Capitulo 15

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Saímos mais cedo do trabalho, imagino que a Mirena comemorou isso, e nos dirigimos ao instituto, a Clara estava animada para conhecer o local que me internei por um tempo, via a ansiedade dela no tagarelar, eu também estava animada mas como o João falou, estava sentindo que a minha bateria tinha acabado, o que era um pouco de sinal de fome. Chegamos em alguns minutos e ao entrar no instituto fomos recepcionadas pelo Fernando.

- Vitória! Como você está? - Ele me abraçou forte. Olhei para o lado e vi uma Clara petrificada, com os olhos fixos no Fernando, não a julgo, ele te esse efeito nas pessoas.

- Essa é a Clara, o mais próximo que tenho de uma irmã, perguntei ao Dr João se ela podia me acompanhar e ele disse que não teria problema.

- Claro que não tem problema. - Ele a olhou e sorriu de um jeito extremamente encantador que quase fez a minha amiga esquecer como respirava, cutuquei ela de leve pra ela voltar a si. - A senhorita não poderá entrar na sala, mas enquanto a Vitória sobe eu vou te mostrar as instalações do Instituto, depois eu subo.

Uma jovem morena pediu para que eu a acompanhasse e me despedi da Clarinha. Seguimos naquele elevador, mas dessa vez, ao chegar no andar a garota que estava comigo apertou uma campainha e a porta foi aberta por fora, então só o Fernando e o João tinham a chave?

Ele já estava lá, me abraçou forte e discretamente me deu um beijo na testa. Olhei para a moça que me acompanhou e esperei a reação dela, nada esboçado.

- Como prometido, iremos jantar juntos essa noite. - Ele sorriu, mostrando os dentes perfeitos.

- Ual! Que honra a minha desfrutar dessa iguaria com você. Temos o que hoje no menu?

- Para a senhorita temos duas bolsas, uma com aquele tempero especial para abrir o apetite e outra super tradicional pra você sair de barriga cheia. Para mim o de sempre.

- Gostei do seu humor, João.

- Talvez seja porque hoje tenho uma companhia diferente, bom, vamos sentar.

Ele tinha colocado as duas cadeiras juntas, me acomodei e ele se acomodou após, a moça que me acompanhou, deduzi ser uma enfermeira, preparou as nossas bolsas e administrou. O velho formigamento me atingiu em cheio, mas dessa vez eu senti um carinho no dorso da minha mão. Era estranho, mas realmente aquilo parecia um date.

- Dr João, eu irei me retirar, qualquer coisa estou na minha sala. - Ela fez o nosso contato visual ser quebrado e as minhas bochechas ficaram vermelhas.

- Ok Elen, obrigado por quebrar esse galho.

Ela sorriu e saiu.

- Bonita ela né?

- Todos aqui são bonitos, coisa de curado. Você também é  bonita. Pena que não enxerga.

- Não sou não, não no nível de vocês.

- Ahhh Vitória! Você não percebe o quanto mudou? Você já era linda, o tratamento só realçou a beleza que você tinha.

- Eu era linda? Mesmo inchada, destruída?

- Eu acho, o Fernando também achou, outras pessoas também acharam.

Até o Fernando? Aquilo sim era novidade pra mim. Tentei mudar de assunto.

- Bem que você disse, a fome chega em algum momento. Ontem tive um pouco de tremedeira e fiquei irritada e hoje sentia um cansaço enorme.

- No começo é assim, sempre queremos mais e mais, mas depois da pra passar de duas a três semanas sem a alimentação.

- Sério?

- Sim, é  como se fosse uma maturação do seu novo corpo. Agora você é  como um neném, tem necessidades especiais e o seu corpo precisa estar forte e se recuperar, depois entra em uma estabilidade. Mas é bom manter hábitos semanais.

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