Capítulo 22

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SAM:

A cada minuto que passava, eu me preocupava ainda mais com o Dean. Não fazia a menor ideia de como ele estava e com esse bruxo me perturbando, manter a calma estava ficando cada vez mais difícil. Mas eu tinha que manter o meu foco no jogo, já que a situação era de vida ou morte, literalmente.

- Então, quando se trata do seu irmão, você fica tão emotivo que seu cérebro voa pela janela. É bom saber. - falou me observando.

- Vai pro inferno! - xinguei, empurrando todas as minhas fichas pro centro da mesa. - Eu aposto tudo!

- Não faça isso Sam. - falou calmamente.

- Então eu não posso sair até acabar? Blz, mas acabou! E agora, cadê o meu irmão? - disse já sem paciência.

- Olha, existe poker e existe suicídio.

- Decide esse jogo! - exclamei com raiva e minha vontade era bater nesse desgraçado.

- Tudo bem. - falou e colocou suas últimas cartas na mesa. - Desculpe garoto, Fulan de Ases. - Ele me olhou esperando alguma reação, mas eu apenas observei suas cartas e respirei fundo.

- Okay, foi um grande jogo. - ele concordou e começou a recolher as cartas. - Só que... não ganha do meu For de Quatros. - o interrompi colocando minhas últimas cartas na mesa.

- Eh, jogou bem. Sabe aquela coisa, de voar pela janela... um bom método. Você tem mais recursos do que parece.

- Ponha na conta do Dean, por favor. - pedi.

- Com prazer. - falou terminando sua bebida.

Saí daquele bar respirando fundo, agradecendo aos céus e principalmente ao Dean, pelas noites em que ele me levava aos bares e me deixava o observando jogar. Tudo o que eu sei não só sobre poker, mas sobre outras coisas da vida, foi ele quem me ensinou, sem pedir nada em troca. Eu tenho certeza absoluta que se eu tiver qualquer problema, sempre vou poder contar com ele e vice-versa. Então, salvá-lo é o mínimo que eu poderia fazer, depois dele já ter me salvado tantas vezes.

MAD:

Eu já tinha feito muita burrada ao longo desses meus 20 anos, mas definitivamente, jogar poker com um bruxo de 900 anos foi a pior delas. Eu vi uma oportunidade de tentar consertar as coisas, de salvar o mundo e evitar esse maldito apocalipse. Mas eu fui muito impulsiva e egoísta, pensei demais em mim e esqueci das outras pessoas à minha volta. Todos estavam me estendendo a mão, querendo me ajudar e eu apenas agi como uma rebelde sem causa. Tá na hora de crescer Madeline! Pensei. Agora estou aqui, ajoelhada no chão ao lado do Dean, que parece mais morto do que vivo. Tudo por minha causa, e eu não posso fazer nada pra ajudá-lo.

- Sammy... - falou com a voz bem fraca.

- Calma Dean, a Judy já tá chegando! Aguenta só mais um pouco tá bem? - disse nervosa ligando pra ela pela milésima vez, mas sempre caia na maldita caixa postal. Me irritei e joguei a droga do celular longe. Mas assim que olhei pro Dean de novo, ele estava com os olhos fechados e parecia não estar respirando. - Dean? Não faz isso comigo! Acorda Dean! - o sacudi e nada. - Se você morrer eu te mato, ouviu? - o sacudi com mais força, mas ele não reagiu. - Droga seu desgraçado! - abaixei a cabeça chorando muito.

Ele morreu por minha culpa! Minha maldita culpa! Porque eu sou a porra de uma idiota! Pensei. Até que de repente, ouvi o som de alguém puxando o ar e levantei a cabeça. O Dean estava se levantando, e de volta com sua idade normal.

- Dean? - o olhei incrédula.

- O que foi que eu perdi? - perguntou olhando ao redor e depois pra mim. Não me contive e levantei o abraçando fortemente. Ele retribuiu e ficou alisando meu cabelo, enquanto eu murmurava palavras contra seu peito.

- Me desculpa... me desculpa...

- Ei, relaxa. Tá tudo bem Mad.

- Eu sou uma grande idiota!

- Nisso você tem razão. - falou e o olhei. - Mas todo mundo comete erros, e eles servem pra nos deixar mais fortes. Então você tem duas opções: pode ficar se lamentando, ou pode virar a próxima página e seguir em frente.

- Valeu Dean, mas... desde quando você virou filósofo? - perguntei erguendo uma sobrancelha e ele revirou os olhos.

De repente, ouvimos um ronco de motor e uma freada brusca, que eu logo reconheci como sendo do meu Mustang. A porta se abriu com tudo e uma Judy ofegante e desesperada entrou correndo.

- Cheguei! Cadê o Dean? - indagou tentando recuperar o fôlego.

- Esse bonitão aqui serve? - ele disse colocando as mãos na cintura e fazendo uma pose engraçada. Judy apenas negou com a cabeça e se jogou na cama exausta.

(Dia seguinte)

Fechei minha mochila e coloquei no banco de trás do meu carro, junto com as coisas da Judy. Nós estávamos todos do lado de fora do motel, terminando de guardar nossas coisas pra voltar pra casa do Bobby.

- Galera, junta aqui. - chamei e eles vieram. - Eu sei que eu vacilei feio com todos vocês e nem posso imaginar o quanto estão putos comigo. E pra piorar eu também não sou boa com as palavras mas... eu só quero que saibam que eu realmente sinto muito por tudo.

- Nós sabemos Mad, e tá tudo bem. - Judy disse.

- Pois é, não temos raiva de você. - Sam falou.

- Mesmo eu quase tendo matado o seu irmão?

- Lembra do que eu falei ontem? - Dean chamou minha atenção. - Sobre os erros?

- Eles servem pra nos deixar mais fortes. - repeti sua frase.

- Exatamente. Se eu ganhasse um dólar pra cada erro que cometi, eu seria o dono do maior cassino de Las Vegas. - comentou sorrindo.

- Ah por favor, a última coisa que eu quero ouvir é a palavra cassino e tudo o que ele envolve. - Sam falou com cara de enjoado.

- Relaxa Sammy, depois eu compro um baralho novinho só pra você. - Dean falou irônico. Entrei no meu carro acompanhada da Judy, enquanto eles entravam no Impala. Do nada, me veio uma ideia na cabeça.

- Dean! - chamei.

- Fala aí!

- Que tal um racha pra comemorar?

- Só se for valendo uma torta! - ele sorriu.

- Fechado!

- Vocês não estão falando sério. - Judy me olhou indignada.

- Melhor colocar o cinto maninha. - disse ligando o motor e emparelhando ao lado do Impala do Dean. - Música? - perguntei e ele mostrou um cd.

- Highway to Hell do AC/DC. - sincronizamos e pisamos no acelerador.

Judy ficou com bastante medo no começo, mas depois começou a curtir a adrenalina e até cantou junto comigo. Sam fazia a mesma coisa no carro do Dean. Esse foi um dos meus melhores rachas até agora. Não tanto pela competição em si, mas pela companhia e alegria contagiante que um passava pro outro. Eu acabei me distraindo com toda a agitação e perdi a aposta. Mas não fiquei triste, muito pelo contrário, eu estava feliz porque, pela primeira vez depois de muito tempo, eu sentia que estava em família de novo.

CONTINUA...

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