MY MIND- MATIAS ROJAS &YURI ALBERTO⚣

°RG 6°

Ｄｅｓａｂａｆｏｓ ａ ｂｏｒｄｏ- Capítulo 6
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𝚈𝚞𝚛𝚒 𝙰𝚕𝚋𝚎𝚛𝚝𝚘
Eu já estava no ônibus, e estou com medo do que pode acontecer comigo pelo Corinthians. Meu coração está acelerado, não posso perder meu time jogar, nem de não estar entre o bando de loucos. Ao sentar, escolho o lugar ao lado do Guedes, que gentilmente cede a cadeira junto à janela para mim.

- O que aconteceu lá? - Guedes se levanta para eu poder passar e sentar.

- Nada demais - uma mentira, estou muito preocupado com minha vida agora, mas fazer o quê? Só me resta esperar...

- Você está bem? - Guedes me olha, ele sabe que não estou bem, ele sabe mesmo.

- Estou - ajusto o cinto para me acomodar, dou um sorriso falso para o Roger e viro meu rosto em direção à janela.

- Coloca uma música aí, caralho! - Adson grita para o Roger. Normalmente é ele quem coloca música na caixa de som.

- Não trouxe a caixa - Guedes coloca a cabeça para fora do banco - O Murillo tem!

- Vou por! - Murillo grita do último banco do ônibus.

Murillo coloca nossa playlist do ônibus. Sim, temos uma playlist para vitórias e outra para derrotas. Sempre é uma bagunça quando ganhamos, cara! Todos começam a cantar sem parar, inclusive o Roger, que grita e bate palmas, bate no teto, bate os pés. Mas eu não consigo ficar feliz agora. Sim, estou muito feliz pelo Corinthians, pela vitória, mas depois que o Luxa me contou aquelas coisas, me perdi completamente mentalmente. Não tenho motivo para comemorar. Olho pela janela, o céu já está escuro. Finalmente, teremos um descanso. O anoitecer está lindo, claro, tirando a poluição de São Paulo. O céu está lindo. Sem perceber, uma lágrima escorre e pinga no meu braço.

- Ou... Guedes põe a mão no meu queixo e vira meu rosto para ele - Você está chorando?

- Não - limpo meu rosto rapidamente e volto minha atenção para a janela.

- Poxa, cara, não vai me contar o que está acontecendo? - Roger se apoia na separação entre nossos bancos e olha para mim - Eu achava que éramos amigos.

- Não estamos mais em campo - continuo olhando para fora, mas não presto muita atenção, meus olhos se enchem de lágrimas e minha visão fica embaçada, não consigo ver muito à frente.

- Para com isso, vai. Vai ficar com essa ideia de que só somos amigos dentro de campo? - Percebo que ele para de me olhar quando ouve seu nome sendo chamado lá no fundo do ônibus.

- Guedes, vem aqui, urgente! Vem agora! - Bidu o chama. Já entendi que o melhor amigo dele atualmente não sou eu.

- Desculpa, cara, mas é rápido - Guedes solta o cinto e sai rapidamente do banco. Fecho os olhos e deixo minhas lágrimas fluírem em paz.

- Eu sei o que está acontecendo. Ouvi o que o Luxemburgo falou para você - Renato Augusto aparece e se senta no lugar de Guedes.

- Estou tão afetado mentalmente, Renato - me encolho na cadeira e me jogo para trás - Eu odeio isso.

- Sinto muito, cara. Vem cá - Renato levanta o encosto central e me puxa para um abraço. Ele deixa meu rosto encostado em seu peito. Eu choro alto, sinto que todos neste momento sabem que estou chorando, mas que se dane. Renato passa a mão no meu cabelo e pede desculpas o tempo todo.

- Yuri? - Escuto a voz de Roger Guedes. Ergo o rosto e o vejo de pé, apoiado no banco onde deveria estar sentado. Olho para ele e volto a me deitar em Renato, as lágrimas continuam a cair cada vez mais. Não consigo mais ver Roger Guedes sem chorar.