💙Capítulo dezenove 💙

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Dara

Eu vou me tornar um milionário? Quando vou encontrar o amor da minha vida? Vou superar quaisquer problemas com a família ou amigos? Quantos filhos vou ter? Você pode me dizer qual será o dia da minha morte?

Essas foram as perguntas mais frequentes que ouvi na minha tenda durante aquele dia, minha cabeça já estava até doendo e os pés inchados de ficar sentada por tanto tempo. Atendi tantas pessoas que perdi a conta logo nas primeiras horas, começava a escurecer lá fora e a fila só aumentava. Ainda bem que o Heros ficou por conta das crianças as mantendo ocupadas com todo tipo de atividade legal do evento. Por fazermos parte da festa, tínhamos ingressos de graça em todas as atrações. No começo fiquei com muito medo dessa aparição dele em público pela primeira vez, afinal, devido aos últimos acontecimentos nossa situação se tornou ainda mais delicada. E ele andava tão estranho na última semana, como se quisesse me falar alguma coisa importante, mas não tinha coragem.

Entretanto, Heros rapidamente se adaptou ao ambiente e às pessoas amigáveis de Paraíso, que acolhiam de coração aberto os recém-chegados. Ele e as crianças estavam se divertindo muito, pena que eu só pude acompanhar tudo de longe, não consegui falar de verdade com o Igor e a Aurora desde que saíram para participar da gincana, o máximo que consegui foi acenar para eles entre um cliente e outro, o meu amor até conseguiu entrar na tenda por alguns breves instantes para me trazer comida e água e me dar um beijo rápido, mas obviamente não tive tempo de comer também.

Estava cansada, com fome e perdendo todos aqueles momentos especiais com a minha família. Todo dinheiro que entrava era sempre bem-vindo, mas tinha coisas que ele não podia comprar. Aquele era o primeiro dia do Heros de volta à sociedade, e eu enfiada dentro daquela tenda o dia todo trabalhando. Por isso tomei uma decisão enquanto atendia uma cliente: depois que terminasse a leitura de cartas dela, fecharia as portas e ia aproveitar o resto da festa de aniversário da cidade com a minha família.

O difícil seria avisar isso para a fila enorme que se formou lá fora, mas eu não tinha outra saída.

— Desculpa, gente, eu agradeço de coração a presença de todos, mas essa cigana que vos fala fechou os atendimentos por hoje. Peço desculpas! – anunciei da forma mais educada que pude, a maioria entendeu, pegaram o meu cartão e foram embora de boa.

Mas outra parte saiu resmungando, infelizmente não dá para agradar todo mundo, então paciência. Quando ia voltando para ajeitar as coisas na tenda, reparei que um homem com o olhar tristonho permaneceu no mesmo lugar.

— Está tudo bem, senhor Roberto? – Me aproximei dele e do nada a criatura começou a chorar.

Eu o conhecia bem, Roberto Ribeiro era o dono do único mercado que tinha na cidade e um dos homens mais ricos de Paraíso. Vivia em uma fazenda chique com centenas de cabeças de gado e carrões na garagem, mas nem todo dinheiro do mundo conseguiria trazer de volta a sua felicidade desde que a sua mulher o deixou há menos de um ano.

— Hoje acordei sentindo um vazio no peito maior do que o normal, mas então encontrei um panfleto em cima de um dos caixas do supermercado falando sobre a sua tenda e pensei que fosse algum sinal do universo – enxugou as lágrimas. — No entanto, estava enganado – girou o corpo para ir embora, fiquei com muita pena dele.

— Nada acontece por acaso, Roberto – agarrei o seu braço. — Venha comigo, eu abrirei uma exceção e te atenderei por conta da casa.

O conduzi até a minha tenda e fiz sinal para que se sentasse em frente à mesa, era ali onde toda a magia acontecia.

— Preciso saber se a minha esposa vai voltar para mim, Dara. Eu não posso mais viver sem ela – perguntou o homem de quarenta e poucos anos, mas sua aparência naquele momento era de sessenta anos ou mais.

HEROS - A rendenção do mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora