Stalker

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Luke

Levanto-me bem cedo para ir para a colónia de praia.

Gostaria de voltar a encontrar aquela rapariga com que conversei ontem. Não sei qual é a minha fixação com ela. Parece ser uma pessoa estranha com as conversas e os mistérios, o que acabou por me deixar intrigado.

Felizmente, Cassie, ajudou-me a fazer uma inscrição de última hora na colónia. Acho que ela está a tentar fazer-me um arranjinho como a amiga dela. Ela até que é gira... Tal como as outras.

Levanto-me e vou em direção á cozinha para comer.

Mal tenho espaço na bancada para comer, está tudo cheio de folhetos da faculdade, que a Skyler, a minha irmã, espalha pela casa, para se gabar que é a única filha inteligente dos meus pais.

Ás vezes acho que os meus pais pensam que só têm uma filha.

Ela tem tudo o que quer: uma relação estável, atenção dos meus pais e as propinas e viagens todas pagas. Estou mesmo a ver que quando, e se, eu for para a faculdade, tenho de ser eu a trabalhar para as pagar.

Ás vezes só quero um pouco de atenção. Só um pouco.--

Evelyn

Mais um dia das minhas férias em que sou obrigada a acordar mais cedo do que em horário escolar.

Como sempre, não perdi tempo em escolher o que vestir, e passo pela cozinha para saír, sem ser pela porta da frente para não acordar ninguém.

Saio e dirijo-me para a paragem mais perto, passando pelo parque, que fica mesmo em frente a minha casa.

Sento-me no banco da paragem, esperando que a camioneta da colónia chegue. 

Pouco tempo depois, ouço um pequeno barulho vindo de trás de mim. 

Olho por cima do meu ombro, tentando ver se é a camioneta que se aproxima. 

Mas não é.

Era uma pessoa. Uma rapaz para ser mais específica... O seu cabelo moreno, olhos negros e rosto redondo não enganavam ninguém.

Depois de tanto tempo á procura, Calum encontra-se mesmo à minha frente, como se nada se tivesse passado.

Ele estava ali. Assim, sem mais nem menos...

Sentado num banco de jardim, a olhar para mim, como se eu não estivesse a vê-lo a observar-me. Ele estava com uma expressão confusa.

Aproximo-me dele, com uma expressão mais do que intrigada. Receosa. Receosa do que possa estar a passar.

Era mesmo ele. Depois de tanto tempo. Ele aparece, assim derrepente.

Calum não desvia o olhar. Está confuso. Ele olha-me como uma desconhecida, mas sabe que me conhece, por outra razão, já teria desviado o olhar.

Quero dizer algo, mas a vergonha e o medo que sinto de ele se voltar a esquecer mais tarde, é simplesmente aterrador.

Ele não se lembra de nada. Ainda.

Vêm-me à cabeça as poucas imagens que me recordo depois do acidente. 

Mas que raio se está aqui a passar?!

Saio, ignorando a situação, deixando ser invadida pela minha cobardia e orgulho, sem demonstrar algum tipo de resistência.

O autocarro já se encontra na paragem à minha espera assim que me viro, e sem dar grande importância aos lugares, sento-me no mais acessível, sem tirar da cabeça o que se passara, e os olhos do outro lado da janela, onde ele se encontrava.

Amnesia || L.H. & C.H.Onde histórias criam vida. Descubra agora