Madeline Miller.
Aguardo ansiosamente pela chegada de Helena na Cafeteria do Norte, no mesmo lugar que me encontrei com minha tia e ela me contou toda a história de minha adoção. Aqui era o lugar onde eu gostava de me encontrar com as pessoas, por mais que tenha um nível alto de circulação de pessoas, tudo é calmo e não escutamos as conversas alheias, já que eles parecem sussurrar.
Batendo o pé no chão, observo o celular, esperando alguma mensagem da minha mãe biológica avisando que não irá vir mais ou até mesmo alguma notificação de Théo pedindo desculpas em qualquer rede social de sua escolha.
Mas nenhuma dessas coisas acontecem, pelo contrário, Helena entra na cafeteria e se aproxima de minha mesa assim que bate os olhos em mim. Com um sorriso ela se senta na cadeira a minha frente, limpo a garganta e falo:
-Sabe o porquê te chamei aqui e eu gostaria de ir direto ao ponto principal.
-Claro, me diga o que quer saber - Ela continua com um sorriso, eu aperto as mãos na mesa.
Olhando para o rosto da morena a minha frente, percebo que ela tinha algumas coisas parecidas comigo, como os olhos azuis iguais aos meus, o cabelo é apenas mais um tom mais claro que o meu.
-Por que me abandonou? - Não sei como abordar esse assunto com delizadeza, acabei sendo bem direta no que eu queria saber, o que não é ruim.
-Eu e meu marido, que é o seu pai, não queríamos uma filha, queríamos dois filhos homens - Ela começa a sua explicação - E quando você nasceu, a decepção foi grande demais, e decidimos que era melhor te dar para adoção, já que te rejeitamos.
Arregalo os olhos, ficando completamente indignada com aquilo. Fui rejeita pelos meus pais pot ter nascido menina? Eu esperava qualquer coisa, menos isso. Talvez estivesse esperando problemas financeiros ou alguma coisa que fosse possível entender, mas me rejeitar por isso.
-Não esperava que essa fosse a sua justificativa para o meu abandono, mas eu acho que devo te agradecer - Aperto os lábios, olhando com irritação para a mulher a minha frente - Você me deixou no orfanato e graças a isso, fui amada por pais que me queriam como filha, que me deram todo amor e carinho, que cuidaram de mim como verdadeiros pais ao invés de me rejeitar por ter nascido menina.
Ela me olha seriamente, eu faço o mesmo. Estava com raiva naquele momento, por ter sido abandonada de lado pelos pais que deveriam ter cuidado de mim, mas que não fizeram por ter nascido no gênero feminino. Eu poderia ter deixado tudo isso quieto, tudo isso nas sombras e viver acreditando que eles não tinha condições de me criar, mas a minha procura deu nisso.
-Ótimo, não temos do que reclamar. Eu tenho o meu filho tão desejado e você teve pais bons.
Eu desvio o olhar do rosto da mulher por não conseguir mais ficar com os olhos fixos nos da mulher, fico olhando para a mesa, minhas unhas tocavam uma a outra, limpando a unha que já estava bem limpa.
-Fagner sabe? -Estava meio sem jeito para perguntar sobre isso.
-Não, te escondemos dele e eu tenho certeza que ele nem sonha que tem uma irmã por aí - Ela diz com tranquilidade.
-Quero conhecê-lo - Falo bem rápido, era o que eu queria.
-Não vou impedir que vocês se conheçam e para sua sorte, ele está livre hoje depois do treino que deve acabar em uma hora - Ela olha o relógio em seu pulso - Se quiser encontrá-lo, te passo o endereço da casa e dou o aviso para meu filho.
-Certo, me passe o endereço e avise a Fagner, quero conhecer o meu irmão.
. . .
Fagner me olha, as mãos no bolso de sua calça moletom, ambos não sabemos como iniciar essa conversa e nos dois estamos um pouco sem jeito. Pigarreio, levantando o queixo e começo a formula o que eu tenho que falar em minha mente.

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𝐎 𝐀𝐜𝐨𝐫𝐝𝐨 -𝐃𝐞 𝐀𝐫𝐫𝐚𝐬𝐜𝐚𝐞𝐭𝐚
FanfictionMadeline Miller é uma moça endividada, com inúmeras contas para pagar, mas seu trabalho local não estava lhe dando o dinheiro necessário para as dividas que tinha feito pela sua condição de saúde, além do seu sonho de se tornar jornalista esportiva...