35- Conexão

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- Eu não vou! - Alec repetiu, de novo e de novo, mesmo tendo assinado os papeis oficiais de férias que Hodge lhe deu na noite anterior, junto com um envelope lotado de dinheiro.

Um envelope que ele entregou direto nas mãos de Simon e pediu que doasse para a instituição de Magnus.

Ele não queria dinheiro nenhum, e por mais que sentisse muito a falta dos pais, não queria aquelas férias, mas de algum jeito foi parar dentro de um jatinho ridiculamente caro com sua irmã tentando, e falhando, lhe passar algum conforto.

- Isso não tá certo. - Ele continuou resmungando, sentado num sofá de couro branco e encarando as próprias mãos cerradas enquanto Izzy apoiava a cabeça no seu ombro. - Eu não posso deixa-lo sozinho.

O pior de tudo é que não tinha o encontrado novamente, nem para se despedir, e muito menos para implorar novamente que reconsiderasse aquela idiotice de férias ou que ele fosse junto na viagem.

- Ele não está sozinho, Alec. - Izzy respondeu. - Você conversou com os meninos e eles prometeram que não vão tirar os olhos do Magnus.

- Mas não é o suficiente, Iz. Amanda é traiçoeira e eu tenho certeza de que vai encontrar uma maneira de encurrala-lo.

Logo depois que saíram da ala hospitalar no dia anterior, Alec se sentiu tão miserável que não teve outra escolha além de contar para a irmã o que tinha acontecido entre Magnus e a noiva, ocultando apenas o motivo de ter começado a briga.

Ele podia ter inventado alguma outra coisa ou amenizado a explicação, mas estava desesperado e precisando de um plano com urgência, então contou o que pôde.

Izzy não pareceu surpresa, apenas irritada, ao descobrir que Amanda era maluca, e até revelou que foi destratada pela Princesa quando ainda participava da Seleção, mas nenhuma das suas ideias de ajuda livraria Magnus de um ou outro dano irreparável.

Ela também sabia que com qualquer mínimo boato de violência doméstica, a vida de Magnus estaria manchada para sempre, e Amanda dificilmente aceitaria partir em paz com algum acordo porque pessoas como ela nunca ficavam satisfeitas. Sempre queriam mais. Dinheiro. Poder. Controle.

- Talvez você me odeie por dizer isso, mas eu acho que o Magnus está certo em te mandar para longe, maninho. Se você está assim agora, eu nem quero imaginar como você ficaria se o visse subindo no altar com outra pessoa.

Alec sentia as lágrimas ardendo cada vez mais em seus olhos, mas se recusava a chorar. Não adiantaria nada.

- Ele não pode se casar com ela, Izzy.

- Eu sei, mas a decisão infelizmente não é sua. Talvez o Magnus consiga pensar em alguma coisa. Tipo fazer um acordo pré-nupcial dizendo que o casamento é apenas simbólico. Ou talvez a Amanda surte no meio da cerimônia e todos vão ver quem ela realmente é.

Alec duvidava que um acordo pré-nupcial a impediria de machuca-lo, e duvidava mais ainda que ela fosse estragar a própria cerimônia de casamento porque era justamente isso que ela queria. Um lugar oficial no Trono. Ser declarada como Rainha Consorte e assumir o controle sobre todos.

Ele estava quase repetindo que não iria embora e que estava disposto a pular do avião sem importar a altura que estivessem, mas logo percebeu que ainda estavam parados numa área isolada de pouso e decolagem do aeroporto de Idris.

Será que tinha acontecido alguma pane inesperada? Ou alguém ouviu as suas preces e estava atrasando o voo para que ele pudesse sair sem o risco de morrer?

Fazia muito tempo que tinham chegado ali, sendo prontamente recebidos por um piloto, co-piloto e uma aeromoça se apresentando como Emma e dizendo que podiam chama-la a qualquer momento se precisassem de algo.

Um Coração em ConflitoOnde histórias criam vida. Descubra agora