DESDE AQUELE DIA, Taeyang não recebeu mais nenhuma notícia de Keeho. Nenhuma mensagem, ligação, nada. Mas, ainda assim, o aguardou pacientemente.
Jongseob compreendia a falta que ele sentia, pois também sentia o mesmo e não via a hora de reencontrar o canadense para poderem jogar basquete juntos e tentar convencê-lo a gastar dinheiro com besteiras na loja de conveniências que Jiung trabalhava. Mencionando este, parecia desconfortável sempre que voltavam a falar de Keeho e tudo que aconteceu para chegarem àquela situação. Quando lhe perguntavam algo sobre, apenas balançava a cabeça de leve e pigarreava, dizendo que sentia muito por Keeho.
Haku tentava confortá-los como podia, sempre com toques gentis e palavras previsíveis, mas que ainda serviam como motivação para continuarem esperando o retorno do canadense. Já Intak ainda carregava sentimentos negativos por ele, mesmo tendo descoberto que não foi sua culpa, fizera seu melhor amigo sofrer e aquilo não tinha perdão. Às vezes, acabava se frustrando ao lembrar do estado em que tivera encontrado Taeyang na casa vazia de Keeho, como nunca tivera visto em todos os anos de amizade, e tinha de ter algo para descontar esse sentimento. Infelizmente, podia ocorrer dele acabar descontando no próprio melhor amigo, ou em Jongseob, já que pareciam ter o vocabulário limitado a palavras relacionadas a Keeho.
Depois de esperar aproximadamente três meses, Jongseob começou a perder a esperança de ver o rosto de Keeho novamente e parou de citá-lo tanto entre os assuntos, diferente de Taeyang, que insistia em conferir o celular a cada mísero minuto e dar um jeito de enfiar o nome do namorado em todas as conversas que tinham, por mais insignificante que fosse.
Os amigos já haviam desistido de lhe falar qualquer coisa, até mesmo que fosse para confortá-lo ou apoiá-lo, com exceção de Haku, que era o motivo da insistência de Taeyang naquela ideia de que veria Keeho novamente. O japonês nunca se importava de ouvi-lo falar sobre isso e o fazia atentamente, mas ainda era deprimente ver que seu melhor amigo de longa data não o suportava mais em relação a essa história, e tentava não comentar nada com ele para não ouvir o típico suspiro cansado.
Três meses desde que os sonhos de Taeyang foram cruelmente assassinados e que não era mais a mesma pessoa que antes, mesmo tentando se convencer disso, sabia que a visão que tinha no reflexo do espelho não era a mesma, não se referindo a aparência, mas sim a alma. O espelho lhe mostrava como estava por dentro, e conseguia ver perfeitamente o buraco que só poderia ser preenchido por Keeho. Ninguém poderia curá-lo a não ser o canadense. Era insubstituível.
Mais um dia que o grupo de garotos se reunia, mas ficavam completamente mudos, apenas encarando o nada ou os rostos um do outro sem se atrever a proferir uma única palavra, já que o único assunto que tinham era o que Haku apelidou de “caso Keeho”. Ou falavam disso, ou não falavam sobre nada.
Taeyang reuniu coragem para abrir a boca e comentar que não fazia ideia de que o pai de Keeho era daquele jeito, já que ele falava muito mais da mãe e afirmava que ela era ótima em todos os aspectos, que se ele tivesse contado tudo isso muito antes, poderiam ter resolvido antes, apesar de não ser do tipo que se esforça para dialogar e consertar as coisas, mas sim do tipo “vai ser assim? O problema é particularmente seu”.
Jiung se levantou do sofá e foi em direção à cozinha. Com o silêncio que se instalou novamente na sala, daria para ouvir caso ele emitisse algum som no cômodo ao lado, mas não foi o que aconteceu. Intak se levantou logo depois e foi atrás do namorado, fazendo Taeyang sentir uma ponta de culpa por ter desviado do autocontrole e falado sobre este assunto mais uma vez.
Jiung estava com as mãos apoiadas sobre o balcão no meio da cozinha e a cabeça baixa, tendo a cintura envolvida por trás pelos braços de Intak.
— O que foi? — o mais novo perguntou murmurando.
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o túnel • taeho
FanfictionDizem que na cidade há um túnel e que, ao passar por ele, você vê o nome do amor da sua vida escrito em vários corações. Taeyang só não esperava ler o nome de seu vizinho idiota neles.