Madrid, 25 de junho de 2024 (Terça-feira)
Anahí
"Meu filho, meias e sapatos, pelo amor de Deus, a gente tá atrasado!"
Do canto do olho, vi Manuel correr para dentro do quarto que ele dividia com Emiliano em busca dos tênis esportivos. Hoje os meninos teriam trilha na mata na colônia e ele estava muito ansioso. Daniel finalmente tirara a bota ortopédica na tarde anterior e estava liberado para participar.
Emi estava sentadinho à mesa do café da manhã com Fernanda, minha nova ajudante, se deleitando com o pão com nutella.
Senti o celular vibrar no bolso da minha calça jeans e não pude evitar o sorriso bobo que surgiu em minha face. Virei de costas para que eles não percebessem.
Buenos días, mi güera! Vai até a sacada da sala.
Fui até a sala de estar, aliviada por estar vazia e abri a porta francesa. Lá estava Alfonso, acenando pra mim da calçada. Ele estava lindo, com um elegante traje preto e a barba aparada, do jeito que me deixava maluca.
AH: Vou subir.
AP: Poncho, eles vão desconfiar.
AH: Eu não vou tocar a campainha. Vem para o corredor, só quero te dar um beijo.
Tranquei as portas para a varanda e corri até o meu quarto. Eu ainda estava com o meu pijama surrado e os cabelos desgrenhados. A porta do meu quarto bateu com força atrás de mim e aquele pequeno susto aliado à ansiedade faziam meu coração disparar. Me despi em tempo recorde e coloquei um simples vestido de verão azul claro e umas rasteirinhas de couro no pé. Soltei meus cabelos do coque bagunçado e diante do espelho da suíte, tentei alisá-los um pouco. Escovei os dentes em menos de um minuto e quando dei por mim meu celular vibrou novamente sobre a bancada do banheiro.
Saí do quarto com a maior discrição possível. Fernanda estava com os meninos no quarto, os ajudando a escovar os dentes e nenhum sinal da minha sobrinha.
Respirei fundo e quase corri até a porta da frente com cuidado para não ser vista.
Lá estava Poncho sorrindo pra mim com um pacotinho de peônias cor-de-rosa em mãos.
"Flores?" Perguntei surpresa, retribuindo o sorriso. Poncho fez que ia me agarrar pela cintura mas eu o contive com uma mão no peito, tendo o cuidado de fechar a porta atrás de mim. "Sshh, Poncho! As crianças podem nos ouvir." Sussurrei em advertência.
Alfonso revirou os olhos verdes pra mim e quando finalmente a porta estava devidamente fechada e não havia nem sinal dos vizinhos ele tomou meu queixo delicadamente e plantou um beijo em meus lábios.
"Vim te desejar um bom dia—senti falta de acordar com você..."
Senti as borboletas se alvoroçaram em meu estômago. A vontade de agarrá-lo ali mesmo era enorme, mas me contive.
"Tá muito meloso, Alfonso—você não é do tipo romântico... O que foi? Algum bicho te mordeu?" Eu retruquei, recebendo as flores que eu tanto amava.
"Eu não sou romântico mas você é, Annie, e eu quero te fazer feliz. Só isso." Ele me respondeu, acariciando minha bochecha com um dedo antes de deslizar uma mecha loira atrás da minha orelha.
"MAMÃE!" Escutei a voz escandalosa do meu filho caçula me procurando do outro lado da porta.
Arregalei os olhos e empurrei Poncho para atrás de uma pilastra, talvez com força demais. Ele riu baixinho, o canto dos olhos se engilhando naquele jeito charmoso que me deixava de pernas bambas.

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Andar Conmigo
RomanceQuando termina a turnê Soy Rebelde, Anahí Puente se sente pronta para reassumir as rédeas de sua vida e sair da aposentadoria de vez. Divorciada do marido almofadinha, Annie aceita um papel principal numa série da Netflix e embarca para Madrid onde...