Passar ou não? Eis a questão

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Eu podia sentir a cabeça pesar, seja por stress ou ansiedade, ela doía, olhei para o relógio em busca de algo que me convencesse a levantar da cama, este marcava 5:15 da manhã, suspirei me virando para o outro lado, estendi a mão para pegar o celular, nenhuma notificação, na verdade, era errado eu ficar ali, se eu quisesse realmente ser alguém na vida, e o que eu estava pensando na verdade? Eu estava prestes a fazer algo que eu realmente sonhava desde que havia saído do Brasil e ido pra Coréia estudar, levantei-me em um pulo, murmurando quando senti a cabeça pesar, ignorei-a pela primeira vez naquela manhã, eu tinha coisa melhor pra fazer.

Caminhei até o banheiro festejando mentalmente quando constatei que não tinha duas bolsas roxas em baixo dos olhos, "pelo menos isso", depois de checar se eu anda era humana, voltei ao quarto para olhar o celular, finalmente alguma coisa, é... Nada realmente importante, alguém tinha publicado alguma cosia em algum grupo do Face o qual eu não ligava, desbloqueei a tela, abri a aba do Whats e chamei as figuras que iriam enfrentar aquele dia emocionante comigo.

Vesti-me com a roupa mais estilosa que pude encontrar naquele guarda-roupa, eu precisava mesmo ir as compras, ouvi o celular apitar, finalmente alguém havia acordado, está certo que estava cedo pra caramba e que ninguém merecia isso, mas eu sabia que a ansiedade também iria acordá-las. Quarenta minutos depois o Sol já ameaçava sair de trás das colinas, estreitei os olhos em busca de uma visão agradável que não incomodasse meus olhos, o óculos estavam pesando, mas eu iria com ele mesmo, melhor aparecer o mais natural possível.

- Me pergunto por que não trocam o elevador logo... - Suspirei, vendo a costumeira placa de "Em manutenção", virei as costas pra ele, abrindo a porta da escada, olhei o relógio do celular, eu não precisava sair pulando de três em três degraus como normalmente fazia, hoje eu tinha tempo para chegar ao meu supremo destino. Já lá embaixo, olhei ao redor, apenas comerciantes e algumas mães com crianças estavam de pé, verdade, hoje era quinta, quem marca um evento desse na quinta seis e meia da manhã?! Esse lugar pode ser bem maluco as vezes.

Sai do metrô ainda meio zonza, eu não gostava de andar nesses transportes, eles deixavam meu corpo balançando depois que eu saia deles, mas como o dinheiro não reinava na minha vida, eu só podia aceitar; andei algumas quadras, e lá estava o tão esperado lugar, talvez vocês estejam curiosas pra saber né? Pois bem, esperem um pouco mais, eu passei entre meninas sorridentes, chorosas e mãos e mães de meninas sorridentes e chorosas, tinha de tudo ali, eu preferia não fazer nenhum dos dois até o momento, só queria saber de dar tudo certo, caminhei até a recepção dando meu nome, a mulher me olhou estranho e um pouco desconfiada o anotou, qual o problema comigo? Acho que é a aparência, deve ser deslumbrante demais pra eles, ri comigo mesma, o que raios eu estava falando? Depois de ir até o bebedouro e pegar um copo de água pra aquecer, sentei-me na cadeira mais próxima das tão disputadas salas, olhei ao redor lembrando das criaturas que deveriam estar ali, abri o Whats novamente, elas já estavam ali, suspirei de alivio, como tínhamos objetivos diferentes porém iguais e aquele lugar era enorme, nós não precisávamos necessariamente nos encontrar.

- IzZy, o diretor está te esperando para a realização do estágio final de sua adição - A voz no alto-falante soou, senti 500, ou melhor, 1000 olhares sobre mim naquele mim, metade era de inveja a outra metade de admiração talvez, eu só esperava que elas não passassem vibrações ruins pra mim. Adentrei a sala no fim do corredor, a última coisa que ouvi foi o nome de minhas amigas tão conhecidas serem pronunciados antes que aporta se trancasse atrás de mim.

- Então você é a "IzZy"? - Olhou para a foto na inscrição e para mim - Bem vinda, antes de começar, eu somente queria ressaltar, a menina que veio antes de você era muito boa, e espero que você consiga superá-la Senhorita, afinal, você está querendo se tornar nossa nova rapper, espero que esteja ciente disso.

Olhei-o, assentindo, eu sabia disso, sabia muito bem, tudo dependia de mim naquela hora, e eu esperava que tudo ocorresse bem e que as horas que eu perdi dormindo e comendo me ajudassem naquela hora.

