09 | Mentiroso

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TAEYANG NÃO COSTUMAVA pedir ajuda, nem desabafar, era teimoso demais para se render assim, mas, dessa vez, foi diferente. Intak sabia que se tratava de algo sério com uma curta mensagem e chegou na casa do Choi o mais rápido que pôde. Não precisou bater à porta que estava aberta, foi entrando na moradia conhecida há anos e subiu as escadas correndo, encontrando Taeyang sentado na cama com as pernas cruzadas e o olhar baixo, aparentando não estar nada bem, nem de longe.

Sentou-se próximo ao mais velho e notou que seus olhos lacrimejavam, o que lhe apertou o peito. Podia ouvir sua respiração alta, mas não acelerada, e não apressou o amigo, deixou-o agir no seu tempo, sabia que ele falaria quando estivesse pronto.

Inesperadamente, sentiu os braços dele acolherem seu corpo em um forte abraço, onde começou a chorar baixo e escondeu o rosto para que Intak não o visse chorando. Não era habitual de Taeyang abraçar ou chorar, e isso só piorou a preocupação de Intak quanto ao seu estado emocional.

Não importava o quanto uma situação afetasse Taeyang, ele se recusava a derramar uma única lagrima, no máximo quando estivesse sozinho porque sentia vergonha de realizar tal ação até mesmo na frente de seu melhor amigo. Naquele momento, se tornou uma tarefa impossível engolir o choro.

Intak acariciou suavemente seus fios para acalmá-lo, permitindo-o chorar quanto tempo fosse necessário para que se sentisse melhor. O mais velho apertou o tecido de suas roupas entre os dedos e logo levantou o rosto, respirando fundo e pausadamente antes de esfregar as mãos no rosto com força para secar as lágrimas.

— Eu menti para você, Takie. — ele começou a assumir — Aquele dia no túnel eu recebi sim um nome, mas tentar fugir disso não adiantou. Não queria que fosse... ele, a pessoa destinada a mim.

O loiro segurava sua mão e a acariciava gentilmente, não demonstrando irritação porque já sabia que Taeyang havia mentido naquele dia, e porque era um motivo tosco para ficar bravo. Além de que, seria egoísta de sua parte vendo as condições do amigo naquele momento, sua responsabilidade era acolhê-lo, não julgá-lo.

— É Keeho, não é? — levantou sua suspeita.

Taeyang assentiu e olhou pela janela do quarto, vendo que a cortina da janela de Keeho estava fechada.

— Mas o pior de tudo é que ele também vai quebrar meu coração. Já quebrou, ontem. — inclinou a cabeça para trás para impedir que outras lágrimas rolassem por suas bochechas ferventes.

— O que ele fez, Theo? — Intak já estava preparado para caçar briga com o canadense por magoá-lo.

— Ele estava estranho, não falou comigo desde a noite no show de talentos. Quando tentei entender a situação, ele disse que queria ficar sozinho e eu respeitei seu espaço. Mas, de noite, ele estava com Jongseob, e parecia mais feliz que nunca.

Intak ouvia atentamente a explicação dele, enquanto tentava domar sua raiva para não deixá-la crescer, tornando-o irracional o suficiente para invadir a casa ao lado e dar uma surra no estrangeiro que nela morava.

— Tentei falar com ele de novo, e ele disse que não poderíamos ser amigos porque estou destinado a ele, mas também sou eu quem vou partir seu coração. — ele batia fracamente na própria testa, lembrando de cada detalhe da noite anterior, desde as expressões de Keeho antes e depois de vê-lo, até o clima que fazia sua pele arrepiar.

Intak se sentiu o pior amigo existente por não ter ideia de como ajudar o amigo por meio de palavras, apenas toques físicos delicados. Porém, talvez, os toques dissessem muito mais naquela hora.

— Eu não entendo, Takie. Se ele sabia disso, por que tentou tanto se aproximar de mim? Ele já planejava se afastar? Ele não podia deixar tudo como estava? — se embolava nas palavras, falando com desespero.

o túnel • taehoOnde histórias criam vida. Descubra agora