Capitulo 8

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Depois de passar tanto tempo longe de casa eu sentia que precisava estar em casa. Queria ver os meus pais novamente, meu gato. Queria estar num lugar aconchegante onde eu me sentisse segura comigo mesmo, curtir essa nova fase com a minha melhor amiga.

Nova fase.

A medida que eu me aproximava de casa os desejos adormecidos de viver estavam extremamente a acesos. Enquanto eu conversava com o João sobre como sobreviver, passava coisas na minha mente, como faxinas, doar coisas, me livrar de coisas e entre essas coisas enterrar de vez o que eu sentia pelo Leonardo. Eu prometi a ele que viveria da melhor forma possível e eu iria cumprir.

" - Vitória, agora que o meu pai morreu, tô começando a refletir sobre essa coisa de morte.

- Eu te entendo, quando acontece com a gente é estranho né? Todo mundo morre o tempo todo, mas quando acontece com alguém da nossa família parece algo tão bizarro.

- Sim... parece que tira a nossa energia, Vi. - Ele deitou a cabeça dele no meu ombro - Não sei o que seria de mim se você morresse. - Apertou a minha mão com força.

- Pare de pensar nessas coisas, Léo!

- Eu seria capaz de te proteger até o fim da minha morte, Vitória! Eu faria qualquer coisa por você!

- Essa conversa está estranha, você não está bem. Olha, você enterrou o seu pai ontem, tente relaxar, tome um calmante, algo que te faça pensar menos.

- Você é a pessoa mais preciosa da minha vida, olha pra mim, eu juro Vitória, que aconteça o que acontecer estarei sempre perto de você. Se eu morrer, se eu sumir, estarei ao seu lado sempre. Promete que viverá sempre plena?

- Ao seu lado? Claro meu amor!

- Ao meu lado e ao lado de qualquer outra pessoa.

- Claro, mas ficaremos juntos, não fale besteira..."

Malditas lembranças!

- Vitória! Caramba, eu queria muito saber onde a sua cabeça vai quando você está assim.

- Desculpa, tava pensando aqui.

- Muita coisa pra assimilar?

- Uh... Tu nem imagina, bom... A minha casa é aquela dali. Vai querer entrar e ficar um pouquinho?

- Pensei que você estava louca pra se livrar de mim.

- Não... Na verdade não sei como eu faço pra sobreviver sem você tirando o meu sangue toda a manhã e você, como será o tédio da sua vida sem a sua paciente predileta?

- Você é realmente única, eu sei onde você mora, você sabe onde eu trabalho...

- Eu sou tão única que teve um patrocinador extremamente preocupado comigo. - Ele revirou os olhos. - Ahh não faz essa cara, eu vou ficar com essa ideia na cabeça, por tipo... toda a eternidade e você terá que aguentar.

- Por isso me falam pra não fazer amizade com paciente pós cura.

- Você me ama! - Bati no ombro dele.

Chegamos a minha casa, apertei a campainha e aguardei alguém vir abrir o portão.

- Vitória, finja que está debilitada, como se estivesse em tratamento, não deixe eles desconfiarem. - Ele falou tão próximo do meu ouvido que senti arrepios no meu corpo. O que estava acontecendo comigo?

- Eu estou debilitada e em tratamento, não se preocupe.

Apos alguns minutinhos o portão se abriu e a minha mãe abriu o maior sorriso de todos.

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