Há um tempo atrás...
Madeline Miller.
-Pai, eu terminei meu namoro há uma semana - Falo, meia surpresa.
-Idai? Já dá para arrumar outro namorado mil vezes melhor - Ele diz, se esticando para pegar o prato com coxinhas que compramos para assistir a esse jogo.
-Querido, por favor, ela deve estar abalada com o término -Minha mãe comenta, cutucando seu braço com o cotovelo.
Eu estava reunida com a minha família para assistir a final da Copa do Brasil, era Corinthians e Flamengo, tínhamos organizado umas comidas para comer durante o jogo e bebidas para acompanhar toda a partida de futebol.
-Mas ela deveria deixar isso de lado, o cara era um babaca merecia muito era um chifre para ver se toma vergonha na cara - Ele responde, com certa raiva - Aliás, por que não nos contou sobre isso?
-Não queria incomodar vocês com uma coisa que eu deveria resolver sem tanta dificuldade - Confesso, suspirando ao lembrar dos momentos que deveria ter seguido os conselhos de Pedro e não segui, deixando de lado tudo por um amor que me machucava mais do que podia.
-Sempre pode contar conosco e eu vou criar um tinder para você, ou melhor, vou fazer você conhecer algum jogador bonito e de bom caráter, que te traga o amor merecido - Ele dá um sorriso orgulhoso, como se já tivesse conseguido aquilo.
-Quem tem em mente para ser o namorado dela? - Minha mãe pergunta, interessada no que meu pai falou.
-Vão entrar nesse assunto mesmo? - Pergunto, sendo ignorada completamente.
-Um que eu penso ser muito amoroso e que é perfeito para Maddy é um jogador do Flamengo - Franzo o nariz enquanto ele fala - Arrascaeta.
-Concordo com você, acho que ele seria o par perfeito para nossa filha - Minha mãe diz, totalmente encantada com a ideia de ter Arrascaeta como genro.
Balanço a cabeça negativamente, levando a mão a testa. Nunca eu teria um relacionamento com um jogador, principalmente o Arrascaeta, sei que tenho como amigo uma pessoa meio próxima do jogador flamenguista, mas não indica nada.
-Podem sonhar, só acho que está indo muito longe dessa vez - Pego um copo e encho de refrigerante, vendo o partida continuar.
-Ah, quem sabe um dia aconteça - Minha mãe diz, recebendo uma risada minha.
-Impossivel.
-Nada é impossível - Meu pai murmura, após ficar um tempo calado, eu o olho, vendo o homem quieto no sofá.
Mas logo sua animação volta quando o Corinthians empata com o Flamengo. Não só sua animação, mas a minha e de minha mãe, que pula ao meu lado. Esperanças foram trazidas de volta para nosso peito, esperanças de que aquele título ainda podia ser nosso, de ganhar aquela partida de virada.
-Não, eu não vou me casar com o Arrascaeta, nem se eu tive a chance um dia. Eu o odeio com toda a minha alma - Me viro para a televisão, vendo o time flamenguista lamentar pelo empate do Corinthians com o time Rubro-Negro.
Volto a olhar o jogo quando a animação fica um pouco mais controlada e por um momento olho para o flamenguista, Arrascaeta, e penso que o loiro é bem bonito. Mas nunca, sob hipótese alguma ficaria com o jogador.
. . .
Dias atuais..
Precisava dirigir o mais rápido que podia, precisava aliviar aquela pressão que estava sentindo, aliviar aquela tristeza que crescia dentro de mim depois desta notícia.
Meu pai estava morto, meu pai morreu por uma maldita bala perdida em uma troca de tiros do qual ele tentou fugir. Por que teve que ser assim? Por que ele não conseguiu fugir como todas as outras pessoa? Por que tinha que ser ele?
As perguntas são tantas, eu negava aquilo em minha mente, ele não estava morto. Piso o pé no acelerador, talvez no fim daquela estrada ele estivesse lá, me esperando, igual a luz no fim do túnel, do meu túnel.
Ele tinha me criado tão bem, me dado todo o amor e carinho, todo o amor paterno que não recebi de meus pais biológicos e sim, ele sim é meu verdadeiro pai. Eu quero dirigir até em casa e encontrar ele sentado no sofá, assistindo aos jogos do Corinthians como normalmente fazia.
Virei corinthiana graças a ele e minha mãe, ele era apaixonado por aquele time e hoje em dia, também sou, criei essa paixão pelo Corinthians graças a ele. A negação se torna maior.
Não, não, não.
Ele está vivo.
Ele tinha que estar vivo, ele não pode ter me deixado. Meu pai não, eu tinha que chegar em casa para ter certeza, eu tinha que ver ele no caixão para que a ficha de que ele estava morto caísse? E que aquela seria a última vez que eu veria ele?
Eu não conseguiria ver o meu pai em um caixão, gelado e pálido por estar morto, sua alma já deve ter subido aos céus e entrado no mundo dos mortos há tempos. Meu pé se afunda completamente no acelerador, era uma estrada reta, mas não seria daquele jeito para sempre.
Uma curva bem em seguida, tento frear, mas perco o controle total do carro. E nos poucos segundos que ele restaram, eu olho para frente, o carro girou até bater na grande montanha da curva da BR.
Meu corpo se mantém preso ao banco, minha garganta ainda consegue me fazer soltar um grito, o cinto de segurança me mantém no carro, mas assim que o impacto chega, tudo se torna uma escuridão.
Não vejo mais nada, nada além de um sonho.
Um sonho onde tudo acontece do jeito que eu quero, era meu casamento. Meu pai me leva até o altar, onde eu vejo Arrascaeta me esperando com um sorriso lindo e lágrimas nos olhos, Pedro observa tudo feliz e orgulhoso, Giullia e Olivia se juntam com minha mãe, também carregando um maravilhoso sorriso e lencinhos mas mãos para enxugar as lágrimas. Olho ao redor, achando os meninos do ninho. Fagner está ao lado de Pedro, sorrindo para mim em incentivo.
E eu caminho em direção ao altar, em direção ao meu noivo, com todos que eu quero presentes nesse dia único.
. . .

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𝐎 𝐀𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨 -𝐃𝐞 𝐀𝐫𝐫𝐚𝐬𝐜𝐚𝐞𝐭𝐚
FanfictionMadeline Miller é uma moça endividada, com inúmeras contas para pagar, mas seu trabalho local não estava lhe dando o dinheiro necessário para as dividas que tinha feito pela sua condição de saúde, além do seu sonho de se tornar jornalista esportiva...