Ela estava cansada, era nítido o cansaço dela. Não era pra menos, tanta coisa que ela está aprendendo sobre essa vida nova, tanta coisa da vida velha pra trazer a tona. Como eu queria tornar as coisas mais fáceis para essa pequena!
Acariciei o seu rosto absorvendo cada detalhe, as sobrancelhas cheias e por fazer, o lábio desenhado, o cabelo cacheado, com vários caracóis por todo comprimento dele. Ela era ímpar, tinha ali nos meus braços a mulher mais perfeita da face da terra.
Levei-a para o quarto de hóspedes e a cobri, fechei a janela, coloquei a cortina e deixei o máximo aconchegante para a minha pequena Vitória.
- João... - Falou a Vitória, com a voz sussurrada e levemente rouca.
- Sim? Precisa de algo? Posso pegar outro cobertor, travesseiro.
- Preciso de você...
O meu pobre coração falhou por um segundo e se aqueceu como nunca.
- Claro.
Deitei ao lado dela, não sabia como agir, se a abraçava, se ficava só encostado.
Então tudo me levou como se o mar estivesse me puxando. Ela abriu aqueles olhos castanho avermelhados e sorriu, ela acariciou o meu rosto e eu me aproximei. Toquei os lábios dela com os meus e depois não aguentei. Precisava daquela mulher, cada parte do meu ser desejava sentir por inteiro o seu calor, o seu cheiro, percebi que ela também estava assim, as suas mãos tremiam, a urgência que existia em mim também existia nela, não tinha como negar.
Nos entregamos aos nossos desejos e a nossa paixão. Éramos o complemento um do outro, cada toque, cada respiração, cada movimento era espelho um do outro. Eu tinha nascido pra ela assim como ela tinha nascido pra mim. Dormimos abraçados, sentindo o calor um do outro, com os nossos cheiros misturados e corpos abraçados.
Abri os olhos como de costume no mesmo horário, como era sábado, apenas me espreguicei e continuei, deitado com a mulher que fez a minha noite ser incrível. Percebi que ela estava acordando e recebi um bom dia lindo, com a voz rouca não aguentei e dei um beijo na testa daquele fofura toda.
- Preparada para passear?
- Vamos onde?
- Bom, queria ir nos lugares que eu vou para fugir do barulho, das pessoas e correr um pouco. Aliás, você já correu Vitória?
- Correr de que?
- Sentir as forças das suas novas pernas. - Sorri.
- Ahhh... - Ela pausou um pouco, pensando. - Não senti necessidade acho.
- Então iremos correr hoje. - Sorri e dei um selinho nela. - Bom, eu vou tomar banho, caso queira um pouco de privacidade, aqui no quarto tem banheiro, fica atrás do closet, naquela porta ali. Vou preparar um café da manhã típico de João, quer experimentar?
- Imagino que seja um café proibido para diabéticos.
- Do jeito que eu gosto!
Ela revirou os olhos com deboche.
- Pra um vampiro você é bem estranho.
- Você conhece tantos né?
- Não conheço mas em breve irei conhecer, estou pensando seriamente em tentar mudar de carreira.
- Eu sabia que em algum momento o Fernando teria mais um talento pra equipe dele.
- Mas não é uma coisa tão ruim. Me sinto deslocada no mundo com os outros, já no instituto me senti em casa, mesmo quando ainda era uma doente.
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Tratamento de Risco
RomanceA grande procura pela cura da sua doença faz a Vitória aceitar algumas situações para se livrar da dor e dos sintomas que pouco a pouco faziam a sucumbir. Mal sabia que o possível sonho da cura poderia mostrar um caminho tortuoso, cheio de novidades...