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Havia um copo de whisky na minha mão e várias garrafas vazias espalhadas pelo chão. Algum programa indistinto passava na televisão, mas meus olhos já não conseguiam acompanhar; somente meu corpo ainda reagia ao álcool.

Estava sozinho em casa, acompanhado apenas pela solidão. Era tarde da noite, e embora o sono não viesse, também não havia vontade de levantar do sofá para fazer algo diferente.

Essa se tornara minha rotina noturna: embriagar-me, não saber o que fazer comigo mesmo e me posicionar como vítima de tudo. Raphael, conforme o esperado, manteve-se em silêncio. Ele havia feito promessas que não cumpriu, uma atitude típica dele.

Meu celular não parava de vibrar, inundado de notificações. Para alguém que antes mal recebia mensagens, isso poderia parecer uma melhora, mas não era bem assim.

Ao pegar o celular, vi, para minha surpresa, uma mensagem de alguém com quem não conversava desde que voltei de Porto Alegre.

- Matías! - exclamei surpreso, abrindo a conversa.
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Babaca paraguaio.

"Oi, tudo bem? Soube que você voltou a treinar hoje, como foi? Vi as fotos de uma família com você. Eu não tinha entrado em contato antes porque você estava sumido, tanto da internet quanto do mundo real, então preferi não falar nada. Não sei se você já voltou a aparecer online ou só na vida real... Enfim, caso você ainda não tenha reaparecido na internet, gostaria de conversar pessoalmente. No momento, não posso viajar para o Brasil, então que tal vir ao Paraguai? Tenho ingressos para o jogo contra o Peru. Por favor, venha!"

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Desligo o celular e o arremesso no sofá, suspirando profundamente enquanto encaro a tela da televisão. Um filme qualquer passa, tão sem sentido que nem sei do que se trata, só mais uma daquelas bobagens.

Estou sentado no chão, sozinho. Roger saiu quando pedi, e Caio não voltou mais para casa. Estou completamente só, sem nenhum motivo para me levantar.

Então a campainha toca, ressoando persistentemente. Levanto-me de um salto e caminho até a porta - sim, estou apenas de cueca, mas, afinal, quem se importa?

Abro a porta lentamente.

- Pai?! - exclamo, surpreso ao vê-lo parado com sacolas na mão.

Ele não responde, apenas adentra rapidamente a minha casa. Coloca as sacolas sobre a mesa e se aproxima, cruzando os braços.

- Você está bêbado? - ele questiona, levantando uma sobrancelha num olhar de desapontamento.

- Não - tento mascarar.

- Yuri - ele leva a mão ao rosto - Eu venho aqui toda semana. Acho que o erro foi permitir que você morasse sozinho.

- Eu tenho 22 anos.

- Mantenho minha opinião - ele revira os olhos e encosta-se à parede - Você precisa de alguém para cuidar de você.

- Pai - falo em tom baixo, aproximando-me dele - Eu não preciso de ninguém.

- Tudo bem - ele suspira e levanta os braços, rendendo-se.

- O que você faz aqui, pai? - pergunto, confuso.

- Não posso visitar meu filho?

- Claro que pode, fique à vontade - sorrio - Quer algo para beber?

- Vou indo. Só vim deixar essas coisas para você - ele aponta para as sacolas - são algumas das suas coisas que estavam lá em casa.

MY MIND- MATIAS ROJAS &YURI ALBERTO⚣Onde histórias criam vida. Descubra agora