Capítulo 7 - Supresas

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Ao acordar, senti uma brisa leve bater em meu rosto, e os passarinhos cantarem mais próximos a mim. Me levantei saltitante e corri para o banheiro lavar os cabelos, em seguida passei meu creme hidratante de morango preferido. Sai do banheiro e fui ao closet, pus minha calça preta rasgada, minha regata preta e minha jaqueta nova, depois peguei um tênis velho e desci as escadas correndo, minha mãe que estava tomando café teve um susto.

- Rosie, para que essa correria? E para onde você vai toda de preto?

- Eu resolvi mudar, mudei a maioria das minhas roupas, quase todas são pretas.

Eu estava radiante e saltitante, mas minha mãe estava apavorada e acabou soltando a xícara de café no chão.

- Rosie, você comprou tudo preto?

Ela odeia preto e nunca me deixaria usar.

- Sim, a maioria. A propósito, não tenho hora para voltar e vou pegar o carro. Tchau mãe.

Eu sai correndo e bati a porta, bati a porta com força. Liguei o carro e aumentei o som, comecei a dirigir até o salão perto da praia. Desci do carro e entrei no salão, estava tocando uma música frenética muito alta. Aquele ambiente me fazia bem, esse dia estava prometendo, é a primeira vez em muito tempo que eu faço algo por mim.

- Bom dia, eu gostaria de um café.

A moça da recepção começou a rir.

- Pensei que fosse pedir por um cabeleireiro.

- Isso também. - Sorrindo.

- Vou chamar o Raul.

O salão era algo bem roqueiro com um toque moderno, havia várias plantas nas paredes, muitos quadros de cantores dos anos 80 e 90 e alguns galões com rádios antigos em cima, o papel de parede é de tijolos e o ambiente tem cheiro de canela.

Esperei ela trazer o cabeleireiro, quando ele chegou, me olhou de cima e baixo, ele era muito alto e cheio de tatuagens, mais tatuagens que as do Adam, do lado esquerdo de sua cabeça era raspado, ela usava uma blusa cinza, calça e bota marrom.

- Você quer cortar o cabelo ou fazer tatuagem?

Fiquei confusa e com medo, será que estou preparada para o que vou pedir... ah que aflição.

- Apenas cabelo. Eu quero cortar e pintar de preto. E quero que arrume minha sobrancelha, ela não pode mais ser ruiva.

Eles me olharam tensos, para qualquer pessoa seria loucura cortar um cabelo tão grande e tingi-lo de preto, sendo que meu ruivo é maravilhoso, mas para mim, era o certo, era quem eu queria ser.

- Se fizer isso não tem volta.

- Eu sei, bom, vamos começar.

Me sentei em frente a um espelho, mas eu não queria ver o processo, eu quero ver o resultado, quero ver como vai ser minha reação ao mudar o exterior.

- Eu não gostaria de ficar virada para o espelho, eu quero me ver apenas quando estiver pronta.

- Você me parece indecisa com sua decisão.

Eu ri, porque eu não estou indecisa, agora está claro o que eu quero.

- Por favor.

Ele me virou, eu senti um gelo em minha espinha, estava realmente acontecendo.

- Como vai querer o corte.

- Quero ele médio, desfiado, abaixo do ombro pouco centímetros e com pontas longas na frente.

- Garota ousada.

Ele pendeu o meu cabelo e começou a cortar, o barulho da tesoura parecia músicas para meus ouvidos, demorou alguns minutos e ele cortou e me mostrou o cabelo, eu comecei a me tremer e a chorar de alegria, é tão longo e tão ruivo, vai fazer alguém feliz quando for doado.

Um dia as rosas secamOnde histórias criam vida. Descubra agora