𝗨𝗟𝗧𝗥𝗔𝗩𝗜𝗢𝗟𝗘𝗡𝗖𝗘 | 𝖳𝗈𝗆 𝖪𝖺𝗎𝗅𝗂𝗍𝗓 [finalizada]

𝐂apítulo 17

𝐏ov's 𝐌ary 𝐇offmann

𝐅𝐥𝐚𝐬𝐡𝐛𝐚𝐜𝐤 -

2006 — Alemanha, Lípsia

  Era 2006 e o verão havia acabado de bater em nossas portas. Eu teria 16 anos e estaria no segundo ano do ensino médio cursando o regular para assim conseguir trabalhar de manhã afim de bancar o tratamento da minha mãezinha que sofria com tumores a três seguidos anos.
  Eu não ganhava uma boa renda e não conseguia conciliar todo o trabalho com os estudos, eu estaria rente ao abismo e a qualquer momento eu poderia me jogar dele.
  Tudo dentro da minha mente estava confuso, eu havia acabado de terminar um “relacionamento” com uma das pessoas que mais amei e continuo amando simplesmente por não conseguir lidar com a responsabilidade de ter alguém ao meu lado neste momento, e essa indecisão sobre o que realmente éramos me fazia ficar cada vez mais aflita já que nunca chegamos a um acordo direto e não assumimos nada.
  Eu não queria lidar com meus sentimentos, eu não podia fazer isso, não agora.
  De uma coisa eu tinha total certeza...Eu o amava, e amava demais, o amava desde os meus nove anos de idade mas não conseguia suportar tamanho peso sobre meus ombros. Eu estava exausta...
  E naquela maldita manhã de sexta feira, eu acordei pensando em tudo isso e mais um pouco.
  Eu e Tom tentávamos conversar mesmo com esse “rompimento” de laços, era algo forçado mas eu não conseguia ficar longe dele, e nem ele longe de mim.
  Algumas semanas já haviam se passado desde o tal término, e a escola estaria programando um enorme jogo de Hockey sendo conduzido e produzido exclusivamente pelos garotos do terceiro ano.
  E nessa mesma sexta feira, ocorreria o tão e esperado jogo...
  Todos da escola foram convidados a assistir o jogo, até mesmo o pessoal que estudava em período noturno como eu.
  Eu não tinha muito saco para jogos e honestamente não gostava, mas decidi ir para usá-lo de desculpa no trabalho e espairecer um pouco a mente.
  Eu já estaria maluca, cansada e totalmente alienada, precisava de um tempo para descansar e os meus queridos gêmeos iriam, então achei de bom grado tentar passar um tempo mais “casual” com eles, afim de tentar concertar o horrível clima entre nós e entrar de fininho na agenda conturbada que os mais novos “pops-stars” teriam.
Acabei dormindo até tarde então acordei totalmente em cima do horário.
“ Eram cinco horas da tarde, Mary! Como conseguiu dormir tanto!? ”
  Bem, em dias de semana normais, eu conseguia dormir apenas por 4 horas ou menos, então já que não iria precisar trabalhar naquela sexta, tirei um “cochilo” que renovou minha alma por inteiro.
  As pressas, corri para o banheiro assim que acordei tentando afastar pensamentos ruins logo me despindo e entrando debaixo do chuveiro.
  Lavei o cabelo e o corpo em frações de segundos, assim me atirando ao meu quarto novamente e colocando uma clássica roupa para sair.
  Regata preta a cima da barriga coberta por estrelas e uma calça cos–baixo boca de sino.
  Me olhei no espelho e gostei muito do que vi, eu parecia um ícone da moda dos anos 80...Mal sabia que essa iria ser uma das últimas vezes que realmente iria gostar da minha aparência.

. . .

  Recebi carona dos gêmeos e um silêncio desconfortável se instalou no carro no momento em que entrei até o momento em que saí.
  Droga, eu sinto tanto a falta deles e eles ainda nem foram embora...
  As coisas estão bem diferentes desde que cortei meu lindo cabelo loiro, assim deixando várias memórias para trás.
  Eu não podia deixar de me ver ansiosa diante a essa situação. Quando saímos do carro, fiquei dentre eles assim andando sob o meio como sempre costumávamos fazer, mas minutos depois Tom saiu dalí seguindo caminho ao banheiro, assim fiquei sozinha com Bill.
  O emo coçou a nuca inquieto e eu o fitei de cima a baixo em um suspiro tristonho, logo começando a morder o interior da minha bochecha.

— Bill, eu...— Chamei pelo mais alto assim fitando seus olhos em angústia. Levar castigo do silêncio me fazia sentir como se fosse o pior ser humano do mundo. — Eu estraguei tudo, não estraguei?