CAPÍTULO 28: Arrumando as malas

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Pedi rescisão do meu contrato do hospital para me dedicar exclusivamente ao meu projeto da tese do mestrado e aos preparativos do meu casamento com Natalie. Não voltei a procurar Lauren no hospital como prometi, Natalie se encarregou de sua alta e assim ela poderia voltar para o Rio. Tratei de comunicar a tia Penélope e Sophia sobre nossa decisão, minha irmã estava radiante com o resultado do concurso da procuradoria, rompera o namoro com James, mas estava bem.

Passava todos meus dias em casa trabalhando no meu projeto, as folgas que Natalie conseguia, aproveitávamos para ver detalhes da cerimônia simbólica de nosso casamento, aceitamos a sugestão de Carmem, e faríamos na chácara da família dela, Vô Elias se ofereceu para presidi-la, o que aceitamentos imediatamente. Christopher veio deixar as chaves do apartamento e agradeceu a hospitalidade, não perguntei nada sobre Lauren, apenas o abracei e desejei boa sorte a ele e a irmã.

No final de novembro, estava agendada minha entrevista na embaixada dos EUA para a concessão do visto o qual Natalie já conseguira, a essa altura o meu projeto da tese já fora aceito pelo orientador de Natalie, o fato de ter ligação com a pesquisa de Natalie, influenciou muito na aceitação. Viajei então para São Paulo, Natalie não pôde me acompanhar, mas lá, Dinah me faria companhia.

Dinah, não estava mais namorando Normani, e estava arrasada com isso, voltara a sair com rapazes, mas confessava não ter o mesmo prazer que sentiu com o relacionamento com sua ex. Já havia concluído também sua residência em oncologia, se preparava para o concurso do Instituto Nacional do Câncer. Ela me levou até a embaixada, e almoçamos lá perto mesmo.

Chovia muito em São Paulo, tive medo de voltar dirigindo para Campinas, liguei para Natalie e ela concordou que não era boa ideia pegar a estrada com o temporal. Resolvi então dormir na casa de Dinah e partir no dia seguinte.

Minha amiga me convidou para conhecer um espaço cultural no centro de São Paulo, uma espécie de bar café, entendi que era voltado para o público gay, e fiquei curiosa para ver o comportamento de Dinah lá, uma vez que nunca a vi em um ambiente assim sóbria. Era de fato um cenário muito agradável, várias mesas redondas dispostas em frente a um pequeno palco, lateralmente um balcão expondo diversos pães e doces e uma sequência de máquinas de café ao fundo do balcão. Na outra lateral um pequeno espaço de leitura com poltronas e algumas estantes e dois computadores.

Sentamos em uma das mesas, engrenando um papo descontraído, falava dos preparativos para o meu casamento animada, Dinah ria do castigo que Natalie me impusera de não fazermos amor até o casamento, DJ me apelidava de mulher aranha, dizendo ter medo de ser atacada por mim logo mais na cama dela. E nesse clima ameno, vimos a noite chegar em São Paulo. Dinah flertava descaradamente com várias meninas, eu ria me divertindo com a "gula" da DJ.

Vi entrar no lugar, um rosto conhecido, apertei os olhos a fim de confirmar minha impressão, quando me assustei com o suspiro alto de Dinah:

- Ai não acredito! Pata que o paréu!

A exclamação de Dinah confirmou minhas suspeitas, Lauren estava ali, e dessa vez acompanhada, quando tentava discernir o rosto familiar da mulher que estava ao seu lado, lembrei, era Pietra, a ex-namorada de Laila.

- O que essa mulher está fazendo aqui? – Dinah estava irritada com Lauren depois do que lhe contei sobre o quase rompimento com Natalie.

- Calma DJ, isso aqui é um point gay pelo que tô notando, normal ela aparecer...

- Ai Camila me poupe, essa criatura não mora no Rio? E quem é essa que está com ela?

- Ah Dinah, ela deve ter seus motivos pra estar aqui, e aquela é a Pietra, ela é fisioterapeuta, lembra da Laila? Namorou com ela.

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