7

266 29 21
                                    


Alfonso


Eu estaria mentindo se dissesse que as últimas mensagens que Anahí e eu trocamos não mexeram comigo. Desde aquele primeiro dia em que nos encontramos, o incrível dia do quase-beijo e do tornozelo torcido do meu filho, ela não saía do meu pensamento. Era como se todos aqueles sentimentos guardados durante tantos anos há sete chaves de repente tivessem sido libertados.

Dani e Nico levantaram cedo como de costume, pouco depois das sete, o horário em que geralmente eles se arrumam para a escola ou como nos últimos dias, para o acampamento. Eu os banhei e vesti, e logo em seguida chegou Dona Soledad, a senhora que me ajudava a tomar conta deles. Enquanto Dona Sole ajudava os meninos a arrumarem uma mochila com brinquedos e mudas de roupa, eu cuidei de juntar todas as ferragens e ferramentas que pudessem ser úteis dentro de uma bolsa de lona. Em menos de quinze minutos entramos no meu carro e saímos rumo ao bairro vizinho onde Anahí morava.

Digitei o código que Anahí me passara no interfone da entrada e a enorme porta de madeira maciça se abriu para o elegante saguão de piso de mármore, paredes cor de creme e enorme escadaria em ferro e madeira. Daniel correu em direção ao elevador.

"Hoje tá funcionando, pai!" Ele exclamou animado.

Era um elevador antigo de ferro e vidro pintado de verde escuro. Em letras douradas vintage lia-se Ascensor e é claro que não perderíamos a oportunidade de pular quatro lances de escada para chegar logo ao apartamento oito.

"Será que a tia Annie já sabe que tá funcionando?" Daniel perguntou curioso.

"Não sei filho, ela não comentou nada..."

"Eu trouxe meu jogo do Mario pra mostrar pro Manu," Dani emendou, mudando de assunto, "e o mano trouxe o robô de dinossauro pra mostrar ao Emi."

"Vocês tão bem amigos, né filho?" Perguntei ao Nico, que como de costume era mais calado.

"Aham." Nico confirmou com um sorriso tímido. Hoje ele estava usando os óculos de grau dele, já que não havia risco de perder como no acampamento. Os óculos azuis ficavam uma graça no rosto dele, e não era porque Nico era meu filho, mas ele era um menino lindo.

O elevador parou no andar da Anahí e assim que as portas se abriram os meninos saíram em disparada, Dona Soledad logo atrás ralhando de leve com eles para irem devagar.

Daniel apertou a campainha, se lembrando direitinho da porta e em poucos segundos a porta se abriu, revelando o raio de sol em forma de mulher que era Anahí Puente. Nossos olhos se encontraram de imediato e eu juro que senti uma descarga elétrica percorrer meu corpo. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, meus filhos a cumprimentaram com beijinhos na bochecha e abraços.

"É pra tirar os sapatos, tia?" Dani perguntou.

"É melhor, amor, assim vocês brincam mais à vontade. Deixa aí no cantinho ao lado da porta..."

"Anahí, essa é a Soledad, que me ajuda com os meninos. Dona Sole, essa é a Anahí, minha amiga que eu te falei..."

"Mucho gusto, señora!" Dona Soledad cumprimentou com um enorme sorriso.

"Bem-vinda à nossa bagunça, e nem pense em me chamar de senhora, Deus me livre. Anahí ou Annie tá bom."

"Nesse caso, pra você sou Sole. Os meninos me chamam até de Solecito..." Ela falou com um olhar carinhoso, passando a mão nos cabelos do Nico. "Sabe que eu cuidei do Alfonso e dos irmãos dele quando eram pequenos? E agora estou cuidando dos meninos dele... São como meus netinhos do coração."

Andar ConmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora