Sangue de Anjo

Capítulo 16

DEAN:

Depois que a Judy falou com o Sam sobre a tal casa de massagem, nós passamos no motel pra trocar de roupa e já partimos pra lá. O lugar era show de bola e eu até queria pagar por uma horinha, mas o Sam não deixou. Pirralho! Pensei.

- Pelo menos ele é metódico. Mesmo quarto, toda terça, paga por hora. - Sam falou enquanto andávamos por aquele corredor vermelho, procurando o tal quarto.

- Tomara que eu tenha essa energia na idade dele.

- Eh, como se a gente fosse viver tanto. - ele disse e eu pensei por um minuto.

- Verdade. - concordei e logo achamos o quarto.

- Então, o quê acha que tem aí?

- Hmm... um cadáver enrugado? - disse e foi quando ouvimos barulhos vindos do quarto. Sem pensar, arrombamos a porta e entramos com tudo. Mas ao invés de mais um corpo, vimos um cara jovem na cama com duas gatas asiáticas.

- Enrugado? - Sam perguntou incrédulo.

- Foi mal, quarto errado. - falei ainda analisando a cena.

- Dá pra fechar a porta? - o cara disse irritado e envergonhado. Estávamos saindo quando de repente, Sam parou e o olhou.

- Ei, tatuagem legal. - ele falou e entrou novamente no quarto, indo até uma cômoda perto da cama. - Conhece alguém chamado Cliff Whitlock?

- Nunca ouvi falar. - o cara disse mudando o tom da voz e eu percebi que ele tava mentindo.

- Que estranho... porque esta é a carteira dele. - Sam falou mostrando a mesma. Até que me lembrei do que a Judy falou, sobre a mulher dele ter comentado que ele tem um sinal no quadril. Fui até ele e levantei o lençol confirmando minhas suspeitas.

- A sua mulher falou sobre essa marquinha que você tem, legal. - disse o encarando. - Você tá muito bem, Cliff. Você fez plástica? - perguntei com sarcasmo.

- Vocês podem nos dar licença? - ele falou pras duas mulheres e em seguida se vestiu com um roupão e as pagou em dinheiro. - Não digam nada à minha mulher! - olhou pra nós com medo.

- Fica calmo. - Sam falou.

- Eu imploro! Se ela souber eu já era, pelo amor de Deus! Vamos deixar assim! - implorou.

- E como você pode ser Cliff Whitlock? - indaguei, o olhando de cima a baixo.

- Eu não posso falar.

- Ou você fala pra nós ou pra sua mulher. - o ameacei.

- Tudo bem, tudo bem! Era um jogo.

- Jogo? Tipo X-box? - Sam perguntou e o cara olhou confuso.

- O que é X-box? Não, poker. Aposta alta invés de grana, a gente aposta anos de vida.

- Dá pra explicar melhor? - pedi confuso.

- Eu sei que parece loucura! O cara chega pra mim no bar e me chama pra jogar, aí ele me dá 25 fichas de poker tá? Ele murmura umas coisas estranhas, diz que elas são 25 anos. Eu dou risada mas, quando me levanto, olhem só pra mim! - explicou sorrindo.

- Ele murmurou o quê? - Sam perguntou.

- Como é que eu vou saber? Eu só sei que o meu quadril melhorou, eu joguei os óculos fora, e uma das moças estava aqui de graça! O cara só pode ser um milagreiro!

- E como é que era esse milagreiro? - questionei.

- Era normal, parecia ter 35 anos, cabelo castanho e sotaque irlandês. O nome era Patrick.

- Tá bom, e onde era o jogo? - Sam indagou.

- Ele disse que fica mudando, nunca demora no mesmo bar. E ele encontra você.

- Valeu Cliff. - disse saindo junto com o Sam, até que parei e olhei ao redor. - Ah, e... quartinho maneiro hein?

- Dean! - Sam me chamou e eu o acompanhei. Assim que saímos de lá, eu liguei pro Bobby pra saber se ele tinha mais informações.

(Ligação On - Dean e Bobby)
- Parece loucura né?
- Não tem registro disso há séculos. Jogador itinerante chega na cidade. Ganhou dele, tem seus melhores anos de volta. A maioria dos caras perde.
- Isso explicaria o corpo enrugado.
- Parece que o jogador é o rei das cartas, tem muitos anos no banco. Já acharam o bar onde ele trabalha?
- Tem muitos bares na cidade, temos que nos separar.
- Ah, ainda está falando comigo?
(Ligação Off)

- Vou te contar, essa TPM do Bobby tá ruim de passar hein? - disse depois que ele desligou na minha cara.

- Deixa ele Dean. Então, como vai ser? Vamos nos separar em duplas?

- Tá doidinho pra dar uns amassos na Judy né brother? - falei rindo e ele me olhou sério. - Tá bom, já parei! - levantei as mãos em sinal de rendição. - Não! Vamos sozinhos pra poder cobrir uma área maior. Ele pode estar em qualquer boteco de esquina.

- Tudo bem, mas vamos todos manter contato.

- Blz, vou ligar pras elas avisando.

MAD:

Assim que o Dean nos avisou sobre o plano, Judy já queria começar logo com a caça às bruxas, o que de certa forma é irônico, já que ela também é uma. Mas eu insisti pra que parássemos no motel primeiro, porque eu queria trocar de roupa. Adoro roupas sociais, acho super chique e de certa forma dão um ar de respeito. Mas ficar andando de bar em bar vestida assim, chamaria muita atenção. Só a Judy que resolveu continuar com seu cosplay dos homens de preto. Apenas tirou a gravata e dobrou as mangas até os cotovelos. Já eu, por outro lado, usava calça jeans preta com uma corrente na lateral, uma blusa cinza manga comprida da Metallica, e os meus tão amados tênis All Star. Parecia mais uma adolescente rebelde que ouve rock no talo. O que não deixa de ser verdade! Pensei.

Depois que saímos do motel, eu estacionei na rua principal e cada uma foi pra um lado. Eu tava realmente querendo encontrar esse bruxo, mas não pelo mesmo motivo do pessoal. Quero dizer, é claro que eu queria resolver esse caso e salvar outras pessoas mas, eu tinha algo em mente que poderia salvar o mundo inteiro de uma só vez. E tudo o que eu precisava era de algumas fichas e cartas. Perambulei por bares e mais bares a procura do tal bruxo ou de qualquer informação sobre ele. Até que, enquanto eu saía de mais um bar, avistei um cara com as mesmas características, entrando em outro bar do outro lado da rua. Resolvi seguí-lo e percebi que ele foi pra um lugar mais escondido aos fundos. Entrei e notei que era tipo um bar, só que mais reservado. Fui caminhando em direção ao balcão, quando acabei esbarrando em alguém.

- Desculpe querida. - o homem disse e quando eu olhei o reconheci.

- Patrick?

- Sou eu, nos conhecemos?

- Ainda não. Mas talvez você possa me ajudar.

- O que eu posso fazer por você?

- Eu preciso de 25 fichas. - disse e ele deu um sorriso ladino.

CONTINUA...

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