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LUCILLE
A dor é indescritível e é impossível não gritar. Sinto como se estivessem puxando cada um dos meus músculos, esticando-os e mastigando-os. Queima mais do que mil transformações, como se eu tivesse sido picada pela cobra mais venenosa do mundo repetidas vezes.
As vezes o bruxo para a tortura por horas, porque isso também usa muito de seu poder e ele precisa descansar. Quando ele volta, é como se nunca tivesse partido. Meu corpo é incapaz de se acostumar.Jane o ajudou a me levar para uma caverna úmida e escura, iluminada por tochas mal entalhadas que somente Sekani precisa para ler um livro acabado pelo tempo e murmurar palavras de uma língua morta que eu desconheço. Eu estou presa por correntes amaldiçoadas sobre um altar, posso movê-las, mas quando tento parti-las, elas me queimam.
Não sei há quanto tempo estou aqui, parecem anos. Estou tonta, faminta. Sedenta. Sinto tanta, tanta raiva.
Não faço ideia de como esse processo de possessão funciona, no entanto, acredito que já esteja surtindo o efeito desejado. Memórias que não me pertencem invadem meus pensamentos e se embaralham com as que eu acho que são minhas. Conversas com Alec, noites com Caius e noites com Aro, conversas com Lucille, meus pais, minha aldeia, meus vizinhos me vendo queimar e torcendo para que eu morra logo. Toda a raiva e mágoa que Jane já sentiu veio para mim. Suas lembranças são enfiadas pela minha garganta, minha cabeça e coração. Estou com medo do que estou perdendo de mim mesma porque depois de um tempo não consigo distinguir o que é meu ou dela. Eu não quero me tornar Jane, não quero morrer e deixar meu corpo vagando por aí sob a posse de outra pessoa.
Mal consigo manter os olhos abertos para ver com mais clareza minha localização. É como se estivesse com sono, prestes a apagar como uma humana qualquer enfraquecida pela fome e no seu leito de morte. Eu não posso nem vou me entregar.
Você vai morrer lutando, digo para mim mesma. Mas... como?
Rolo minha cabeça para o lado e me remexo sobre o altar. Tento me sentar, mas sequer consigo me erguer doze centímetros. Sibilo com ódio. A cada noite que passa fico mais fraca. Não posso desistir.
— JANE!— eu gritei e minha voz ecoou pela caverna. Sei que ela está perto, posso sentir seu cheiro. A luz do entardecer ilumina o começo da caverna, a tantos metros de mim. O dia está tão lindo— Eu vou matar você, sabe disso não sabe, sua cadela!?— já a xinguei em todas as línguas que conheço, mas é claro que não estou a abalando nem um pouco. Xingar não está servindo nem para me aliviar. Faz ideia do quanto isso é frustrante?
— Se continuar resistindo vai ser pior, Lucille. Desista.— ela respondeu do lado de fora, cansada. Dói em nós duas, mas duvido que esteja sofrendo muito mais do que eu. Ela vai fazer de tudo para ir até o fim, ela tem motivo para querer ir até o fim.— Lembra de como foi na lua cheia? Vai querer mesmo extender isso para a próxima?
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FRIOS, Jasper Hale
Fiksi PenggemarAssassinato, tortura, vingança e traição. É a isso que a existência de um imortal se resume? Tudo é um jogo e qualquer passo em falso lhe fará perder a cabeça. Não há espaço para amor, empatia ou piedade. Mate ou morra, e mais importante de tudo, nã...