ASSIM COMO JONGSEOB, Taeyang continuou tentando ligar para o canadense e fracassou sem exceção. Até mesmo Intak deixou alguns recados nada amigáveis na caixa postal dele.
— Você está fodido, Keeho. Se você aparecer aqui de novo, você vai ver! — ele ameaçava incontáveis vezes para defender o amigo que ainda sofria.
Sabia todos os perigos que corria ao se envolver com Keeho, mas decidiu tomar a estúpida decisão de desafiar o destino. Sabia que o estrangeiro partiria seu coração, mas não sabia que seria de forma tão cruel assim. Todos os estilhaços de seu coração, o órgão que lutava para lembrar que ainda podia existir, ali mesmo entre suas costelas, bombeando sangue, estavam espalhados e não achava que conseguiria encontrar todos. Keeho pegou o coração sem dificuldade alguma, assim como todas as outras partes de seu corpo, cada pedacinho e, no fim, não restou nada. Ele acabou com todas as partes que roubou do coreano, jogou-as fora e fugiu. Fugiu feito um covarde mentiroso.
Taeyang lembrou-se do ditado “almas gêmeas estão destinadas a se encontrarem, mas não a ficarem juntas” e isso foi o que terminou de o destruir. Encolheu-se no sofá e voltou a chorar, querendo se estapear por ter sido tão estúpido para ignorar o sinal do destino que foi literalmente lhe dado, estava lá o tempo todo na frente seus olhos.
Intak não queria dizer aquelas palavras bonitas para confortar o coração desiludido do amigo, pois sabia que enchê-lo de falsas esperanças não resolveriam coisa alguma. Falar que o canadense podia voltar, ou coisas do gênero, não fariam Taeyang melhorar, muito pelo contrário.
— Ele quis me deixar, foi uma escolha dele. — Taeyang concluiu e arrastou a manga da blusa com força sobre o rosto para secar as lágrimas ardentes.
Intak o olhou com as sobrancelhas levantadas, dando a entender que não havia pegado a proposta de sua fala.
— Sabe, pessoas que não querem ir, despedem-se. — ele começou a explicar — E pessoas que querem ir, vão em silêncio.
Aquela frase mudou tudo. Aumentou a tristeza de Taeyang e a raiva de Intak, aumentou a gravidade da situação, arruinou simplesmente tudo.
Checava o celular a cada minuto para ver se Jongseob havia atualizações sobre o canadense, alguma mensagem avisando que conseguira contatar ele e descobrir algo, mas estava apenas perdendo tempo. Só não foi pior do que o tempo perdido no relacionamento que tivera com Keeho.
E ainda se permitia deixar todos aqueles sentimentos ruins saírem através de lágrimas que desciam lhe rasgando o tecido da pele. Chorar não traria o canadense de volta magicamente e Taeyang tinha plena consciência disso. Não chorava para trazê-lo de volta, chorava porque doía. Doía muito mais que o próprio inferno, e Taeyang o atravessaria descalço se isso fosse lhe tirar aquela dor mental, ou fizesse Keeho sofrer em dobro.
Era assim. Quando alguém o fazia mal, por mais mínimo e bobo que parecesse, não queria a pessoa de volta para tentar uma segunda vez, queria a pessoa de volta para se vingar. Sentia-se um adolescente rebelde do ensino médio, tipo aqueles que justificam seus erros e ações repugnantes com o signo do zodíaco. Até tentava seguir em frente com sua vida e lembrar que o carma voltaria para a pessoa que o fez sofrer, mas não tinha paciência suficiente para esperar, queria que o carma fosse instantâneo.
E, muitas vezes, o responsável por te destruir não possui carma nenhum. Apenas vive normalmente a vida e sequer lembra da sua existência, enquanto você remói o sentimento todo santo dia, a cada mísero segundo. Pode até ser que o carma dessa pessoa seja estar rodeado de amigos falsos ou, simplesmente, ser quem ela é. Um ser humano desprezível, não merecedor digno do que tem, apenas de infelicidade e falsidade daqueles que o rodeiam.
Mas não bastava. Taeyang queria um carma terrível para Keeho, apesar de estar dividido entre os sentimentos. Querendo ou não, amava o canadense e pensava muito sobre os momentos que passaram juntos, onde ele lhe presentava e elogiava com os olhos brilhantes e o sorriso mais apaixonante que já tivera o prazer de conhecer. Quando Keeho o ensinava frases em seu idioma nativo e dizia que sua mãe adoraria conhecê-lo, alegando que se dariam bem – talvez Taeyang fosse gostar muito mais de sua sogra do que de seu namorado.
Quando Keeho tirava fotos de Taeyang enquanto o mesmo estava distraído e depois pedia para todas serem apagadas, mas a raiva evaporava ao perceber que havia ficado bonito em cada uma. Quando Keeho o provocava com piadinhas, principalmente relacionadas ao seu passado como estudante do ensino médio, onde haviam várias garotas caidinhas por ele. Taeyang nunca ficava bravo de verdade, pois confiava em Keeho e sabia que aquilo era passado, e que agora era ele quem tinha seu coração, e teria pelo resto dos dias por estarem destinados.
Por outro lado, tentava não se torturar pensando em tudo isso e outras coisas e lembrar do quão pau no cu Keeho havia sido em deixá-lo sem explicações. Nada. Nada além do silêncio. Nenhuma ligação, nenhuma mensagem, nenhum bilhete. Literalmente nada. Se pensasse demais nesse infortúnio, seus sentimentos pelo estrangeiro com certeza iriam embora tão rápido quanto surgiram. Porque era assim também, Taeyang podia amar muito algo ou alguém, como também podia odiar muito, sem meios-termos.
E a capacidade que ele possuía de apagar uma pessoa de sua vida e fingir que ela nunca nem existiu era impressionante. Mas, não importava o quanto tentasse fingir que Keeho não existia, o canadense estaria sempre ali, afinal, era praticamente uma parte de si, por estarem destinados. Talvez o canadense tenha pegado um dos estilhaços que causou no coração de Taeyang e levou consigo para seja lá onde tivesse ido. Assim, seu coração jamais poderia ser consertado novamente, ficaria um buraco impreenchível, um dano irreparável. Seria uma pessoa incompleta por culpa de sua alma gêmea, da pessoa que jurava ser o amor de sua vida.
— Destino, você é um merda! Um filho da puta! — ele xingava o invisível e continuava sorrindo para fingir que já estava tudo ficando bem.
Intak considerou a ideia de interná-lo num hospital psiquiátrico, pois julgou que o amigo podia estar perdendo totalmente o resquício de sanidade.
[...]
N/A: capítulo mega curto porque os próximos vão ser fodas.
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o túnel • taeho
FanfictionDizem que na cidade há um túnel e que, ao passar por ele, você vê o nome do amor da sua vida escrito em vários corações. Taeyang só não esperava ler o nome de seu vizinho idiota neles.