Tentativas.

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POV S/N •

Acordamos tarde hoje de novo, eram 12h quando eu acordei para tomar banho. Jon e eu havíamos combinado de almoçarmos juntos em qualquer praça de alimentação que fosse agradável.

Eu deveria aproveitar a presença dele, já que o homem voltará a Denver hoje às 17h, e não sabemos quando nos veremos de novo.

— Acorda dorminhoco — ri chacoalhando o homem, que resmungou antes de abrir completamente os olhos — Eu te faria um café, mas não tenho absolutamente nada na cozinha ainda —  rio.

— Pra evitar essa desculpa, eu trouxe café em pó ontem — ele diz em voz de sono, sorrindo enquanto se embrulhava nos cobertores fofinhos e quentes — Está no seu armário.

— Não acredito — gargalho caminhando até a cozinha, e nego com a cabeça ao encontrar o pacote de café no balcão, logo abrindo a cortina da cozinha e colocando um bocado de água para ferver.

Não pude evitar olhar para a casa de Robert ao lado da minha através da janela. A garagem ainda estava vazia, e eu não o vi desde ontem quando veio aqui.

— Você guardou o nome do lugar em que o vizinho comprou aqueles cookies? — Jon pergunta ao entrar na cozinha.

— Eu guardei sim, na caixa estava escrito "Mr. Coffe" — respondo. 

— Então pare de fazer café, se arrume e vamos comer — ele diz me fazendo sorrir e desligar o fogão, rapidamente indo me aprontar.

[...]

POV ROBERT •
— quarenta e oito horas antes •

Apoiei minhas mãos na pia do banheiro, tentando procurar o verdadeiro Robert dentro desses olhos vermelhos e pupila dilatada.

Meu rosto está péssimo, é como se estivesse anestesiado. Meu corpo parecia leve, mal podia andar por causa do efeito da droga.

Voltei para a sala em passos lentos, caindo no sofá. Olhando ao redor, ainda consigo sentir a dor de ter feito o que fiz, de novo. Eu havia prometido a mim mesmo que iria parar, mas não tenho forças, eu não consigo.

Minha casa mal tem utensílios, somente os móveis e alguns poucos artigos em cima de cada um deles. À frente do sofá, uma mesa de centro pequena com o cinzeiro lotado de cigarros, e ao lado um copo de whisky vazio, não é de agora, é de ontem a noite, mas eu não tive tempo de leva-lo à pia pois a primeira coisa que fiz quando acordei foi usar da droga que tanto evitei na noite passada, por isso tantos cigarros.

Sinceramente, não sei nem explicar essa sensação. É como se existisse um vazio dentro de mim, algo que só pode ser preenchido quando eu uso. Na verdade, essa vazio nunca se preenche, a droga só me faz me esquecer dele.

Quando meu pai e eu nos drogávamos juntos, era como se ele tentasse expressar seu amor da única forma que sabia. Eu não sei o que sou, não sei quem me tornei. A única coisa da qual tenho certeza é que não me transformei no adulto que o Robert de seis anos sonhava. Tenho trinta e oito anos, Às vezes, quero sair para comprar de tudo. Em outras, só quero ver esportes, me masturbar e tomar sorvete. Mas isso não significa que esteja deprimido ou que seja um maníaco. Fui diagnosticado com transtorno psicológico por um médico que não sabia que eu fumava crack no seu banheiro. Você não pode fazer um diagnóstico enquanto o paciente não estiver sóbrio, porra.

Safe & Sound - Robert Downey JrOnde histórias criam vida. Descubra agora