- Muito bem, entrarei com contato com você depois, IzZy, não posso dizer nada agora. - Ele olhou-me sério, apesar disso eu podia ver um pequeno sorriso querendo se abrir ali. - Fique atenta a seu telefone, se não atender da primeira vez, não ligaremos novamente.

Fechei a porta atrás de mim, sentindo os olhares voltarem para mim, agora sim eu poderia ir em busca das meninas, não vou difícil acha-las tendo em vista o escândalo que uma delas fazia.

- Eu realmente não sei o que pensar! Esses caras dão medo, parecem um bando de robôs! - A mais nova entre nós ali tentava se segurar pra não gritar de frustração.

- Mas o que ele disse depois que você saiu? E você acha que foi bem? Se acha então dane-se esses robôs, o cara da minha sala não era dos piores, apesar de tentar, deixou transparecer algumas coisas.

- IzZy!!!! -Ela pulou em cima de mim, ignorando as 1000 pessoas ali. - Nossa, se você não tivesse mandado mensagem eu não teria acordado.

- Isso é verdade, ela chegou aqui quando a robô da recepção acabou de pronunciar o nome dela. - Olhei para Mary, que tentava tirar Gaby de cima de mim. Virei-me para Paula, fazendo nosso toque costumeiro.

- E você Dona Paula? Já tem seu lugar garantido né? - Sorri, agora mais animada.

- Você sabe que sim, eles não podem resistir a mim. - Passou a mão nos cabelos, aquelas menina era uma comédia.

- Faço das suas palavras as minhas, mas então, eles disseram que iam ligar pra vocês depois? O outro lá me ameaçou e disse que se eu não atendesse na primeira vez que ligarem já era minha chance, vê se pode uma cosia dessas, agora eu vou até tomar banho com o celular, colocar ele numa sacola de mercado pra ele não molhar. - Elas me olham me achando problemática, depois começando a rir. - Sério, vai que eles me ligam e eu não atendo? Faço questão de me matar e deixar um bilhete falando que foi culpa deles.

- IzZy, fica quieta vai. - Paula limpava os olhos de lágrimas pelo riso excessivo. - Vamos sair daqui meninas, acho que já perceberam que as finalistas somos nós.

Nós quatro saímos da empresa, olhei pra trás, realmente, era tão pequena e tão ameaçadora, eu realmente podia sentir um grande golpe na cara lendo aquilo, eu me matei internamente com a minha própria piada desnecessária.

- Vamos comer alguma coisa? Ainda está cedo, e eu acho que eles não vão ligar hoje, a menos que eles realmente sejam robôs. - Gaby tirava o celular do bolso checando o horário. - Eu realmente queria ir me empanturrar com umas batatas do Mc, mas acho que não vai fazer bem...

- Desde quando você se importa com isso? Vamos logo pra lá comemorar nosso pré-sucesso, vai que daqui uns meses a gente nem poder andar na rua livremente vai mais, é melhor aproveitar. - Mary puxou a menina em direção ao outro lado da rua, erguendo a mão, eita mania estranha.

- Eu vou é aproveitar que dispensaram a gente esses quatro dias da escola e vou brizar pacas. - Sorri esbanjando felicidade, Paula ao meu lado já colocava o fone, provavelmente ia ouvir alguma música dos ídolos que nos serviram de inspiração, depois de um tempo ali eu já havia desistido de procura-los, um dia quem sabe eu teria o prazer de conhece-los.

Entramos no Mc, surpreendendo o atendente, que quase dormi no caixa por desacreditar que alguém queria comer veneno logo de manhã, depois de um tempo na Coréia, falar coreano não era mais um problema, mas claro, enquanto eu podia falar Português, eu ia falar Português e não estava nem aí, peguei minha bandeja, escolhendo uma mesa, as meninas vieram logo atrás de mim, tagarelando sobre alguma coisa haver com as novas fotos do Twitter de sei-lá-quem.

- Então, mas aí eu fui procurar a música lá e o tele... - É, telefona começou a vibrar no bolso, segurei-o na mão, começando a tremer quando apareceu na tela "Número Privado"

- Atende logo essa joça, IzZy! - A Paula gritava do meu lado, levantei da mesa, desbloqueando o mesmo e colocando no ouvido, apenas tendo tempo de ver mais quatro meninas, que aparentemente não estava juntas entrarem no lugar, elas falavam alguma coisa sobre passar em algum teste.

- Alô?

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