Apesar da insistência de Gawain para que ela ficasse, Urd insistiu em ir embora, então o príncipe arranjou-lhe uma carruagem e decidiu acompanhá-la até em casa. O interior da carruagem era quente e atapetado, com enfeites dourados nos cantos e janelas grandes com cortinas para cobri-las. Urd via a paisagem passar lá fora agora que fazia o trajeto durante o dia, observando os pinheiros e as flores silvestres pintarem a vista.
— Já tem alguma pista de quem mandou matar sua irmã? — Murmurou, virando-se para ver Gawain, que pareceu sair de um transe.
— Não — ele encarava-a do outro lado da carruagem como a um estranho, mas não parecia nervoso, só distante.
— Já tem algum palpite?
— Também não, não tive muito tempo para pensar sobre isso, meu pai está enlouquecido com as consequências desta história.
— Por conta do Duque?
— Sim, o Rei de Mastfall deseja vantagem de guerra contra Frésia como compensação pela morte do primo.
— E por que estão entrando em guerra?
Gawain deu de ombros, olhando-a intensamente, como se a estivesse vendo pela primeira vez naquele dia.
— E por que as pessoas entram em guerra? Dinheiro, posses, terras que desejam sob seu controle. Agem como se tivessem o mundo inteiro em mãos, só irão matar mais pessoas, mas não se importam com as perdas, as perdas raramente têm nome e rosto.
— Então devia tentar evitar isso, sei que Frésia seria aniquilado.
— Eles passaram por uma praga nos últimos anos, sem plantações, tudo que conseguiram foi começar a se reerguer há poucos meses. Não sei exatamente o que meu pai encontrou naquele lugar devastado, mas ele não está medindo esforços, e a noite do baile foi uma mostra de que não apenas ele.
— Mas não é você o consultor das táticas de guerra? Podia tentar fazer alguma coisa.
— E acha que não tentei? É bem menos fácil persuadir meu pai a alguma coisa.
— Mas ele parece lhe considerar muito, pois se senta à mesa com ele e tem um cargo tão importante.
Gawain suspirou, não parecia muito satisfeito com o "elogio".
— O que tenho com meu pai é quase uma dívida, não pense haver recompensa nisso.
— Você reclama demais com estômago cheio, tem uma boa vida e um ótimo emprego, não devia só agradecer por isso?
— Certo — o príncipe fez uma careta, parecia inclinado a simplesmente descer da carruagem e deixá-la sozinha, mas continuou onde estava e em silêncio pelos próximos minutos.
O schloss surgiu no alto do cume, Dalibor brincava do lado de fora sozinho, fuçando a terra sem ninguém por perto. Ele se levantou assim que viu a carruagem se aproximar, parecia ter crescido naqueles dias em que esteve fora. O menino correu para dentro, certamente para avisar a mãe que haviam pessoas chegando, provavelmente sentia falta de Urd e achava que poderiam ser notícias sobre ela.
A carruagem parou e o príncipe saltou quase no mesmo momento, parando ao lado da porta para oferecer a mão à Urd, mas ela estancou no lugar.
— O que foi? — Gawain arqueou as sobrancelhas, olhando-a por inteiro como se assim pudesse descobrir o que a afligia.
— Eu aceito, aceito ser sua noiva — as palavras gotejaram da língua, abrindo vincos em seu coração como ácido, pareciam feitas de vidro e os cacos espalhavam-se ao redor apontados para cima.
— Agora? — Gawain arregalou os olhos.
— Sim, agora — Urd segurou a mão dele, saltando para fora da carruagem. — Espero que tenha pensado em bons termos para o nosso acordo.
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De Trevas e Sangue [CONCLUÍDO]
Viễn tưởng[POLÍTICA] [DRAMA] [BAIXA FANTASIA] [LGBTQIA+] [+18] Quando a perna de seu pai explodiu há seis anos, Urd Lewis foi obrigada a tomar as rédeas da família para que pudessem continuar vivendo. Em um mundo imperado pelo machismo e a opressão, a gar...