Cercada

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O silêncio nunca me incomodou

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O silêncio nunca me incomodou. Quando se convive tempo demais com vampiros, é impossível ter algum assunto que não tenha sido discutido, então, é óbvio que os silêncios aos poucos se tornaram mais longos do que qualquer conversa. Eu estou acostumada ou.... pensei que estava.

Não é como se Jasper e eu nunca tivéssemos nossos momentos calados, mas agora que ele não está comigo, é como se.... não sei. Algumas coisas mudaram depois de Jasper, inclusive o silêncio que agora eu vejo a necessidade de ligar o rádio para ter algo para ouvir além do vento batendo contra o carro e o motor explodindo.

Passaram-se apenas seis horas desde que eu parti, quatro desde que cheguei a Alemanha e uma que desembarquei próxima a uma reserva natural chamada High Fläming-Belziger porque furei o pneu em um buraco na estrada, tamanha a minha falta de atenção no que estava fazendo. Não consigo parar de pensar em Jasper. Me arrependo a cada hora de não tê-lo matado e me questiono a cada segundo porque foi que eu não o fiz. Eu nunca hesito, eu não sou assim.

A manhã está nublada, por isso não tenho medo de ir para o lado de fora na Wittenberger St. e chutar o pneu com raiva até ele ficar totalmente murcho. Apoio as duas mãos no teto do carro e deixo minha cabeça cair, como se estivesse pesada de tanto que estou pensando em quem não deveria. É pavoroso admitir que eu possa estar sentindo falta de Jasper, mas estou. Sua presença deixava o clima de fuga menos intenso, querendo ou não, e agora toda a seriedade dos riscos que estou correndo voltaram a me preocupar. A me dar medo.

O tempo que passamos juntos foi curto e não teria significado com qualquer outra pessoa. Mas me abalou porque me senti conectada com ele de um jeito que eu nunca me conectei com ninguém. Não compartilhamos segredos ou desejos. Só estávamos juntos. Ele só estava do meu lado com aqueles cabelos loiro escuros e olhos claros críticos. Tiveram vezes em que beijou, outras que sorriu para mim. Ele foi só uma distração, digo para mim mesma. Você devia tê-lo matado.

Cansada emocionalmente, coloco o dorso da mão contra a testa e fecho os olhos, tentando me manter fria e concentrada, porém, as coisas começaram a se distorcer e o circo se fechou ao meu redor, mesmo que eu não estivesse vendo nada, eu senti os pelos do meu corpo se arrepiando. Minha respiração foi acionada e o ar ao meu redor ficou pesado. Senti meus olhos se abrirem, só que não vi nada além de escuridão, como se tivesse sido engolida por uma nuvem negra.

Não.

De novo não, eu penso e rezo, por favor, de novo não. Meu corpo cai na estrada sem nenhum movimento e eu sinto Chinara me observando novamente, só que ainda mais forte e totalmente recuperada. Não pretendo deixá-la entrar de jeito algum. Jasper não está mais aqui para me segurar — se é que ele faria isso uma segunda vez.

FRIOS, Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora