Evelyn
Acordo com o despertador a tocar às sete e meia da manhã.
Pensei que, pelo menos no meu primeiro dia de férias, pudesse ter descanso.
Vou ao armário e esvazio-o todo. Incrível como na hora de escolher algo para usar, nada parece encaixar. Tiro um biquíni laranja e branco, com a parte de baixo preta. Não era o meu melhor biquíni, mas nunca quis espantar o mundo.
Visto apressadamente uma camisola branca e uns calções pretos, apanho o cabelo, pego nas minhas coisas, e desço as escadas.
Passo pela cozinha para sair pela porta de trás para não fazer barulho. Como era habitual, ninguém estava acordado a esta hora. E com ninguém, refiro-me à minha mãe.
Vivo com ela e com o meu irmão, Ashton, que foi para fora durante algum tempo. Depois do que aconteceu com a nossa família, ele merece um descanso, até porque é quem mantém a sanidade nesta casa.
Fico a olhar durante uns segundos para uma foto minha e do Calum que ainda se encontrava emoldurada na cozinha. Ainda ninguém se atreveu a tirá-la de lá.
*****
Saio do autocarro, e concentro-me melhor em tentar reconhecer algumas caras, mas parece que nenhum deles entra na minha memória, excepto Cassie, obviamente.
Parece que todos já se conhecem de colónias anteriores. Não sou muito boa a fazer amigos. Isto não vai correr bem.
-Bem, parece que neste autocarro não há rapazes giros, e os que são minimamente, estão acompanhados. O que me dizes de irmos á caça de rapazes, tal como tínhamos combinado?- Diz Cassie com um ar super entusiasmado.
-Acho ques estás a precisar de um namorado!- Riu.
-Vá lá!- Insiste, mas eu nego novamente.- Fazemos assim, eu vou arranjar uns jeitosos para nós...
-Para ti... - Corrijo-a interrompendo o seu raciocínio. Quero deixar bem claro o que quero e o que não quero, e o que não quero são rapazes.
-Ok...- Acaba por concordar.- Onde é que eu ia... Ah, sim! Eu vou arranjar rapazes para MIM, e tu filmas, para ter o meu Summer Love gravado numa câmara.
Riu com o que ela diz, mas foi a mehor hipótese que ela me deu, por isso aceito.
Sento-me numa das rochas altas na costa, para conseguir ver bem o que ela vai fazer junto á beira mar.
Ela atira-se de cabeça para um rapaz alto, cujas características não consigo dizer devido á distância.
Parece que isto vai demorar.
Tiro o meu livro polémico da mala, ainda tinha lido apenas metade, por isso continuo a minha leitura.
«-Tenho medo- Dizia Clara.
-De quê?- Interrogo-a, aproximando os nossos corpos.
-De tudo.- Clara tinha um expressão séria. Via medo. Medo nos seus olhos azul de mar. Medo do preconceito. Medo de um nós.
-Não tenhas, estamos bem, sempre que houver amor.- Respondo-lhe certa do que digo. Eu amo-a, como nunca amei ninguém antes.»
Perco-me nas palavras dramáticas da escritora, num dos meus livros preferidos.
Esta é uma das vantagens da amnésia, posso ler o meu livro preferido vezes e vezes sem conta, sem nunca me fartar.
Uma vez tive um amor assim. Estava caídinha por ele, sempre quis ter uma relação assim. Mas agora... não me aquece nem arrefece. Cheguei á conclusão de que não preciso de ninguém para me fazer feliz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amnesia || L.H. & C.H.
Genç KurguEnquanto uns querem ter amnesia, para se poderem esquecer de todas as pequenas coisas, outros só querem poder esquecer-se que a têm. Quando Evelyn e Calum perdem a memória, descobrir o passado não é o maior problema deles, principalmente quando apar...