Capítulo trinta e um

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Heros

— Como é a sensação de saber que a sua vida está prestes a acabar, Heros? – perguntou o delegado Arantes, em deleite com a sua suposta vitória com a minha captura, colhendo assim os louros de anos de uma caçada incansável ao chefe da máfia.

— Às vezes o fim é apenas o começo, delegado. – Continuei sorrindo, eu estava assim desde que entrei naquela van.

Já a Esmeralda não parava de me fuzilar com o olhar. Entregá-la à polícia foi a melhor vingança que eu poderia ter contra ela, perderia a juventude, beleza e todos os sonhos de ser a rainha do crime apodrecendo dia após dia pelo resto da sua vida patética.

— Acha que vai sobreviver muito tempo na prisão? Como você sabe, tem muitos criminosos inimigos seus lá, e inclusive todos os policiais que não vão muito com a sua cara.

— Na verdade, Delegado Arantes, o que eu acho –cocei o queixo e o fitei nos olhos – é que, se eu fosse você, colocava o cinto de segurança – aconselhei de boa vontade.

Foi ali que a ficha do delegado caiu, aquilo não tinha acabado ainda. Na verdade, para o azar dele, estava apenas começando. Ele teve certeza disso quando olhou para mim e percebeu que a primeira coisa que fiz quando me jogaram dentro da van foi me sentar no banco próximo à porta e coloquei o meu cinto mesmo com as mãos algemadas. Minha irmã fez o mesmo, ela conhecia bem os irmãos malucos que tinha.

— Cacete! – O delegado tentou colocar o cinto dele também, mas não deu tempo de fechar a trava antes da van ser atingida com tudo.

Foi tudo muito rápido, a força do impacto foi grande, tanto que o veículo capotou várias vezes e foi arrastando de cabeça para baixo no asfalto por vários metros. Quando enfim parou, eu estava de ponta-cabeça sentindo dor por toda parte e vendo tudo rodando. Quando Blade e eu planejamos aquela parte do plano, nós dois tínhamos ciência de que seria uma tacada muito arriscada e todos ali dentro do carro poderiam morrer na hora. Mas, por algum milagre, não morri, só machuquei um pouco o ombro e tive várias escoriações pelo corpo.

— Atenção, central, estamos sendo atacados por um exército de homens cabeludos tatuados, por favor, enviem reforço logo. Eles são muitos, estão brotando de toda parte. – Ouvi o motorista falar pelo rádio com a voz fraca, uma troca de tiros começou lá fora.

— Opa! A minha cavalaria chegou. – Eu ri sentindo uma dor do caralho, deveria ter quebrado pelo menos umas três costelas.

— Aposto que isso foi ideia do retardado do Blade. – Gemeu Esmeralda toda torta no banco, uma de suas pernas estava bastante machucada, mas estava viva também e com a língua bem afiada.

Já o delegado Arantes foi parar no teto da van, ele estava atordoado resmungando alguma coisa, nem conseguia manter os olhos abertos por mais de alguns segundos. Tinha um corte profundo na lateral do rosto que deixaria uma cicatriz horrível, isso se o cara sobrevivesse. Se o delegado todo certinho me odiava antes, agora que usei os seus homens para salvar a minha pele e capturar a minha irmã e, de quebra, ainda quase o matei, com certeza me tornei o seu pior inimigo em todo o universo.

— Nós vamos te tirar daí, Heros – meu irmão gritou lá de fora, fiquei feliz em ouvir a voz dele, um segundo depois a porta já era em uma explosão.

— Tudo bem aí, chefe? – perguntou Pablo sorrindo ao lado do Blade com suas armas em punho.

Junto com eles tinha de fato um exército inteiro do Cartel del Diablo, era até bonito de se ver todo o meu bando em ação novamente em prol do meu resgate. Eles não me perdoariam nunca se os deixasse de fora dessa, mesmo que fosse para fazer a entrada triunfal nos minutos finais do segundo tempo.

HEROS - A rendenção do mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora