Bad News

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Evelyn

Não faltava muito tempo para as três horas, mas parece que o tempo nunca mais passa, mal posso esperar.

Não parava de saltar e cantarolar por todo o lado que ía saír, o que já não fazia á algum tempo. Era muito entusiasmante. 

Já tenho tudo pronto. Vesti uns calções de ganga com uma túnica branca e apanhei o cabelo. Não me costumo maquilhar, apenas quando estou bastante nervosa. Coloquei lápis nos olhos, base e um batom leve.

Oiço "Life on Mars" de David Bowie (multimédia), ajuda a passar o tempo, é uma das minhas músicas preferidas, porque me faz pensar no que realmente estamos a viver, mesmo sendo uma música já do século passado...

Começo a cantar, e quando dou por mim, tenho alguém a bater-me á porta.

Desço as escadas e dirijo-me ao hall de entrada curiosa. Pensei que Luke ia diretamente para a praia.

Abro a porta e de facto, não se trata de Luke.

-Dr. Steven, entre.- O Dr. Steven foi o Dr. que até agora me tem andado a acompanhar. Temos grande um carinho por ele.

-Muito obrigada Evelyn, vim aqui para falar de um assunto não muito agradável. A sua mãe está?

-Não, ela está a trabalhar.- Digo já a ficar assustada, e desligando  música, para ficarmos mais á vontade.

Dirigi-mo-nos para a sala, vazia e senta-mo-nos a falar.

-Bem...- Começa, até tenho medo do que ou ouvir.- Está ciente da sua situação, correto?

-Mais ou menos... Tive um episódio de amnésia temporária depois do acidente, há mais alguma coisa que deva saber?

-Como sabe, o Calum Hood, que também é acompanhado por mim, ainda não teve a mesma sorte que você, o que não quer dizer que não se volte a lembrar, só tem de estar perto da pessoas mais próximas, mas não foi por isso que vim aqui.  

-Por favor, diga-me o que veio aqui fazer.

-Eu vim aqui para saber como está. Para ver se voltou a ter outro episódio. Não é impossível.

-Isso quer dizer que eu ainda posso ter mais episódios antes de morrer?- Pergunto já impaciente.

-Tenha calma, é apenas uma hipótese, acontece na maior parte dos casos.

Respiro fundo.

Borro a maquilhagem. Deitando algumas lágrimas, sem conseguir responder.

-Está na minha hora, lembre-se do que eu lhe disse sobre o Calum, as pessoas mais próximas poderão ajudar.

-Não percebe, eu já não sou uma pessoas próxma, eu já nem sou nada para ele! Eu não passo de uma memória esquecida!- Levanto a voz.- Desculpe.

-Isso pode mudar.-O médico levanta-se e eu acompanho-o à porta.

Encosto a testa à mesma quando a fecho, comprimindo os olhos para tentar deixar de deitar lágrimas.

Não consigo ficar aqui fechada sabendo que um dia posso voltar a não me lembrar... disto... dele.

Saio de casa a correr, com destino ao parque, esperando que ele lá esteja.

Sento-me num banco de jardim. Ele não está aqui.

E... nada mais consigo fazer senão chorar, e chorar, contendo a vontade que tenho dentro de mim de gritar para tentar tirar a dor que sinto dentro de mim e fingir que nada aconteceu, e que nada mudou depois do acidente.

Amnesia || L.H. & C.H.Onde histórias criam vida. Descubra agora