não falei nada.
Ela não sabe, mas também fiz minha pesquisa e sabia de tudo sobre ela. Incluindo a ficha médica...

Procurei desviar minha mente sobre tudo o que ela passou. Quando subimos a rampa para o pequeno complexo, indiquei o carro que iríamos usar, o meu jipe favorito.

- É seguro? Muitos matariam para ter um. Nos matariam.
- Só vamos dirigir até um ponto do deserto e andarmos uns quatro quilômetros até cidade, vamos atravessar a cidade e ir até um prédio que tenho acesso. De lá vamos para o porto e ir até a plataforma.

Aurora assentiu.

- Vamos lá, então.

Seguimos até o jipe e joguei nossas coisas no banco de trás. Ao sentar abri um compartimento e dei um dos dois óculos para ela.

- Ao longo dos anos os grãos de areia são tão cortantes quanto vidro.

Aurora colocou sobre o rosto e cobriu os cabelos com o lenço, fiz o mesmo e coloquei os óculos. Dirigi até a entrada e ouvi meu superior gritar sobre seguir as ordens, apenas ergui o polegar e os gritos cessaram.