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Madrid, mesmo dia

Alfonso


"E aí, filhão, tá gostoso?" Perguntei ao Dani, passando os dedos pelos cabelo escuros dele.

As crianças e a Annie estavam todas em volta da mesa tomando café da manhã e degustando as panquecas caseiras que preparei.

"Tá super, pai!" Dani respondeu de boca cheia, me lançando um sorrisinho envergonhado ao perceber o que tinha feito.

"Tio Poncho, eu vou querer panquecas todos os dias!" Emi comentou, já indo para a número três. Do canto do olho vi Anahí balançar a cabeça e revirar os olhos, um sorriso discreto no rosto.

"Acho que todos os dias faz perder a graça, não?" Perguntei ao loirinho gorducho, apertando a bochecha dele.

Senti meu celular começar a vibrar de dentro do bolso da minha calça jeans e logo o som do toque invadiu a cozinha. Annie me olhou curiosa, com uma pergunta no olhar.

Olhei para a tela e vi o nome da minha ex. Imediatamente suspirei e só de fazer isso sei que Anahí deve ter deduzido.

Diana? Ela movimentou os lábios sem emitir som. Ascenti.

"Vou ali atender e já volto..." Anunciei, entrando no quarto e fechando a porta para não correr o risco dos meninos ouvirem.

Era pouco mais de oito aqui em Madrid, o que significava que no México ainda era madrugada—o que me dizia que a ligação não seria nada boa.

"Bueno?" Falei, finalmente atendendo ao último toque.

"Então você conseguiu o que sempre quis, não é, Alfonso?" Ela falou de maneira ríspida ao telefone. "Você não esperou nem a tinta da assinatura dela nos papéis de divórcio secarem para dar seu bote. Enhorabuena, meu caro, parabéns!"

"Olha, Diana, você é mãe dos meus filhos, eu te respeito, mas você não tem o direito de fazer insinuações relacionadas à minha vida amorosa ou querer tirar satisfação—"

Antes que eu pudesse continuar escutei Diana soltar uma gargalhada sonora, daquelas tão falsas, mas tão falsas que incomodavam os ouvidos.

"Que isso, Poncho, liguei pra te dar os parabéns por finalmente ter conquistado a mulher com a qual você sempre sonhou! Que pena que não foi há oito ou nove anos atrás, antes de você meter dois filhos dentro de mim e fuder com a minha vida!"

Aquelas palavras dela me fizeram estremecer de ódio. Minha mão apertou ainda mais o telefone e eu tive que usar todo o autocontrole que eu tinha disponível para não dizer umas poucas e boas a ela.

"Olha, Diana, se os dois filhos são tamanho estorvos em sua vida como você pinta, deixa eu facilitar para o seu lado então—me dá a guarda deles que assim você fica livre. Aí você tira algumas semaninhas de férias com eles a cada ano para amenizar seu sentimento de culpa... Não é isso que você disse pra mim uns anos atrás quando nos divorciamos? Agora digo pra você!"

"HA! Pra quê, pra você brincar de casinha com essa perua plastificada que você chama de namorada? O Daniel e o Nico são meus filhos, Alfonso, eu os coloquei no mundo! Eu que sacrifiquei tudo por eles e por você também! Não tenho raiva dos meus filhos, mas sim de você!"

"Olha, eu não aceito que você fale assim da minha mulher e eu exijo respeito com ela e comigo. Me ligue quando estiver mais calma."

Eu estava prestes a desligar quando ouvi Diana respirar fundo do outro lado da linha.

Andar ConmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora